
Havia medo na véspera de um confronto com o Pelotas. Temores compreensíveis, é bom dizer. O quadro áureo-cerúleo, além de ser campeão gaúcho e o quinto clube do estado com maior número de participações na primeira divisão, tem uma churrascaria ao lado do seu estádio. Sua. O Riograndense tem um quartel. Alheio. As diferenças COMEÇAM POR AÍ. Se na camiseta o patrocínio de uma CERTA loja de DISCOS é comum, os valores de cada investimento diferem substancialmente: pelo que CONSTA, o Pelotas recebe TRÊS vezes mais que o Periquito da MESMA empresa.
Os calafrios prosseguiriam na análise da escalação. O ataque pelotense é quase GALÁTICO. Não são nem cinco, no planeta, os clubes que podem contar com um centroavante como Sandro Sotilli. O Pelotas conta. Além dele, ainda há Tiago Duarte e o veterano Dauri. O Riograndense compensa com a GALHARDIA de seus ofensivos, mas, pura e simplesmente em relação aos nomes, a superioridade dos da Zona Sul é LÍMPIDA. As diferenças estão presentes também no DISCURSO. Para a direção do Pelotas, a Segundona é pequena demais para o clube. No Riograndense, a campanha deste ano é, senão surpreendente, LEVEMENTE superior aos CÁLCULOS previstos.

O primeiro golpe NIVELADOR ocorreu em uma gelada quinta-feira de julho. Pelotas e Riograndense duelavam pelo quadrangular semi-final, em Pelotas. Os pelotenses estavam em situação DESCONFORTÁVEL na tabela. O time vinha de uma derrota para o PANAMBI, e a torcida recepcionou os atletas com notória desconfiança. Realidade distinta vivia o Periquito, que há poucos dias havia triunfado em Farroupilha, diante do Brasil. Pois bem. Para começo de conversa, não houve separação de torcidas. Impossível precisar quantos santamarienses presenciaram o fantástico duelo. Estávamos CAMUFLADOS no meio da massa que trajava azul e amarelo. Para piorar, um pelotense RIU quando notou que BONALDI, “aquele tosco”, era o zagueiro e capitão do rubro-esmeralda. Aquilo não poderia acabar bem. Para eles.

Na semana seguinte, em Santa Maria, um desastroso 4-1 a favor do Lobão pareceu recolocar o MUNDO no eixo. Mas bastou assistir ao encontro com uma atenção suficientemente IMPARCIAL (?) para notar que três gols de diferença foi um exagero dos BRUTOS. O patrão dos Eucaliptos se preocupou mais com a arbitragem de Francisco Neto do que com os delanteros do rival, e a expulsão de Rangel acabou por enterrar as possibilidades de reação. Finda a terceira fase, Riograndense e Pelotas classificaram-se para o quadrangular final – em que duelaram na última quinta-feira.
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Não houve instante propício para respiração nos dez minutos iniciais da partida. Desafiando a tradicional HIERARQUIA gaúcha, os ferroviários resolveram que acabariam com aquela agonia de uma vez. Miro Balboa logo deixou os domínios defensivos para uma AVENTURA na banda direita. O primeiro cruzamento, aos quatro minutos, acertou o braço do adversário – e o penal foi imediatamente APITADO por Márcio Chagas da Silva. Luís Fernando, um homem que pôde vencer o Boca Juniors na Bombonera com a jaqueta do Paysandu, cobrou no canto direito do arco e decretou o ansiado 1-0.

Apenas aos 41 minutos da segunda etapa de um jogo em que o Pelotas não se mostrou exatamente AGRESSIVO, Tiago Duarte, o melhor dos que vestiam amarelo em campo, venceu Douglas com um convincente canhotaço. A situação quase ENFEIOU quando uma placa tratou de avisar o tempo de acréscimos: assustadores CINCO minutos. A defesa local soube como ADMINISTRAR a situação PERIGOSA, e os primeiros pontos no quadrangular já estavam garantidos. Em três encontros com o mais PODEROSO dos clubes da Segundona, o Riograndense venceu dois. O problema é que não se trata de GARANTIA. Além do Pelotas, Cerâmica e Porto Alegre COBIÇAM as vagas com fervoroso entusiasmo. Afinal, ninguém chega ao quadrangular para ENTREGAR AS PONTAS.

Fotos 1, 5 e 6 de Iuri Müller, e 2, 3 e 4 de Maurício Brum.
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