quinta-feira, 25 de junho de 2009

Um café para sobreviver aos palpites furados

A Segundona Gaúcha está FATIADA em duas classificações de times no momento. Os que brigam para subir e o RESTO. O resto é valoroso, corre muito por fora e talvez vá surpreender. Os que brigam para subir de verdade não são mais que três: o Pelotas, o Glória de Vacaria e o Riograndense de Santa Maria – MISTERIOSAMENTE os líderes de suas respectivas chaves na segunda fase do certame. Isso, ao menos, era o que eu defendia até ontem.

DESFIANDO comentários prévios sobre o confronto do Riograndense contra um Três Passos que vem encantando nesta etapa do campeonato, eu afirmava que não poderia ser um jogo tão difícil. Certo, na quarta-feira de tarde o TAC horrorizaria os Eucaliptos e causaria algum BURBÚRIO, mas ao cabo dos noventa minutos só restaria uma vitória dos santa-marienses. Ora, o Riograndense está enamorado com os resultados. Sua fase é tão acalentadora que o time foi a Bagé no domingo e bateu o jalde-negro de lá com direito a gol da vitória marcado por BONALDI aos 90+7 minutos.

Já o Três Passos, apesar de vir numa CARRERA boa a fazer uma segunda fase que poucos otimistas projetariam, tinha como seu último jogo fora de casa uma derrota por 4 a 0 contra o São Paulo. Na semana seguinte dera o troco no time de Rio Grande, realmente, fazendo 3 a 1 no Luiz de Medeiros – seus dois últimos gols marcados por Daltro, que, após a partida, confirmou estar dando ADIÓS à equipe para voltar a trabalhar no BANCO DO BRASIL –, mas passar de time-da-campanha-surpreendente para time-capaz-de-bater-um-dos-mais-fortes-como-visitante parecia exigir mais.

Enfim, fui ingênuo ao assinalar mais uma vitória na TABELA DE FUTUROS do Riograndense. Não tanto pelo TAC, mas pelo meu próprio poder de errar previsões: como revelei egocentricamente após um confronto que, por coincidência, também envolvia Riograndense e Três Passos, o UNIVERSO teima em contradizer qualquer predição futebolística que eu faça.

O jogo de ontem, contudo, nós não vimos. A reportagem do Futebesteirol trocou a cancha por um INTRINCADO debate sobre SOCIOLOGIA DA COMUNICAÇÃO no Café Prefácio, que se estendeu por toda a tarde e roubou de nós os melhores anos de nossas vidas a chance de presenciar um partidaço. Da parte do Iuri, privou-lhe do cumprimento da PROMESSA de que, um dia, faria uma análise detalhada do que joga a equipe de Três Passos.

Banhando as ENTRANHAS com cafeína e estufando-as um pouco mais com exóticos sanduíches de RÚCULA com tomates secos, restringíamo-nos a ouvir o PRÉLIO num radinho providencialmente carregado no bolso. Em verdade, ligamos o místico aparelho captador de ondas apenas duas vezes. Na primeira, o narrador ainda gritava o gol de Vainer, fazendo 1 a 0 para o Riograndense de pênalti. Na segunda, muito mais tarde, falava-se, incompreensivelmente, que o time de Santa Maria jogava a “buscar pelo menos um empate”.

Durante o grande BLECAUTE DE IONIZAÇÃO em que ficamos sem receber notícias, gols EXCESSIVOS botaram os três-passenses na condição de sustentar uma vantagem de 2 a 3. O TAC manteve a vitória, apesar de os locais ainda terem um gol anulado no fim. Foi a primeira derrota do Riograndense dentro dos Eucaliptos na temporada, quebrou-se a sua série invicta de 12 partidas no campeonato e foi, também, a primeira vez que o time caiu em casa pela Segundona desde 1º de junho de 2008 (daquela vez, 1 a 2 contra o São Paulo de Rio Grande).

Para a classificação foi menos significativo. Os capitaneados por Bonaldi estavam tão bem que, mesmo perdendo, continuam líderes com boa vantagem, e só serão eliminados em caso de AMEAÇAS NUCLEARES pedindo sua saída do campeonato. Valeu, isso sim, para o Três Passos praticamente confirmar-se entre os oito participantes dos quadrangulares semifinais da Segundona. Para mim, uma zombaria do futebol que resultou mais decepcionante do que aguentar Douglas Kellner tecendo teorias conspiratórias em relação às produções culturais da mídia.

À noite, outro golpe duro: em plena Boca do Lobo, o Pelotas conheceria o encerramento da sua sequência de 18 rodadas sem derrota, levando 1 a 2. De quem? Do Porto Alegre. Logo do Porto Alegre, cuja eliminação cantei duas semanas atrás, depois de uma derrota contra o próprio quadro pelotense. Pois o time do Lami mostrou que limites podem ser estendidos, colocou-se praticamente dentro da terceira fase da peleia e ainda DESTRUIU a conclusão daquele meu texto.

O que é profundamente lamentável. Tendo meros parágrafos desmentidos, estamos a léguas de distância de algo como o Diário Marca. Por lá, se não for uma manchete inteira a fracassar, é melhor nem aparecer na redação. Acostumado a anunciar contratações que nunca se concretizam (ou viram realidade só DOIS ANOS DEPOIS, no que o jornal gosta de definir como um FURO que antecipou o fato há duas temporadas), o periódico madrilenho supera-se a cada dia nessa sina palpiteira. Terça-feira última, comentou os preparativos para o Espanha versus Estados Unidos usando um título que ironizava Barack Obama: “NO, THEY CAN’T”. No dia seguinte, os estadunidenses fizeram 2 a 0. Não apenas puderam eliminar os espanhóis, como esfarelaram a invencibilidade histórica de 35 combates que estes carregavam. Boa, Marca! Com doses paquidérmicas de café, ainda chegaremos lá.

* * *

Sétima rodada da Segunda Fase na Segundona Gaúcha:

CHAVE 4

Rio Pardo 1-0 Bagé
Riograndense de Santa Maria 2-3 Três Passos
São Paulo de Rio Grande 2-0 Cruzeiro de Porto Alegre

1º Riograndense – 16
2º Três Passos – 13
3º Rio Pardo – 9
4º São Paulo – 8
5º Bagé – 7 (saldo -1)
6º Cruzeiro – 7 (saldo -3)

CHAVE 5

Pelotas 1-2 Porto Alegre
Santo Ângelo 2-1 Cerâmica
Guarany de Bagé 3-0 Lajeadense

1º Pelotas – 16
2º Porto Alegre – 14
3º Cerâmica – 11
4º Guarany – 8
5º Santo Ângelo – 6
6º Lajeadense – 4

CHAVE 6

Glória 4-0 Rio Grande
Flamengo de Alegrete 2-1 Panambi
Aimoré 2-0 Brasil de Farroupilha

1º Glória – 17
2º Aimoré – 13
3º Brasil – 10
4º Panambi – 9
5º Flamengo – 5
6º Rio Grande – 3

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