segunda-feira, 25 de maio de 2009

Um balão, mais uma vez

Restam doze pontos na acirrada disputa do Clausura da Argentina. Quatro jogos. E quatro quadros - nenhum deles entre os ditos cinco grandes - seguem em busca do troféu. O torneio foi cruel com os mais tradicionais. O River, entristecido e envergonhado com o fiasco monumental que ousou protagonizar na Copa Libertadores, transferiu a decadência também para o campeonato nacional, em que perdeu claras oportunidades de brigar de verdade pelo título. O Boca, que escancaradamente priorizou a competição continental no primeiro semestre, viu o seu MUNDO RUIR após a sofrida eliminação na Libertadores. A campanha xeneize no Clausura lembra a do grande rival no ano em que esse segurou a vergonhosa lanterna. Carlos Ischia deve seguir no comando técnico do Boca somente até junho.

Com Diego Simeone na casamata, o San Lorenzo esboçou alguma vontade de lutar por coisas grandes no certame, mas o entusiasmo foi apenas fugaz. Derrotado em casa para o Newell's na última rodada, o Ciclón, que também entrou em crise por causa do fraco desempenho na Libertadores, encontra-se perdido no meio da tabela, em uma sonolenta décima terceira colocação. Racing e Independiente exibem ânimos opostos. La Academia, inspirada pela dedicação de Caruso Lombardi, demonstrou um onze brigador e melhorou o seu aproveitamento, essencial na infeliz rotina de brigar para não cair. Sobre El Diablo, os números como visitante esclarecem o quanto o quadro é medíocre: em sete partidas longe de casa (que nem é sua, pois joga na cancha do Huracán) o Independiente somou apenas um ponto, e há poucos dias levou 5-1 dos reservas do Estudiantes de La Plata como local.

A inoperância dos grandes, que geralmente ingressam como favoritos (verdade que enfraquece ano após ano), possibilitou uma destemida carrera de clubes que anteriormente limitvam-se a apenas coadjuvantes. O Vélez Sarsfield, vice-líder, iniciou amontoando empates, ajeitou o time e, impulsionado pelos infindos gols do centroavante uruguaio HERNÁN RODRIGO LÓPEZ, chega no fim de maio com chances concretas de sair campeão. Como ocorreu com os do Fortín de Liniers, nenhuma alma que quisesse parecer entendida do assunto apostou no Colón de Santa Fé. El Sabalero, quarto colocado a seis pontos do líder, manteve uma campanha consistente no CEMITÉRIO DE ELEFANTES, vulgo seu estádio, e decide, na última rodada, diante do Boca.

Terceiro colocado, mas apenas duas unidades atrás do líder Lanús, o Huracán merece um parágrafo inteiro para a sua saga. Atravessando tempestades na segunda divisão e atuando sob TEMPO INSTÁVEL quando voltou à elite, o clube de Parque Patricios ignorou as cerimônias e revolucionou o seu futebol em 2009. Praticando um futebol que em terras orientais seria rapidamente taxado de TIKI-TIKI e que no Brasil receberia a doce alcunha de "o-verdadeiro-jogo-bonito", El Globo motivou sua torcida como há tempos não se via. Para ser mais preciso, trinta e seis anos. Desde o Metropolitano de 1973, a últma conquista nacional de grande nível, o Huracán não peleia com tanta LEGITIMIDADE por um campeonato. Mais do que jogar bonito, os orientados pelo técnico Angel Cappa atuam com inteligência. Quanto atacam, se aproveitam da habilidade de Javier Pastore (foto) e Matías Defederico, ambos com menos de vinte anos e donos de uns sete pulmões cada. O 4-0 no River Plate foi a exemplificação perfeita do sistema de jogo: seriedade na defesa e MÁGICA no ataque.

A trajetória do furacão é tão apaixonante que apenas um parágrafo NÃO DÁ CONTA de tudo o que é necessário escrever sobre o time. Na próxima rodada, um outro fator - indispensável nos títulos memoráveis - rondará a existência do Huracán: a CONSPIRAÇÃO. Sem o que fazer no campeonato e na ausência de algo melhor para disputar, o San Lorenzo, seu inimigo de todos os dias, encarará o Lanús na próxima rodada. Logo o grande adversário do clube dos balões na briga pelo Clausura. Alguns torcedores não titubearam: clamam para que El Cuervo entregue a partida e que se foda a honra e o espírito esportivo. De preferência por goleada e com muitos expulsos, para avacalhar de vez. E o sensacional calendário argentino ainda oferece outro jogo mítico, uma semana após o confronto conspiratório. No dia 13 de junho, San Lorenzo e Huracán encontram-se no segundo maior derby de Buenos Aires - e, dependendo do resultado anterior, o jogo poderá contar com perversos desejos de vingança.

Já que o Huracán rendeu exagerados dois parágrafos, dedicarei quase meio ao Lanús, o puntero do Clausura da Argentina. É que não há novidade. O time grená vence em casa, grita gols do atacante Sand e credencia-se, lá pela metade do campeonato, a ser o campeão. No Apertura de 2007 deu certo e o Granate festejou a conquista de uma primeira divisão pela primeira vez. A ascenção do clube também torna-se nítida ao notar a frequência com que o Lanús participa das copas continentais, mesmo devendo nessas uma grande campanha. Na FORTALEZA, pela penúltima rodada, o Lanús enfrentará o Vélez Sarfield. Final de campeonato? Desde que granates e fortineros sigam com a mesma eficiência. E que alguém detenha o Huracán pelo caminho.

Um comentário:

Futebol Alternativo disse...

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