“Alvirrubro guerreiro”

IJUHY – Dois anos atrás o São Luiz vivia brigando pra não cair e sequer tinha um site oficial. As RELAÇÕES PÚBLICAS do clube na internet ficavam a cargo de sites de rádios locais (porque os jornais ijuienses nunca foram grande coisa fora do PAPEL IMPRESSO) e suas notas um pouco sem graça, ou então (e sem qualquer MODÉSTIA) em vídeos e textos pouco concorridos feitos por este que vos digita. O trabalho elogiável da direção deixou o São Luiz, hoje, com campanhas mais dignas, um site e, depois desta noite, dois novos símbolos: um MASCOTE e um HINO.

Até os CÉUS contribuíram para dar o sopro épico que os momentos históricos merecem. A noite foi de chuva sobre as colinas ijuienses e vento frio estremecendo as TROPAS DE OSSOS locais. No Grupo de Arte Nativa Cabo Toco de Ijuí, a ausência dos ruídos típicos duma tarde de futebol foi minimizada pelo aparecimento das velhas caras tão vistas no 19 de Outubro. Praticamente um estádio lotado, o centro nativista, porém menos SELVAGEM, já que sem adversários por destruir. Todos aguardando apresentações de coisas tão intrínsecas à existência de um clube que RIBOMBAVA dolorosamente nos nossos ouvidos cada vez que ouvíamos que, não, o São Luiz de 71 anos ainda não as tinha.

Um mascote e um hino, ora. O primeiro foi escolhido por populares em votação feita naquela grande novidade tecnológica criada no ano passado, o SITE. Amplamente ALIENADO, sem saber da existência da eleição (e dos hipotéticos mascotes), soltei palpites na tarde de hoje dizendo que o bicho deveria ser uma ABELHA – Ijuí, afinal, leva a alcunha de “Colmeia do Trabalho”. Desde que não fosse MEIGO DEMAIS, estaria valendo. E foi quase uma abelha, porém bem mais FEROZ. Desenhado por Leonardo Franke, o ZANGÃO COM CARA DE MAU, sem asas e pronto para a briga, abocanhou mais de 60% dos cerca de 6 mil votos contabilizados e derrotou tranquilamente os três outros concorrentes para virar representação são-luizense a partir de hoje.

Embora apresentado oficialmente depois da janta, o mascote, estampado num cartaz, era visível desde o princípio por qualquer um que se materializasse no interior do Cabo Toco. O hino sim precisou esperar o FASTIO do povo para ser mostrado. Que jantassem, derrotassem montanhas de alface, mandioca e carne, e depois ouvissem. Sem PREPARAÇÕES TÁTICAS ou ordens prévias de quais mesas se serviriam primeiro, os ijuienses lançaram-se AFAIMADOS para as filas. O cearense Torres (foto), do time júnior do São Luiz, que foi eliminado do estadual da categoria no final de semana passado, desempenhava na ponta de um dos buffets uma função SEMELHANTE à que exerce em campo: acostumado a guardar bolas nas redes como centroavante, hoje metia numa urna os ingressos dos torcedores.

Preenchidos os imensos vazios dos estômagos dos aficionados, veio a primeira execução pública do hino do clube, ao qual os autores Carlos Alberto Litti Dahmer e Antônio Olesiak deram o nome de GLORIOSO SÃO LUIZ. Em pé, os presentes deslumbraram-se com os versos ainda desconhecidos:

O futebol une a nossa gente
Sempre na mesma emoção
Glorioso São Luiz
Clube do meu coração
Ijuí, terra das etnias
De um povo bravo e forte
Sempre lutando com raça
Pelo bem do nosso esporte

Avante, São Luiz, avante
Alvirrubro guerreiro
A nossa torcida inflama
Este Rio Grande inteiro

A terra vermelha matiza
Na cor do teu belo brasão
E a valentia do nosso povo
Contagia o teu pavilhão
Nas águas divinas do Ijuí
Batizo a minha esperança
De te ver glorioso São Luiz
Trilhando vitória e pujança

Avante, São Luiz, avante
Alvirrubro guerreiro
A nossa torcida inflama
Este Rio Grande inteiro

Será com esse novo cântico, empurrado como “alvirrubro guerreiro”, que o Zangão (popularizemos logo) TRITURARÁ seus oponentes na Baixada a partir do Gauchão 2010. Depois jogará seus corpos nas águas divinas do Ijuí.