O Nacional uruguaio costuma utilizar o caldeirão do Parque Central mesmo na Copa Libertadores. Pequeno e com as arquibancadas muito próximas do gramado, o estádio historicamente serviu de recurso para o tricolor vencer as suas partidas NO GRITO. O jogo desta noite, porém, merecia um tratamento especial. Na partida mais aguardada da Libertadores até aqui, Nacional e River Plate duelararam pelo Grupo 3 no Estádio Centenário, com cerca de cinquenta e cinco mil ingressos vendidos.
O grande estádio de Montevidéu teve suas quatro tribunas rapidamente ocupadas pelos uruguaios. Inclusive um dos taludes - a arquibancada mais próxima do gramado onde o torcedor tradicionalmente fica em pé, como a antiga coréia do Beira-Rio, por exemplo - encontrava-se inteiramente lotado. As duas vitórias em sequência pela Copa e o título do Apertura inflamaram furiosamente os torcedores do Nacional para o confronto copero desta quinta-feira.
Gerardo Pelusso esperou os argentinos de Nuñez com um envolvente esquema 3-5-2 que liberava para o apoio dois de seus melhores atletas: Federico Domínguez, de força física e bom cruzamento pela esquerda e Alvaro Fernandéz, que viria a ser o grande nome da partida, veloz e objetivo pela banda direita. Foi de "Flaco" Fernandéz o primeiro tento da noite, nos últimos minutos de uma primeira etapa de muito suor e marcação. Após um centro despretencioso originado da direita, o centroavante "Cacique" Medina aparou a pelota no pé direito de Alvaro, que viu seu chute encontrar a trave antes de morrer nos cordões.
O gol saiu de uma das raríssimas aparições ofensivas de um primeiro tempo em que Nicolás Lodeiro, Alvaro Fernandez e o central Victorino destacaram-se no lado dos locais, enquanto Buananotte, o jogador mais promissor do River, esquentava o banco de suplentes argentino. Nestor "Pipo" Gorosito, treinador do River, precisou ousar para buscar o empate nos minutos complementares. Sambueza, ex-Flamengo, e Marcelo Gallardo (substituído depois por Buananotte) aproximaram-se de Falcão e de "Ogro" Fabianni na tentativa de igualar o placar.
Suportada a pressão inicial dos visitantes, o Nacional voltou à iniciativa anterior de futebol, combatendo com inteligente marcação no meio-campo e criando situações de ataque a partir dos laterais que municiavam Mondaini e Medina. E foi Medina que anotou o segundo gol após o arqueiro Barbosa falhar tristemente no arremate de pé esquerdo de Lodeiro. O centroavante empurrou tudo para dentro da meta millionária e tranquilizou a situação do Nacional na partida, que já flertava concretamente com os 100% de aproveitamento nas três primeiras rodadas.
O 2-0 adocicou a agradável noite uruguaia (o TERMÔMETRO do Windows Vista apontava 19°) e proporcionou alguns instantes de luxo para o sofrido futebol oriental. Ouvindo cinquenta e tantas mil delirantes vozes, o dito decano do Uruguai manejava a pelota com autoridade diante de um River Plate mais rico e bem vestido, mas que dentro da cancha não passava de um Juventud de Las Piedras com certa grife. Momentos assim fazem valer a pena a peleia de cada fim de semana nos esburacados campos da Capital, deve ter pensado o Pelusso. Maurício Victorino, zagueiro de grande nível, ainda guardou o terceiro e último em perfeita cobrança de falta, aos cinquenta do segundo tempo - segundos depois de uma pequena confusão em que Santiago García viu a tarjeta roja.
Nove pontos conquistados em nove disputados, oito gols a favor e apenas um recolhido na meta, liderança do Grupo 3 e uma vaga quase assegurada nas oitavas-de-final da Copa Libertadores: o início de ano para o Club Nacional de Fútbol é surpreendente não apenas pela pontuação talvez impensável antes do início da competição, mas pelo futebol consistente que o quadro voltou a apresentar hoje, em um Estádio Centenário que pareceu voltar no tempo ao apreciar uma grande noche copera.
Foto: El País.
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