quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O time sem ataque

É o risco que se corre, ultimamente. Vestir a camisa vermelha do São Luiz e ser confundido com torcedor do time adversário quando visto de longe, caso o visitante também traje um fardamento rubro. Eu tenho uma camisa branca do São Luiz. Porque não me venderam de outra cor, porque não havia na época. Mas eu não uso a camisa branca do São Luiz. Porque o São Luiz, já disse, e está ficando desgraçadamente repetitivo, é vermelho. Fui de vermelho ao 19 de Outubro, com o fardamento do título da Segundona Gaúcha de 2005, e à distância muitos devem ter pensado que se tratava de mais um colorado que tomava a Baixada.

Sim, os colorados. Miles e miles de colorados vindos de toda a região para prestigiar seu time – como sói em jogos assim, ainda que o de ontem tenha sido o com menor público diante da dupla Gre-Nal desde o retorno do São Luiz à elite. Estava quase lotado, o 19 de Outubro. Havia os são-luizenses das cadeiras sociais, havia a Fanáticos localizada em uma das arquibancadas provisórias instaladas atrás da goleira norte, e havia a maioria visitante. Em todo o interior do Rio Grande do Sul, só em Pelotas, e talvez só mesmo no Bento Freitas, a torcida pela capital não é maioria num estádio de futebol. Não, nada de Caxias; é falácia.

Pela indignação nascida do cenário de sempre, pela presença da TV quiçá, a Fanáticos cantou mais alto e pulou de forma mais infernal que nos dias normais. O São Luiz replicaria esse entusiasmo quando Gaciba mandou o jogo correr. Começou em cima, o pálido ijuiense, com uma pegada e um ritmo bons. Era a nossa particular final de Copa do Mundo em andamento. Até os dezesseis minutos, o Internacional não passava de lenda urbana. Diziam que estava lá, porém não se via mais que escorregões como o de Nilmar, aos sete minutos. Só o São Luiz jogava. Aos doze, o placar quase foi aberto por Xaro, num arremate (muito ruim) de um cruzamento vindo da direita, que mandou a pelota no poste esquerdo de Lauro.

Os quases do São Luiz. No ano passado um pênalti perdido complicou as coisas no jogo contra o próprio Inter. O estrago de entonces não foi tão sentido porque o pálido abriu o placar depois de desperdiçar aquela chance, podendo sair de campo com um empate, mas ontem essa piedade não foi concedida pela sucessão dos fatos. Ainda pior em campo, sem Guiñazu e, principalmente, sem Alex e D’Alessandro, seus dois cobradores de falta, o Internacional foi às redes exatamente num tiro livre, na cobrança de uma infração que muitos disseram nem ter havido, e num chute errado de Andrezinho, errado a ponto de tomar um efeito inimaginável, vencer a barreira sem desvio e destruir o sólido goleiro Oliveira, pego no contrapé. Aos vinte e cinco minutos, prevaleceu o azar.

O azar dos incompetentes. Porque o São Luiz teria depois muitas e muitas e muitas chances para continuar na partida, salvar um empate e, considerada a má atuação do Inter, até vencer. Explorava na maior parte das vezes o lado direito, com Barão entrando nas costas de Marcão, que fez uma das mais patéticas apresentações já vistas no 19 de Outubro, e seguiria cercando a área visitante em longos períodos. No segundo tempo, sem Barão, sacado do time por algum motivo que nós, os sem-rádio, não conseguimos compreender – e se não foi cansaço foi erro gravíssimo do treinador – o maior volume de jogo seguiu são-luizense. Avançando o tempo, Itamar Schulle continuou efetuando alterações no sentido de se jogar ao ataque e abrir o time.

Nada conseguiu. Quem apareceu, aí, foi Oliveira. Três milagres, duas defesas dificílimas no mano a mano, aos 70 e 73 minutos, e uma saída da área espetacular para afastar com um carrinho uma bola que deixaria o atacante colorado livre, aos 80, salvaram o São Luiz de uma goleada. Não era que o pálido estivesse mal – era tão-somente a incapacidade do seu ataque estraçalhando as esperanças no outro lado do campo. Maurício, até ser substituído, de novo sob vaias furiosas, foi a lerdeza de sempre; Gabriel evitou o chute a qualquer custo e Capixaba segue vivendo dos gols marcados em 2008.

O volume do São Luiz seria digno de um empate se a linha ofensiva funcionasse. Mas não tem mérito para questionar um resultado um time sem forças para balançar as redes. Em 2007, quando brigou contra o rebaixamento até a última rodada, o São Luiz viveu um problema crônico com a defesa, uma peneira vazada 33 vezes em 16 partidas. Em 2009, com um gol anotado em três rodadas, parece que a luta contra o descenso terá causa no ataque. Ou na falta dele.

Um comentário:

Rodrigo Bender disse...

O Inter foi muito mal ontem, e assim vem sendo desde o início do Gauchão. O Andrezinho é um bom jogador na função de terceiro homem, é só lembrarmos de como jogou bem quando tinha D'Ale do seu lado na Sul-Americana. Só se salvaram ontem o Bolívar e o Maycon pq não erraram quase e o álvaro que foi bem. Ah, e não dá pra aguentar a RBS puxando o saco do Taison...