quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Mudanças inesperadas

Num tempo nem tão distante do futebol brasileiro, regulamentos eram alterados como e quando se quisesse. Caía um Grêmio para a Série B e, no ano seguinte, doze times subiam de divisão, bagunçando toda a estrutura do Campeonato por conta da força política do clube. Naquela ocasião, 1992, o formato foi mudado antes do início da segundona, garantindo facilidade aos tricolores desde cedo, mas casos de alterações durante e depois do encerramento dos campeonatos, quando desastres estavam consumados, eram práticas comuns – o Fluminense, por exemplo, só pôde ser tri-rebaixado em 1996, 1997 e 1998 (este descenso, para a Série C) porque a primeira das suas quedas “não valeu”.

O tempo de viradas de mesa, felizmente, passou aqui dentro, mas os nostálgicos podem reviver aquela época com os desmandos da Conmebol. O blog Impedimento havia publicado domingo e, hoje, a imprensa graúda começou a noticiar também que a vingativa Confederação Sul-Americana deve antecipar um projeto previsto para as próximas temporadas e anunciar, no dia 25, que dará vaga na Libertadores de 2009 ao campeão da Copa Sul-Americana 2008, como resposta aos que desprezaram o torneio. Isso quando estamos já nas semifinais. A explicação de aumentar o baixo interesse na competição não pode ser aceita: a hora de anunciar uma medida com esse objetivo seria antes do início do torneio, fazendo todas as equipes entrarem à morte, e não agora, quando restam apenas quatro participantes e exatamente quatro que em momento algum menosprezaram a taça.

Fumaça é indício de fogo e, caso o incêndio se confirme, será excelente para o Internacional, último dos brasileiros na Copa que, saindo dela com o título, ganharia uma vaga na preliminar da Libertadores para confrontar a atual campeã LDU, numa espécie de Recopa sem troféu. É uma postura desastrosa da Conmebol, que para valorizar uma competição acaba prejudicando outra, tornando os campeões de ambas iguais na chance de ingresso à principal competição do continente no ano seguinte. Será patético ter numa fase de grupos da Libertadores o time vindo da segunda divisão da América e não o defensor do título. Mas a estupidez dessa alteração inesperada é melhor percebida se olharmos o caso das distribuições das vagas brasileiras na Libertadores. A partir dessa nova concepção, um time do Brasil que esteja fora da maior Copa do continente tem mais chances de entrar na próxima edição dela do que um que já está lá – afinal, terá oportunidades de vaga na disputa da Copa Sul-Americana, da Copa do Brasil e do Brasileirão, enquanto ao outro resta vencer a Libertadores ou ficar entre os quatro melhores do Campeonato.

De qualquer maneira, como todas as mudanças de regulamento que vivíamos no Brasil até recentemente, esta trará um pouco de vergonha geral, mas será sempre justificada e saudada como correta pelos beneficiados e abominada pelos outros. Chorarão os torcedores da Liga de Quito, vibrarão os campeões da Sul-Americana. E que não sejam mexicanos, por Dios.

Um comentário:

Iuri Müller disse...

complejo...

e estranho por fazer o cambio nas semi-finais. que valorizará o futuro da Sul-Americana, não há duvidas. mas a credibilidade (tinha?) se vai.