Após a repercussão imediata da tenebrosa decisão do STJD, surgiram, de todos os cantos, comparações com o não tão distante ano de 2005 - em que, todos sabem, o Internacional viu seu título escorregar pelo mesmo tapetão, cujo vilão chamava-se então Luiz Zveiter. Três anos depois, sem anulações de jogos contaminados (o Corinthians ainda está na Segundona), mas com absurdas e pesadas suspensões, outro clube do Sul sofre com a polêmica influência que chega do Rio de Janeiro. E novamente o campeonato perde a seriedade no seu final.
Principalmente porque a decisão não é apenas de excessiva força. É injusta e desproporcional. Se o rigor fosse uma marca do tribunal (que simplesmente não tem marca e nem critério), se tantos outros casos sofressem as mesmas punições e se a severidade existisse desde as primeiras rodadas, a suspensão dos quatro atletas do Grêmio não pareceria ilógica, contraditória ou absurda. Mas nada disso faz parte do roteiro do STJD. O castigo mais intrigante foi o de Richard Morales, que não é santo, já foi até preso na Banda Oriental. O carrinho de Chengue em Alessandro, do Botafogo, é o mesmo que o campeonato (e o tribunal, se ele realmente assiste aos jogos) viram dezenas de vezes até aqui. Um lance corriqueiro, cuja maior pena foi apresentada pelo árbitro: um simples e eficaz cartão amarelo.
A punição destinada ao zagueiro Réver não causou a mesma indignação apenas porque os três jogos pareceram pouco diante das enormes suspensões de Léo e Morales. Eu, que presenciei o confronto entre Grêmio e Botafogo no Olímpico, descobri hoje o motivo da condenação: ato de hostilidade. Empurrou Carlos Alberto, um apalpador de nádegas. O botafoguense, em tentativa do STJD de não explicitar a completa ausência de virilidade do campeonato, também foi punido : oito jogos. Outro exagero. Os excessivos cento e vinte dias de Léo foram causados por uma expulsão tremendamente infantil - que, creio, tornar-se-á escassa a partir de agora, com a torcida enlouquecida em busca de contradições e um tribunal atônito.
O maior inimigo dos gremistas já foi escolhido: Paulo Schmidt, procurador-geral da Justiça Desportiva. Como em 2005, a mobilização iniciou rápido. Uma petição chamada "Intervenção no STJD" já alcançou cinco mil assinaturas em poucas horas. O que ela pode causar? Provavelmente nada. Aos gremistas, resta acreditar no efeito suspensivo que o Departamento Jurídico do tricolor busca acionar ainda hoje. Caso seja negado, a impotência será total. Resta cumprir as nove rodadas restantes com dignidade e ilusionar um desfecho diferente de 2005.
Um comentário:
O STJD concedeu efeito suspensivo aos atletas nesta quinta-feira. Carlos Alberto e Jorge Henrique, do Botafogo e Léo, Rever e Morales, do Grêmio receberam pesadas punições dessa mesma entidade. Com isso, os jogadores poderão jogar normalmente enquanto esperam o julgamento de seus recursos, que não tem data marcada.
Ainda bem que conseguiram o efeito suspensivo, porque eu já tinha abandonado o campeonato. O STJD não pode acabar com o brilho do futebol brasileiro por causa de coisas pequenas. O STJD precisa existir, mas que trabalhe corretamente, fazendo justiça e não praticando injustiças.
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