quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A elogiada derrota do lanterna

“O Ipatinga tem time para não ser rebaixado” é a constatação feita após a quarta-feira. Influenciada pela apresentação ruim do Grêmio e não pela boa do Ipatinga, mas deixemos ficar por isso mesmo. Veremos onde o dito time bom o suficiente para se manter na Série A acaba seu ano. O que mudou conceitos sobre o Ipatinga, o mesmo que levou quatro dos fracos Santos, Atlético Mineiro e Botafogo, foi a repetição do seu filme de outras rodadas: jogou a morrer contra um adversário mais temível e passou a impressão de ser melhor do que a lanterna indica.

Ontem, num Olímpico de 31 mil espectadores apesar do péssimo horário, o Grêmio entrou de líder e com expectativas de goleada sobre seu adversário fraco. O gol de Perea, em impedimento (ou não, dependendo da existência do desvio da bola cruzada na cabeça de Marcel), antes dos 4 minutos, reforçou a idéia. Nos minutos seguintes, ficou clara toda a ruindade do Ipatinga. O time estava morto – completamente. O tal placar elástico poderia ser alcançado com uma pressão mais convicta. Ficou fácil demais. Os gaúchos passaram a jogar em ritmo de treino. Tentaram dar um showzinho que as repetidas furadas dos seus cracks impediram. O Grêmio, enfim, perdeu a seriedade.

E quase pagou por isso. O ruim Ipatinga, com tudo a ganhar, foi avançando, martelando a portaria de São Victor dos Milagres, forçando o goleiro a executar mais uma defesa inolvidável, salvando cabeçada à queima-roupa aos 22 minutos. O gol dos mineiros amadurecia e, embora fosse claro que um possível empate faria o Grêmio acordar e vencer, a manutenção do 1-0 e do pouco espírito dos tricolores podia acabar em repetição do São Paulo 1-1 Ipatinga, quando o empate dos visitantes ocorreu muito tarde para novas estocadas são-paulinas.

Tcheco reclamou da falta de atitude dos companheiros na volta dos vestiários para o segundo tempo. Mudanças, no entanto, ficaram apenas na intenção. Celso Roth botou em campo Souza, Felipe Mattioni e Makelele, aumentando a velocidade e agressividade da equipe, mas ainda de forma insuficiente. O Ipatinga continuou indo vez por outra e o Grêmio, no seu habitual, perdendo gols feitos quando resolvia fazer algo. Sem alterações no placar, a tensão da noite manteve o ar pesado até o fim. E até depois do que devia ser o fim, pois o apitador Wilson Souza de Mendonça conseguiu errar duas vezes no último lance da partida: aos quarenta e oito do segundo tempo, acabados os acréscimos pedidos, o juiz assinalou falta inexistente de Pereira, na frente da área gremista – deu quase um minuto extra inteiro para a preparação da cobrança e, então, antes de ela ocorrer, favoreceu o “infrator”, encerrando o 1-0.

Para o Grêmio, valeu pelos 3 pontos, prioridade básica em qualquer campeonato – jogar bem é supérfluo. Ao Ipatinga, por ser diante do líder, serviu para mudar a visão de alguns. Já se diz até que não é o pior do campeonato, esses postos deveriam ser de Santos ou Atlético Mineiro, mesmo que ambos tenham goleado o pobre lanterninha da Série A. Quiçá não seja, mas continua como favoritaço ao rebaixamento. Crescer somente por saber jogar na sonolência do adversário, por conseguir marcar seu principal jogador (Tcheco) e jamais pela própria qualidade nunca foram indícios de uma equipe suficientemente boa para se sustentar na elite. Não à toa, a de ontem foi a décima primeira derrota do Ipatinga em dezoito jornadas.

Um comentário:

Anônimo disse...

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