Medalha de prata para o Brasil. Ao final da derrota para os Estados Unidos na final do futebol feminino, as jogadoras brasileiras choraram. Foi por pouco. A vitória era possível, faltou um pouquinho de sorte e competência na hora de marcar gols.
Medalha de prata para o Brasil. Contra as estadunidenses. Perdendo na prorrogação, perdendo por um gol de diferença. Esse foi o filme de 2004. E foi também o de 2008. Idênticas lágrimas, distinto sentimento.
Porque o futebol feminino brasileiro evoluiu nesse tempo. Timidamente, é verdade. A CBF pouco fez, cumpriu um quase nada das suas promessas de quatro anos atrás e só foi criar um torneio nacional por fins de 2007 – e foi uma copa miseravelmente eliminatória, curtíssima – mas houve outros incentivos.
Empresas privadas financiaram clubes e academias para mulheres e patrocinaram torneios mais longos que o tosco da Confederação. Se em 2004 jogadoras como Roseli e Pretinha chegaram aos Jogos sem contrato com time algum, todas as de 2008 foram a Pequim com algum vínculo clubístico, a maioria em organizados times europeus, paulistas ou no exemplar sul-mato-grossense Saad, o campeão da Copa do Brasil Feminina do ano passado.
Avançamos e assim cumprimos o profetizado pela craque norte-americana Mia Hamm em Atenas: o Brasil foi à China como favorito. Levou a qualidade de outras temporadas, um ouro no Pan e um vice-campeonato mundial. Poucos jogos foram de maior brilho, porém as semifinais, os 4-1 incontestáveis sobre a forte Alemanha, disseram que o ouro só podia vir para cá.
Não veio. A Seleção Brasileira de hoje ficou sem o prêmio sonhado. Pressionou, teve a partida nas mãos em alguns momentos, mas faltou ser mais aguda nas conclusões. Aos seis minutos da prorrogação, levou 0-1 e não pôde remontar. Lágrimas e as dúvidas de um desespero prateado. Em 2004, éramos a zebra sem apoio, a dor de perder por pouco foi suplantada pelo orgulho de chegar longe. Em 2008, o Brasil estava grande, e por ter caído novamente numa decisão é injustamente tachado de time do quase.
Talvez se as promessas passassem do “quase cumpridas” a história terminasse diferente. O nosso avanço não cobriu o atraso em relação às potências do futebol feminino. O Brasil continua distante, continua com jogadoras semi-profissionais ainda que empregadas no esporte e continua sem a liga jurada pela Confederação em Atenas. As medalhas vêm, brilham, mas não tanto a olhos embaçados por lágrimas. Notadamente maior que a do patético time masculino, a dedicação das mulheres não trouxe o primeiro ouro futebolístico para o Brasil neste ano. Passou perto, para variar. Muito perto. Uma distância facilmente vencível se a CBF fizesse mais que organizar torneios de um mês, botar um qualquer para fazer convocações femininas e distribuir camisas verde-amarelas.
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