domingo, 22 de junho de 2008

Aspirações espanholas

Logo mais, Viena receberá o último jogo das quartas-de-final da Eurocopa 2008, o aguardado encontro de Espanha e Itália. Na azzurra, pesará a tradição de, após um começo ruim de torneio, sempre crescer nos mata-matas. Pelo lado vermelho, o passado, bem como as preocupações, apontam para outro lado:

A história que a Espanha quer mudar...

• Eliminações precoces: 1984 foi o último ano em que a Espanha conseguiu chegar longe em alguma das grandes competições que disputa – daquela vez, foi vice-campeã da Euro, derrotada na final pela França. Desde então, foram disputadas seis Copas do Mundo e cinco Euros, com o saldo sempre igual: por mais louvado que fosse o time, nunca mais a Espanha chegou sequer numas semifinais.
• A maldição do 22 de junho: três vezes os espanhóis chegaram para disputar quartas-de-final num dia 22/06 como hoje. Três vezes os espanhóis empataram no tempo normal. Três vezes perderam nos pênaltis. Três vezes foram, enfim, eliminados. O dia de São Paulino tomou esses ares de amaldiçoado graças aos insucessos diante da Bélgica, na Copa do Mundo de 1986 (1-1 com bola rolando, 4-5 nos pênaltis), da Inglaterra, na Euro 1996 (0-0, 2-4), e da Coréia do Sul (0-0, 3-5), na Copa 2002.
• Tabu quase centenário: data de 88 anos atrás a última vitória da Espanha sobre a Itália numa partida oficial. Disputavam-se as Olimpíadas de Antuérpia em 1920 e, durante a campanha que culminou com sua prata, os espanhóis saíram triunfantes por 2-0 – aquele time contava com lendas como o goleiro Ricardo Zamora e o goleador Rafael Moreno Pichichi, hoje eternizados, respectivamente, nos troféus dados ao arqueiro menos vazado e ao artilheiro de cada Campeonato Espanhol. Raríssimos são aqueles que podem se orgulhar de lembrar da tal vitória.

... e o que a Espanha quer vingar

Eram as quartas-de-final da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Sofrendo um gol de Roberto Baggio aos 88 minutos, a Espanha concluiria mais uma desclassificação precoce, levando 2-1 da Itália. O que ficou para a história, contudo, foi a cotovelada de Tassotti sobre Luis Enrique, num lance sem qualquer pretensão dentro da área da azzurra – uma covardia desnecessária, ignorada pelo árbitro, que nada marcou. Bastou que se confirmasse a repetição do confronto entre os dois times nesta Euro para a imprensa espanhola, liderada pelo diário Marca, bombardear os torcedores com as lembranças daquele episódio, clamando por uma vendetta. O próprio Luis Enrique ajuda essa campanha, e afirmou, sarcástico: “a vantagem é que Tassotti não poderá jogar, então estaremos seguros”.

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