sábado, 31 de maio de 2008

Pobres vice-campeões paulistas

“O Time Interiorano Paulista Genérico está forte neste ano, incomodando os grandes”, ouve-se sempre que um representante dessa categoria consegue obter algum sucesso no estadual de São Paulo, geralmente sagrando-se vice-campeão – pois lograr o título é demais, mesmo para os ditos fortes. Depois, se a equipe está na Série B, o que não é incomum por aquelas bandas, o comentário normalmente se acaba com a aposta: “O Time Interiorano Paulista Genérico vai aparecer na Série A do ano que vem”.

Em 2007, os genéricos foram os azuis do São Caetano. Lembrando o glorioso início de década, o quadro do Anacleto Campanella chegou à final do Estado, venceu o Santos na ida por 2-0 e, na volta, segurava o 0-1 que lhe daria o título até os últimos minutos, quando Moraes marcou o segundo tento santista que, pela melhor campanha, dava o troféu aos da Vila Belmiro. O subcampeonato bastou para os saudosos do melhor Azulão acreditarem estar ali algo que pudesse lembrar os velhos tempos. Era um genérico, afinal, digno de aposta para aparecer na Série A do ano que vem, 2008.

O São Caetano terminou a segunda divisão nacional em 10º lugar, muito longe de qualquer briga.

Em 2008, ouviu-se o brado da Ponte Preta. O primeiro título da história dos campineiros estava iminente e, ainda que tenha ido embora para ser conquistado pelo Palmeiras com um inquestionável agregado de 6-0 na final, a Macaca mostrou-se forte. Na Série B, sem Palmeiras, diante de equipes do seu nível – ou, na maior parte dos casos, abaixo dele – a Ponte poderia tentar uma das três vagas do acesso disponíveis (já que a outra era óbvia do Corinthians). O Time Interiorano Paulista Genérico deste ano começou mal sua empreitada no certame segundino, levando 3-0 de um São Caetano agora bem menos badalado. Depois se recuperou, venceu duas em casa, sem, no entanto, trazer muito brilho aos olhos do torcedor.

Sobre os restos mortais do grande time do Paulistão, vinha o desalentador discurso do treinador Sérgio Guedes – o glamour da Ponte Preta, dizia ele, tinha acabado: “Temos que assimilar que vivemos um momento legal, mas que esse momento não existe mais”. Hoje, os de Campinas foram a Natal enfrentar o América, lanterna com três derrotas em três rodadas e, sobre um gramado encharcado, conseguiram perder: 2-1, de virada.

O bom momento definitivamente é parte de um passado cada vez mais distante. Mas a Ponte Preta entendeu isso, embora ainda não tenha recuperado seu futebol. O perigo será para os próximos Times Interioranos Paulistas Genéricos, os pobres futuros finalistas daquele Estado que vão acreditar na campanha regional como indício de uma espetacular empreitada na Série B. Esses, no fim, estarão sem título paulista, nem acesso.

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