A vitória do Real Madrid no clássico diante do Barcelona, hoje, começou, ao menos moralmente, bem antes do apito inicial da arbitragem. Ela teve início quando os onze titulares barcelonistas foram forçados a se perfilar a partir da lateral do campo e esperar a entrada dos jogadores merengues – e então, aplaudi-los. Assim manda o protocolo do pasillo de honor, tradicional corredor de ovações a adversários que conquistem um título, feito no jogo seguinte à confirmação da glória. Um exemplo de esportividade. Dada a rivalidade entre os times, porém, também uma humilhação ao Barça.
E era só o início da noite melancólica dos catalães. Deprimido, mostrando uma displicência e um desinteresse absurdos – é impossível entrar sem motivação para um clássico, por pior que seja o momento –, o Barça foi submetido a um vexame daqueles que ecoam por um bom tempo. À beira do campo, Frank Rijkaard passava a imagem de um defunto – e de fato era, um moribundo ocupando um cargo que, sabe, não será seu ao final dessas semanas sem rumo dos azuis-grenás – cabisbaixo e escondido na casamata. Se pudesse, o Barcelona nem compareceria a Madrid, entregaria os pontos, abandonaria o campeonato e começaria as mudanças necessárias imediatamente.
Não pode. Foi a campo para ser alvejado e teve seu destino certo vindo pelos gols de Raúl (12 minutos), Robben (20) e Higuaín (62) – esteve prejudicado pela arbitragem nos lances que ocasionaram os dois primeiros gols, mas a sorte não seria diferente sem os equívocos dos apitadores. Ainda haveria a volta de Van ‘Gol’ Nistelrooy: após mais de mês parado por uma cirurgia, o matador do Madrid precisou de um minuto em campo para reencontrar a possibilidade de ir às redes, num pênalti cometido por Puyol, pondo a mão na bola. Aos 77 minutos, o camisa 17 fez 4-0.
Os blancos seguiram arrasadores nos minutos finais, mas como os gols não quisessem mais vir, acabaram relaxando. Ao ponto de os visitantes encontrarem um tento de honra, inútil, sem comemoração, apenas para constar, anotado por Henry a três minutos do fim do tempo de regulamento. O Barcelona não pode mais alcançar o vice-campeonato e será obrigado a jogar as preliminares da próxima Champions League.
No fim, o dia de festa, que começou para ser lembrado como aquele do pasillo feito pelo Barça ao Madrid, entrará para a história também e principalmente pelo atípico baile proporcionado pelos de casa. Quatro a um para praticamente encerrar uma temporada toda branca na Liga. Faltam apenas duas rodadas – e receber a taça; por opção, o Madrid deixou a cerimônia de premiação para a última partida no Bernabéu, contra o Levante.
Um comentário:
Milan-Inter em janeiro, os neriazzuri se perfilaram para receber os campeões mundiais. E venceram por 2-1...
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