segunda-feira, 21 de abril de 2008

Provocar um Rei

Dez de dezembro de 1961, Piracicaba, interior paulista. Uma das últimas rodadas do campeonato estadual daquele ano. O XV de Novembro, time da casa, recebia o poderoso Santos de Pelé, uma equipe que se preparava para a glória sul-americana e mundial que começaria a obter no ano seguinte. Mantinha um histórico respeitável jogando em casa, o XV: vencera Guarani, Portuguesa e São Paulo, empatara com o Corinthians. Via-se capaz de triunfar sobre o Santos, também.

Já coroado Rei, Pelé era o grande alvo dos temores da torcida da casa. Naquele ano, liderava a tabela de goleadores, mantendo uma seqüência de artilharias no Campeonato Paulista iniciada em 1957. Terminaria a temporada com 47 gols no estadual, e seria artilheiro de outros tantos Paulistões, seguindo com a série até 1965 e, depois, sendo máximo goleador em mais duas temporadas isoladas: 1969 e 1973.

Mas naquele domingo de 1961, em Piracicaba, as coisas não saíam fáceis para o quase perfeito time santista. Depois de largar vencendo, o quadro da Vila Belmiro sofreu a remontada a poucos minutos do fim do primeiro tempo. Abria-se a possibilidade de fazer história, e os torcedores locais perderam o medo e a noção do perigo: passaram a perseguir o camisa 10 do Santos. Ao intervalo, Pelé saiu de campo vaiado.



No segundo tempo, o 2-1 virou 2-7. Pelé, o provocado, vingou-se com participação direta em cinco gols. Agora, qualquer provocação ao Rei, como o próprio sinalizou em seu gestual, era legítima dor de cotovelo da torcida de Piracicaba.

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