Eu poderia gastar linhas falando da monumental goleada aplicada pelo Real Potosí sobre um classificado Cruzeiro, na Libertadores, sobre a passagem de fase santista garantida por um gol no fim de um jogo que teve oito minutos de acréscimo, diante do Cúcuta, ou ainda olhar para a Copa do Brasil, comentando a surpreendente vitória fácil do Paraná sobre o Internacional (2-0) e outros tantos resultados menos previsíveis. Pois falarei do Campeonato Rondoniense, um dos muitos estaduais ignorados do país.
Quase ninguém olha para o futebol de Rondônia. Nem mesmo os rondonienses. Há dois anos, passei incontáveis noites de setembro e outubro tentando acessar as rádios locais, em busca de uma transmissão da Segundona estadual – divisão nova, criada em 2005. Nada achei. As poucas rádios com páginas na internet limitavam sua programação aos enlatados culturais vindos do Sudeste ou, quando diferentes, a emocionantes acompanhamentos de rituais religiosos. Ao vivo.
A Segundona de dois anos atrás era formada por seis clubes, a maioria fundada havia pouco tempo, dispostos num hexagonal de dois turnos: o acesso seria definido entre os vencedores de cada ronda. Final prevista no regulamento, mas dispensada dentro de campo. Se, no início do torneio, todos esperavam muito do Moto Clube de Porto Velho – um grande dez vezes campeão na era amadora que enfim tentava se arriscar no profissionalismo –, ao final da competição o monopólio dos comentários era de um desconhecido: o Clube Esportivo e Recreativo Jaruense (hoje Associação Desportiva Jaruense).
Tudo porque o time de Jaru acabou a campanha com uma estatística de seis vitórias e quatro empates nos dez jogos disputados, amplamente superior aos concorrentes. Uma campanha sem percalço algum, mas com dois jogos polêmicos, ambos contra um certo Armazém Morumbi F.C., de Guajará Mirim: no primeiro turno, o time recebeu a vitória da Federação devido à falta de ambulância no estádio adversário; no segundo, massacrava por 3-0 quando os indignados oponentes abandonaram o gramado, com apenas meia hora de jogo.
O título da Segundona e o conseqüente acesso renderiam seus frutos mais saborosos aos torcedores em 2007, com resultados acima do esperado em sua temporada de estréia na primeira: foi vice-campeão da divisão de elite, perdendo o troféu apenas na prorrogação, para a Ulbra de Ji-Paraná, e ganhou o direito de disputar sua primeira competição nacional, representando Rondônia na Série C do Brasileirão.
A Jaruense tenta mostrar que sua vigorosa ascensão não foi meramente ilusória e, neste 2008, volta a aparecer no topo da tabela. Em oito rodadas disputadas até o dia de hoje, perdera apenas uma partida. Na noite desta quinta-feira, enfrentaria o lanterna Genus fora de casa, podendo assumir o primeiro lugar da fase inicial do torneio com um simples empate. Acabará em liderança a jornada da Jaruense? Essa pergunta está para ser respondida nos próximos dias. Como se sabe, poucos dão atenção ao futebol de lá. E informações de Rondônia são artigos em falta no mercado.
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