
A torcida que preenchia as dependências do estádio San Carlos de Apoquindo, fazendo grande festa, parecia discordar: era questão de encontrar o primeiro gol para toda a pressão se converter num domínio pleno do jogo por parte da Católica. Mas quando o primeiro gol viria? No último lance do tempo regulamentar. Aos oitenta e nove minutos e mais de cinqüenta segundos. Botinelli cobrou falta na frente da área, mandando a pelota no extremo canto direito do arqueiro, balançando as redes após o esférico colidir com o poste. Indefensável.
Dois a zero. Faltava um gol. Restavam os acréscimos. Locos minutos de tempo extra em que o América se entrincheirou na sua defesa. Os fogos, a cantoria uníssona, os sinalizadores, tudo contribuía para deixar o ar mais denso sobre o gramado. Para fazer o tempo passar mais lentamente. Aqueles quatro minutos pedidos pelo árbitro pareceram uma eternidade de possibilidades e esperanças aos chilenos, de desespero aos mexicanos.
Locos e apaixonantes minutos. No jogo inteiro, a Católica acertara o poste três vezes, fizera por merecer a diferença de gols almejada. Nos acréscimos, manteve a alma de Libertadores e a boa atuação. Sem a bola entrar. Agora, morria nas mãos do goleiro “Memo” Ochoa. O placar não mudava. E o tempo, mesmo alongado, uma hora acabaria. Mais que antes, o relógio como inimigo.
E então, um escanteio. Meio minuto faltando para o apito final. A última das oportunidades. À área mexicana subiram os zagueiros do time da casa, os atacantes, até mesmo o goleiro aspirante ao heroísmo da noite. De algum jeito, o desvio daquele cruzamento entraria.
Frações de segundo. Bola erguida frente ao olhar de todos, desvio certeiro, lance perigosíssimo. Houvesse tempo, a torcida chilena conteria a respiração, os mexicanos tentariam não ver a jogada. As frações de segundo resumiram qualquer ação ao sentimento, à mescla de emoções afloradas pelo cabeceio. Cabeceio à façanha do terceiro gol.

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