Há duas semanas, um dos maiores clássicos da América do Sul, o duelo de Cali entre América e Deportivo, terminou em guerra. O jogo foi marcado pela polêmica desde o início. Complicada, a arbitragem enfureceu os americanos, após marcar uma falta duvidosa que resultou no gol adversário e, no mesmo lance, expulsar um jogador do América. Os ânimos, sempre acirrados em jogos dessa natureza, ficaram à espera de uma fagulha que provocaria a explosão definitiva.
O Deportivo vencia por 1-0 quando aquilo que se temia aconteceu. Das arquibancadas, choviam objetos para dentro do campo, forçando o árbitro a paralisar o jogo. Nas arquibancadas, eclodia um confronto de enormes proporções entre os torcedores arqui-rivais, num incidente que deixaria sete dezenas de feridos. Finalmente, dentro de campo, os times tampouco mostraram espírito esportivo, e o treinador Diego Uemaña, do América, agrediu o técnico do Deportivo, Daniel Carreño, a soco. Aquela partida foi interrompida para não mais se disputar.
Aquela. Clássicos são eternos e sempre há uma próxima vez. No último sábado, América e Deportivo, envergonhados, lamentando a peleja recente, foram à cancha dispostos a substituir o sangue pelo jogo leal. Durante a semana, falou-se que seria um Sábado Santo, sábado de paz, e nada poderia dar outros tons àquela partida. Com a mão na consciência, torcedores e atletas dos dois times foram ao estádio Pascual Guerrero transformar o 262º Clásico Vallecaucano num espetáculo.
Um espetáculo de futebol, em que a briga foi substituída pelos gols. E o América, derrotado no confronto da guerra, triunfou no cenário de paz: em dois minutos, com um tento de Adrian Ramos aos 18, e um pênalti convertido por Luis Tejada, aos 20, o time de vermelho tomou o jogo nas mãos. Os azucareros do Depor tentaram uma reação, mas o confronto era mesmo dos escarlates: Tejada, novamente, agora aos 31 minutos, prenunciou a goleada, que se confirmaria a vinte minutos do apito final, com o segundo gol de Ramos. Na rodada de paz, um glorioso 4-0 aparecia iluminado no placar de Cali. Dessa vez, o massacre foi como deveria ser sempre: na bola.
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