terça-feira, 18 de março de 2008

A bicicleta de Falcão

"Não há mais ingressos" é, possivelmente, a frase mais ouvida em Chapecó nesse início de semana. Próxima ao Rio Grande do Sul, a cidade catarinense vai sendo tomada de uma rivalidade Gre-Nal em vibração não vista havia décadas. Amanhã, o estádio Índio Condá estará lotado por treze mil espectadores que já secaram as bilheterias da cidade. Nas arquibancadas, torcedores no verde da Chapecoense, no vermelho do Inter e, claro, no azul do Grêmio, estarão torcendo ou secando em mais uma noite de Copa do Brasil.

É sempre raro, nesses tempos em que estaduais duram menos de meio ano, lembrar a tradição de clubes fortes dentro de seu estado, mas que não conseguem brilhar nacionalmente. É o caso da Chapecoense, dona do último troféu catarinense e com três títulos do estado nos seus palmarés. Poucos se recordam que o time, em tempos passados, chegou a disputar até mesmo a primeira divisão do Campeonato Brasileiro! E, naquela ocasião, enfrentou o mesmo Internacional, num confronto que entrou para a história. A história apagada, que muitos não lembram, mas merecedora que, volta e meia, apareça alguém para soprar o pó que se deposita sobre ela.

Lá se vão quase três décadas... Era um 12 de abril de 1978, partida válida pela quinta rodada do Grupo A do Brasileirão de então. A chave reunia equipes dos três estados da região Sul, e o regulamento previa uma particularidade: numa época em que triunfos valiam apenas dois pontos, um terceiro era dado àqueles que vencessem por diferença de três gols ou mais. Foi pensando nisso que o Inter entrou em campo para o jogo do Beira-Rio. Enquanto os gaúchos vinham de uma vitória por 4-1 sobre o Juventude - naquela época ainda não havia a "touca" -, a Chapecoense mostrava uma campanha trepidante, carregando três derrotas consecutivas.

Do jogo, naquele dia, ficou pouco. O Inter venceria por 2-0, não conseguiria o ponto extra, mas caminharia com facilidades rumo à classificação, obtida com o primeiro lugar na chave composta por 13 equipes - os de Chapecó morreriam na primeira fase mesmo. O que marcou, na época, e é lembrado com carinho especial pelos Colorados, foi o espetacular gol de bicicleta do genial Falcão, abrindo a vitória. Um lance simbólico numa década marcada completamente por vitórias alvirrubras.


O lance de Falcão, no primeiro tento do vídeo

O que ficará do confronto de amanhã? A história, talvez para acabar na poeira, talvez para ficar viva na memória de todos, está para ser escrita.

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