quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Os velocistas de Potosí

Não há afirmação nenhuma neste início de Libertadores. O nivelamente é cruel, os clubes menores complicam qualquer partida, e a dita qualidade dos grandes não fez diferença alguma até aqui. Um River moribundo apanhou no Peru, o Boca foi apenas mediano na Venezuela, o San Lorenzo é sofrível, Flamengo e Fluminense só empataram, e coube ao Cruzeiro as melhores atuações. Nada, nada de especial.

Os destaques então, ficam por conta de uma das virtudes históricas da competição. Se a qualidade dos caros reforços que aterrisaram em solo americano em dois mil e oito ainda não vingaram, a velha raça libertadora, ao menos ela, segue presente. A primeira façanha foi a do Nacional uruguaio, exaltada pelo blog. Triunfo com penalti contra aos quarenta do segundo tempo e muita comemoração pelo magro, mas honroso 1-0.

Ontem, o jogo mais esperado era o duelo de argentinos, entre Estudiantes e Lanús, em La Plata. Com vinte e dois jogadores sem maior inspiração em campo, o 0-0 foi o mais justo. Verón não conseguiu jogar e a equipe ''Granate'' cozinhou o empate no segundo tempo inteiro. Mais tarde, Caracas e Potosí se enfrentariam na Venezuela.

Confronto de dois países sem qualquer tradição na competição, mas um jogo surpreendentemente aguerrido. O Caracas abriu 2-0 com a velocidade e força do atacante Rentería (foto), mas quem mereceu o destaque foi o Potosí. Há tempos não se via uma equipe correr tanto. Os bolivianos simplesmente se sacrificaram no segundo tempo, beirando o absurdo.

O prêmio foi um gol, achado após duzentas bolas alçadas na área do Caracas. Apesar do narrador do SporTV insistir na falta de qualidade técnica dos azuis, o que não deixava de ser real, a superação era emocionante. Uma cabeçada, já nos acréscimos, poderia ter decretado o empate, mas o goleiro venezuelano manteve o empate com um milagre, e saiu aplaudido de pé.

Em uma Libertadores onde os destaques são poucos e o futebol ainda não apareceu em sua melhor forma, o que nos resta é destacar o (merecido) esforço de pequenos como o Potosí, que se não vencem nem encantam, encharcam a camiseta. E de sobra, dão uma lição aos ricos e grandes.

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