quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Dívida centenária

Centro da polêmica: Iban Zubiaurre com a camisa do Athletic

MONTPELLIER - Na virada da temporada 2004/05 para a 2005/06, em julho, o Athletic Bilbao anunciou a contratação de Iban Zubiaurre, defensor então com 22 anos, vindo da outra grande equipe basca, a Real Sociedad de San Sebastián. Iniciou-se ali uma briga na Justiça entre os dois rivais: enquanto os de Bilbao afirmavam que Zubiaurre viera livre, após o encerramento do contrato, os da Real Sociedad não tinham dúvidas em cobrar o valor da multa rescisória do jogador - segundo eles, o contrato ainda se estenderia por mais um ano -, algo em torno de 30 milhões de euros.

Como resultado, Zubiaurre ficou parado por toda a temporada seguinte, até que os tribunais definissem uma indenização de 5 milhões de euros a ser paga pelo Athletic. O zagueiro pôde voltar aos gramados em 2006/07, mas os desentendimentos não parariam ali, uma vez que a Real Sociedad seguiu buscando cada milhão que acredita ser seu por direito. Ontem, numa tentativa de colocar um ponto final no caso, Iñaki Badiola, presidente da Sociedad, propôs uma alternativa pouco ortodoxa para a questão: "parcelar" a suposta dívida do Athletic... em 100 anos!

A idéia é simples: ao invés de pagar o alto valor da rescisão inicial, o Athletic aceitaria dar como "entrada" um valor próximo ao definido pelos tribunais - embora algumas fontes já dobrem a quantia de 5 milhões de euros - e fecharia as contas firmando o compromisso de fazer 200 amistosos contra o rival, a serem disputados aos pares antes do início das próximas cem temporadas. Os jogos teriam lugar no estádio Anoeta, da Real Sociedad, e San Mamés, do Athletic, com a equipe de San Sebastián lucrando por receber toda a renda dos jogos em casa, mais uma porcentagem sobre os valores televisivos e de bilheteria dos amistosos em Bilbao.

Por ocorrer em meio às festas de verão das cidades bascas e fortalecer ainda mais a rivalidade local, a alternativa de Badiola é muito bem vista pela imprensa e por certos grupos de torcedores. Resta saber se os pensantes de San Mamés verão maiores vantagens em aceitar a dívida centenária ou seguir nos tribunais, correndo o risco de arcar com os 30 milhões.

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