terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Começou a peleia

Se Grêmio, Internacional e Juventude, os grandes do Rio Grande do Sul, já não querem mais nada do seu futebol profissional em 2007, o mesmo não se pode dizer dos clubes interioranos que já se preparam arduamente para mais uma temporada - que, a rigor, deverá durar pouco mais de três meses, o tempo do Campeonato Gaúcho.

Há quem defenda o fim dos campeonatos estaduais. Pouco atrativos, fáceis demais, muitos jogos desgastantes e em baixo nível que contribuem pouco para a temporada dos clubes grandes. Há quem peça a volta dos campeonatos regionais, em superligas com clubes principais e mais alguns classificados em seletivas, enquanto a imensa parcela dos times do interior fica relegada ao limbo esportivo e inferno financeiro. Estes defensores dos grandes clubes deveriam pensar um pouco mais naquelas cidades em que o futebol se faz mais com paixão do que com dinheiro.

Deveriam olhar e ver o esforço de comunidades para manter ativo o orgulho local, entre batalhas diárias e contas vermelhas, para que se dispute um campeonato profissional - e, quiçá, que se receba um Inter, um Grêmio em seu campo, e assim se veja o estádio lotado e toda a região mobilizada por um único momento, que vale o ano inteiro. São cidades que se sabem incapazes de brigar por títulos, que conhecem bem suas poucas condições de montar elencos de sonhos, mas que não querem isso. Querem apenas o orgulho de se ver representadas nos gramados de seu estado. Pouco importa até onde o time vá no torneio, desde que honre com bravura suas cores.

Essas cidades, elas também sabem claramente que seu esforço é feito para durar três meses e menos de duas dezenas de partidas oficiais. Importante, aí sim, é evitar o rebaixamento, pois assim se tem a certeza de que, pelo menos por mais um ano, o profissionalismo do clube estará salvo.

Ontem, uma segunda-feira, houve um amistoso preparatório para o Gauchão, em Campo Bom. Confrontaram-se o 15 de Novembro local (que já viveu dias mais ensolarados) e o São Luiz, de Ijuí - que neste ano recebeu apenas metade da minguada verba destinada aos clubes interioranos, já que parte do dinheiro ficou retido em função das dívidas. Entre testes, substituições e acertos por parte dos treinadores que ainda estão conhecendo seus jogadores, os ijuienses acabaram vencendo por 0-2, com dois gols no segundo tempo.

O placar do jogo, porém, mereceu menos destaque do que outro número: cinco expulsões - duas dos locais, três dos visitantes. Talvez um observador desatento, ou um defensor do fim dos estaduais estranhasse: oras, por que tanta luta e expulsões num mero amistoso? Mal sabem eles que, no interior, onde ainda há honra por se defender, a peleia já começou.

Um comentário:

San Tell d'Euskadi disse...

Brum,

Eu sou um dos radicais, mas para o outro lado. Defendo os Estaduais de ano inteiro, classificatórios para um Brasileirão nos moldes da Liga dos Campeões da Europa.

Quem faz futebol no interior é herói, não me importa os motivos.

Um abraço.