Uma noite em novembro

Passaram-se exatos quatro anos - e um dia - desde o último confronto entre Brasil e Uruguai, em solo brasileiro, por Eliminatórias da Copa do Mundo. Daquela vez, um sofrimento inesperado quase foi pago com derrota verde e amarela.

Era 19 de novembro de 2003, uma quarta-feira. A Seleção Brasileira ainda vivia um período de recomeço após a conquista do quinto título mundial, e tentava se convencer que ter um Perreira na beira do campo teria o mesmo efeito que um Felipão. Antes de tudo, havia a busca por evitar o sofrimento das Eliminatórias passadas, onde a vaga brasileira ficou em suspenso até a última rodada. Ali, no caminho de 2003, as coisas haviam começado bem: duas vitórias e um empate, mesmo com atuações medianas.

O jogo daquela noite seria no sucateado estádio Pinheirão, em Curitiba, onde pouco mais de 17 mil pessoas acotovelavam-se para ver a equipe em campo. Uma disputa que, no primeiro tempo, pareceu valer a pena. Em menos de meia hora de confronto frente ao onze Celeste, o time da casa abriu 2-0, sem dificuldades. O embate tomava ares de baile quando o jogo foi para o intervalo. O Uruguai, contudo, tinha ganas de mudar a cara daquele confronto. Começando a fazer substituições ainda na etapa inicial, o treinador Juan Ramón Carrasco pôs Recoba, Chevantón e Richard Núñez em campo.

Já o Brasil - que surpresa! - se acomodou. A raça charrúa passou a falar mais alto. Aos 57 minutos, Forlán descontou, fazendo os locais tremerem com a capacidade de sua equipe em manter o resultado. O temor tinha justificativa, pois o pior ainda estava por vir. Em questão de dois minutos - aos 76 e 78 -, veio a virada. Primeiro, com o próprio Forlán, que fez seu segundo tento na partida e igualou a contagem. Depois, enquanto os brasileiros ainda maldiziam sua equipe, foi a vez de Gilberto Silva coroar a desastrada noite, desviando contra suas próprias redes um tiro livre uruguaio.

2-3. A Seleção Brasileira só não perdeu porque tinha um Ronaldo ainda inspirado. Como se acordasse após a hibernação que mantinha desde o início da etapa complementar, o Brasil foi ao ataque depois de levar a virada, e conseguiu salvar um 3-3 aos 87 minutos, por obra do camisa 9.

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Quatro anos depois, outra vez com uma Seleção Brasileira de atuações pouco convincentes e vivendo um momento de recomeço, haverá o reencontro com o Uruguai, agora em São Paulo. Uma nova noite em novembro para tentar um final feliz.