Entrevista - Mauro Cezar Pereira

O Futebesteirol, buscando um 'algo mais', foi atrás e trouxe a primeira entrevista para seus leitores. O entrevistado é o sempre coerente Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil.

Por Marco Antônio Zimermann

1) Os torcedores organizados e seus derivados acharam no futebol uma desculpa para seus atos ou é impossível eliminá-los dos campos, já que acima de tudo, são apaixonados por seus clubes? E até que ponto o futebol, envolvendo rivalidade e paixão, interfere no comportamento da torcida? (Iuri Müller)

A violência é uma questão que independe do esporte, só se elimina com punição severa, mas o combate ao hooliganismo é primário no Brasil.

2) Tudo bem que é como perguntar o segredo da vida, mas pra ti qual é o 'tchan'' que o futebol tem, e que o faz capaz de consagrar, destruir, iludir e sonhar? (Iuri Müller)

O futebol é um raro esporte em que o fraco tem chance de superar o mais forte.

3) Em diversos estados, os últimos tempos têm sido difícies para o futebol do interior, que parece estar morrendo. Há clubes recentes que, com boas administrações e patrocínios, obtêm bons resultados, mas a grande maioria dos interioranos tradicionais inicia uma temporada sem saber se continuará existindo no ano seguinte. Num futebol em que o dinheiro e os holofotes importam cada vez mais, você acredita que há alternativa para esses pequenos clubes, que não seja simplesmente se contentar em jogar estaduais de três meses? (Maurício Brum)

Vejo poucas perspectivas, os tempos são outros e o maior exemplo disso é o enfraquecimento dos times de Campinas, que poderia ter um bom time e hoje tem dois clubes em crise, em decadência.

4) O futebol feminino tem despertado interesse no público brasileiro nos últimos anos, além de gerar diversas promessas ainda não cumpridas por parte da CBF no que diz respeito à organização de torneios oficiais. Você acredita que há possibilidade de se cativar um público fiel no Brasil para a modalidade ou esses campeonatos, com jogadoras sem o mesmo brilho visto na Seleção, acabariam se mostrando desinteressantes? (Maurício Brum)

A saída é montar times de cidades que não tenham equipes de outros esportes e de futebol profissional masculino, assim as equipes formadas por mulheres terão apoio geral em todos os jogos. Na Alemanha é assim.

5) As torcidas do Sul têm inovado ao trazer para o Brasil um estilo de apoio semelhante ao das "barras" sul-americanas, em especial das argentinas, que buscam empurrar a equipe durante o jogo inteiro, e não apenas nos momentos bons, como é tônica por aqui. O movimento iniciado pela Geral do Grêmio, depois de resistências iniciais, passou a inspirar o surgimento, ainda tímido, de seguidores pelo país (como a Popular do Inter e a Galo 105, para ficar nas mais importantes). Você acredita que essa tendência se tornará comum no Brasil, deixando de ser restrita a determinadas regiões? (Maurício Brum)

Com algumas diferenças isso vem crescendo em todo o país, no Rio inclusive, mas o que mais importa nesse tipo de comportamento é levar adiante o estilo argentino de torcer, ou seja, "alentar" sempre, sem parar.

6) Vários clubes têm projetos de novos estádios, alguns já tem isto materaliazado, esses estádios são geralmente financiados por empresas estrangeiras, como você vê isso? O clube pode entrar numa "fria" a partir do momento que fica dependente da empresa que financiou sua nova casa? (Marco Zimmerman)

Sempre há riscos se existirem picaretas, gente mal intencionada no meio do processo. Outro obstáculo é a eventual incompetência dos gestores. Mas se for tudo profissional e correto, honesto, os clubes só têm a ganhar.

7) Mauro, a seleção brasileira está passando por um momento de indecisão quanto a posição de centroavante, qual você acha que é a melhor opção? Ou prefere sem centroavante? (Marco Zimmerman)

Pelos nomes que temos aí, hoje entrosaria o time sem centroavante.

8) Perguntas diretas: Quem vai, junto com o Fluminense, para a Libertadores?

São Paulo, Santos e mais dois, entre Cruzeiro, Grêmio, Palmeiras e talvez Flamengo. Se o time carioca vencer o Grêmio domingo, entrará mesmo na briga.

E os rebaixados?

América, Juventude, Paraná e Goiás.

E quem sobe da segunda para a primeira? (Marco Zimermann)

Coritiba, Ipatinga, Vitória e Portuguesa

9) Com a popularização da internet, o número de blogs futebolísticos explodiu. Até que ponto este meio que comunica o redator com o leitor com mais agilidade pode se tornar profisisonal? Os blogs são uma boa estratégia para treinar a escrita e o convívío com o público, para quem deseja tornar-se jornalista? (Iuri Müller)

Para se tornar jornalista, é preciso deixar de lado a tentação dos artigos, dos textos só de opinião, e apurar matéria, escrever reportagens, é assim que se começa.

Um abraço,

Mauro Cezar Pereira

Comentarista - ESPN/ESPN Brasil