A morte de um Gaúcho

Carlos Pedrebon, presidente do clube, e seu filho, diretor de futebol, recolhiam os troféus, bandeiras, fotos e livros de atas do Sport Club Gaúcho, de Passo Fundo. Lamentavam a incompetência das direções anteriores, que os fizera chegar àquele ponto. Desocupavam o estádio Wolmar Salton, construído em 1957, que desde terça-feira não pertence mais à associação.

O melancólico desfecho se deu em função de um acidente ocorrido há 10 anos: um jovem, atualmente com 21 anos, afogou-se nas piscinas do clube, ficando tetraplégico e necessitando de tratamento caro. Levado a leilão devido às indenizações não pagas pelo Gaúcho, o estádio foi arrematado por 1,1 milhão de reais - quantia baixíssima se comparada às estimativas que apontavam para um valor cinco vezes maior. Os bens móveis que lá estavam foram levados a depósito judicial, permanecendo em poder do clube apenas os materiais recolhidos pelos Pedrebon.

Lá, desde a construção, o Gaúcho viveu dias de antologia, assistindo ao auge dos célebres irmãos Pontes, clássicos contra o rival 14 de Julho (atual Passo Fundo) e duelos históricos com a dupla Gre-Nal, quando atingiu o status de terror dos adversários da capital. Aos 89 anos de existência, sem seu estádio e seus bens, o glorioso Gaúcho de Passo Fundo parece ter chegado ao fim de sua trajetória.