Efêmeros

"Fica, André Lima! Fica, André Lima!", foi o grito que ecoou no Maracanã, na noite de quarta-feira. O duelo frente ao Corinthians era o último do meteórico atacante botafoguense pelo clube, antes de se bandear para o futebol europeu.

André Lima era apenas uma peça de reposição abandonada no grupo do Botafogo. Do nada, teve que pegar a bomba da titularidade substituindo ninguém menos que Dodô, na ausência deste durante a suspensão por doping. Pouco se esperava dele e, no entanto, o que veio foram gols, muitos gols. André Lima chegou aos 12 tentos na Série A, alcançando o até então inatingível Josiel no topo da tabela de artilheiros.

Ontem, o goleador fez o de praxe, convertendo mais um tento diante do Corinthians. O que houve, no entanto, não foi a vibração de ir às redes, mas um sincero choro de despedida: diante dos irresistíveis euros, André Lima trocava o seu clube de coração pelo alemão Hertha Berlin.

Há três décadas, no ímpeto de demover Pelé de abandonar o futebol profissional, os estádios do país bradavam "Fica! Fica!". No Maracanã de 2007, tal coro foi usado como singela homenagem a um jogador que brilhou por poucos meses nos nossos gramados. As poucas glórias e ídolos que restaram ao verdadeiro futebol brasileiro - os clubes -, são cada vez mais efêmeros.