domingo, 10 de junho de 2007

Um minuto que mudou a Liga Espanhola

"Increíble". Esta foi a única maneira que os espanhóis encontraram para adjetivar a espetacular 37ª rodada do Campeonato Espanhol, que teve seus principais jogos no sábado. Em um minuto, todas as convicções e, provavelmente, o destino da taça, mudaram completamente.

Ainda empatados na liderança da competição, com 72 pontos, Real Madrid e Barcelona foram para seus jogos sabendo que qualquer deslize poderia ser fatal. E, se o erro era tudo o que não podia vir, os jogos de ambos os times eram dificílimos, e se provaram em campo.

Em Barcelona, no Nou Camp, disputou-se o clássico catalão. Com mais de 100 mil aficionados no estádio, o Barça tinha certeza que dali sairia sua guinada rumo ao título.

Na outra ponta, em Zaragoza, o Real Madrid encarava um duelo dos mais difíceis no estádio de La Romareda, local onde os merengues costumam sair com redondos fracassos.

29 minutos na Catalunha já haviam se passado quando os madridistas puderam suspirar aliviados: de Nou Camp vinha a notícia que o Espanyol fizera 0-1, com Tamudo. Alívio que logo foi dissipado, pois aos 31 minutos da partida de Zaragoza foi a vez do Madrid sentir o golpe e, com Diego Milito, sair atrás na contagem.

O Madrid ainda tropeçava em si mesmo quando o Barcelona rugiu: 43 minutos passados em Nou Camp para o empate vir, através de Messi. Gol ilegal, marcado com a mão, mas validado pela arbitragem, literalmente roubando as esperanças do Real Madrid.

56 minutos passados em cada jogo. Em Zaragoza, o Real Madrid, através de Van Nistelrooy, finalmente chegara ao empate. Contudo, não houve festa - em Barcelona, àquela mesma hora, os azuis-grenás chegavam ao 2-1, novamente através de Messi.

O sonho do título, cada vez mais distante da capital espanhola, praticamente foi destroçado aos 63 minutos na Romareda, quando Diego Milito chegou ao seu segundo gol, sentenciando o 2-1 em favor do Zaragoza.

Àquela altura, em Barcelona, um estádio lotado cantava "campeones, campeones".

Em Zaragoza, a massa madridista que fora apoiar seu time não conseguia se conformar com o destino que a Liga tomava.

Em Madrid, torcedores desconsolados assistiam a tudo atordoados. Alguns choravam. Outros, olhos no relógio, contavam quanto tempo havia para tentar um milagre.

Nada, absolutamente nada tiraria o título do Barcelona, que abriria três pontos de vantagem e só precisaria de um empate contra um time já rebaixado, para confirmar a conquista, na última rodada. Então, num daqueles momentos do futebol que se tornam mais legendários com o passar dos anos, o inconcebível aconteceu.

Em Zaragoza, no soar dos 89 minutos de tempo transcorrido, o matador Ruud Van Nistelrooy chegava ao seu segundo gol, subia ainda mais sua contagem na artilharia, e igualava as coisas para o Real Madrid, em 2-2. A fagulha de esperança que reacendeu no peito de cada madridista virou chama ardente quando, apenas 18 segundos depois, o silêncio tomou conta de Nou Camp: Tamudo, também chegando ao seu segundo gol no jogo, marcou o 2-2 para o Espanyol, no minuto derradeiro do clássico catalão.

Apenas um minuto - o decisivo - alterou completamente a tabela de classificação. Nas arquibancadas, nas cabines de imprensa, nas ruas, em toda a Espanha, a loucura tomou conta. Uma euforia que assim foi narrada pelas principais rádios espanholas:



A rodada de hoje foi o ápice do que é considerado o melhor Campeonato Espanhol de todos os tempos. Com os resultados, Madrid e Barcelona seguem empatados em 73 pontos. Na última rodada, enfrentarão Mallorca (em casa) e Nástic Tarragona (fora), respectivamente. Uma vitória dá o título ao Real Madrid.

Sobre La Romareda, nesse sábado, alguns madridistas juram ter visto uma figura cintilante, com suas longas asas 'blancas' abençoando o terreno de jogo. "El espíritu de Juanito estuvo en Zaragoza".

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