
Para começar, vamos lembrar a incrível Recopa Européia de 1995. Para quem não lembra, uma explicação rápida sobre o torneio: a Recopa Européia não tem nada a ver com a competição sul-americana de mesmo nome (que à época só reunia duas equipes, o campeão da Libertadores e o da Supercopa Libertadores). Na Europa, o torneio reunia os clubes campeões das copas nacionais dos países da Europa. Por muito tempo, a Recopa Européia (que também ficou conhecida como Copa das Copas, ou Copa dos Vencedores de Copas) foi o segundo torneio em importância no continente, superando a Copa da UEFA. Entretanto, por falta de datas, a disputa do troféu deixou de ocorrer após a temporada 1998/99 - a partir do ano seguinte, os vencedores de copas nacionais passaram a integrar a Copa da UEFA, fortalecendo este torneio.
Então, voltando à temporada 1994/95. A final daquele ano foi disputada no histórico estádio Parc des Princes, em Paris. Após várias fases classificatórias (sempre eliminatórias), os finalistas de 1995 foram apurados: eram o Arsenal, da Inglaterra, campeão em 1994 e favoritíssimo à conquista do título, defendendo o troféu - para chegar à sua segunda decisão consecutiva, os ingleses eliminaram, na ordem: Omonia Nicosia (Chipre), Brøndby (Dinamarca), Auxerre (França) e Sampdoria (Itália). O abusado adversário dos "gunners" era o Real Zaragoza espanhol. Tradicional equipe à nível nacional, o Zaragoza era tratado como uma grande surpresa do torneio e, para chegar a Paris, eliminou: Gloria Bistrita (Romênia), Tatran Presov (Eslováquia), Feyenoord (Holanda) e Chelsea (Inglaterra).
De um lado, a forte equipe do Arsenal, que entre outros, contava com o artilheiro daquela Recopa, Wright, que fizera 9 gols até ali. Tentando se opor ao claro favorito, estava um Zaragoza qualificado, entretanto, sem nenhuma grande individualidade. Foi nesse cenário que Arsenal e Zaragoza entraram no gramado sagrado de Parc des Princes, para decidir o então segundo troféu mais importante do continente.
A partida, como uma boa final, começou tensa. As equipes se estudavam e buscavam os ataques de forma calculada. O primeiro gol tardou, mas premiou a insistência do Zaragoza: eram 68 minutos de tempo corrido quando Juan Esnaider tirou o zero do placar. Delírio total dos torcedores espanhóis, que lotaram seu espaço no estádio, vislumbrando a possibilidade de ver seu clube conquistar o primeiro título internacional da história. Mas a alegria durou pouco, logo na seqüência, aos 76 minutos, Hartson balançaria as redes igualando o placar em um gol e devolvendo as esperanças do Arsenal. O jogo seguiu em 1x1, e acabou indo para a prorrogação.
Lá, as coisas seguiram complicadas. Um Arsenal favorito e qualificado pressionava bastante a equipe espanhola, que defendia-se como podia, tentando arriscar alguns contra-ataques. O empate, que levaria aos pênaltis, já era visto como um bom resultado e o Zaragoza conseguiu conter o ímpeto do Arsenal. Tudo indicava que o jogo iria para os pênaltis quando, faltando 15 segundos para o final dos 30 minutos de prorrogação, uma jogada despretenciosa do Zaragoza originou um dos gols mais inacreditáveis e lembrados até hoje, em decisões européias. Mohamed Ali Amar, o Nayim, tinha uma bola pelo lado direito de campo, pouco à frente do meio do gramado. Pressionado pela marcação, e buscando livrar-se da bola, para matar tempo, Nayim não teve dúvidas ao dar um chutão para a frente, afastando-a. Entretanto, o lance, aparentemente despretencioso, foi em direção ao gol e, o goleiro Seaman (ele mesmo, que levaria um gol de Ronaldinho Gaúcho na Copa do Mundo de 2002, em posição semelhante) adiantado, só percebeu o desastre quando era tarde: Gol do Zaragoza! Um gol aos 120 minutos de jogo, quando ninguém esperava mais absolutamente nada. Não havia tempo para reação inglesa e o Real Zaragoza era campeão da Recopa Européia em 1995!
Você pode conferir este gol "maluco", no vídeo abaixo. A emoção do narrador ao "contá-lo" mostra bem o que significou aquele tento:
O Zaragoza daquela incrível conquista jogou a final com a seguinte formação: Cedrun; Belsué, Cáceres, Aguado, Solana; Poyet, Aragón, Pardeza, Higuera; Nayim e Esnaider. Durante a partida, entrariam ainda Sanjuan e Geli.
Um comentário:
Inacreditável,e o pior foi que esses dias eu ouvi o jornalista Flávio Prado,sempre com seu imenso conhecimento sobre futebol internacional,dizer que o Zaragoza era time pequeno!
Onde já se viu chamar um clube espanhol com o nome de REAL de clube pequeno?
Em jogos mata-mata eu lembro de vários lances que decidiram no último minuto,mas no momento não me lembro de nenhum em decisão.E só prá constar,com esse já é o TERCEIRO erro crucial cometido pelo Seaman que eu fico sabendo,sendo que o último deles foi no jogo contra o Brasil,e tem gente que ainda acha que o gol do Ronaldinho foi sorte.
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