segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nos domínios de Assis

PORTO ALEGRE - Descansava em Porto Alegre. Imaginando alguns dias de ócio e MALEMOLÊNCIA, deixei as altas temperaturas do Centro do Rio Grande para saborear a tranqüilidade INTEMPESTIVA da metrópole. No domingo, o match entre Porto Alegre e Riograndense, decisivo para o porvenir da Segundona, estava confirmado nos planos. E só. Mas como estava assumidamente sem o que fazer, fui fisgado para TRABALHAR. Deveria ir ao Lami acompanhar o treino do Porto Alegre e fazer um boletim para a Rádio. Levantei-me dos sofás que SUGAVAM o meu tempo por intermináveis horas para rumar ao longínquo complexo esportivo de Assis e seus ASSECLAS.

Mas fui porque a proposta agradou – e porque prezo pela informação no Radar Esportivo. Poderia render, este passeio até a ZONA RURAL de Porto Alegre. Poderia e deveria render, porque andar TRINTA E CINCO quilômetros para pouco ou nada seria um motivo decente para estragar um dia. O problema é que saí de casa de mãos vazias. Sabia apenas que haveria treino pela manhã, mas as tentativas de conversação com VALDIMAR, o diretor de futebol do Porto Alegre FC, esbarravam nos BLOQUEIOS telefônicos. Sem saber se me deixariam entrar no Parque Lami, parti para compreender melhor como os euros ASSISENSES estão sendo investidos na Capital.

Após quarenta minutos de visões bem ecléticas da paisagem porto-alegrense, avistei um imponente (ou quase isso) pavilhão situado ao lado de um PARQUE AQUÁTICO. O estacionamento repleto de MERCEDES (mentira) dava a certeza de que havia chegado ao lugar certo. Mas faltava passar pelo porteiro. Eu sabia que seria difícil. Depois de me credenciar como repórter enviado por uma rádio santa-mariense, PEDI para ver o treino. O nobre GUARDIÃO disse para eu aguardar a chegada de VALDIMAR, que em cinco minutos estaria ao estádio, provavelmente vindo de HELICÓPTERO (não).

Eis que VALDIMAR aterrissa no Lami. Não de helicóptero, mas em um carro vermelho. Começou na ofensiva, certamente pensando em liquidar em poucos segundos aquele REPÓRTERZINHO interiorano. “Ninguém me ligou”, logo adiantou o homem. Defendi-me SOLETRANDO o número do seu celular, e esclarecendo que a ligação não se completava por culpa do SEU aparelho. Irritado com o 1-0 sofrido (?), Valdimar decidiu que eu não poderia assistir ao treino. “É CLARO que não, é um trabalho fechado.” Já pensando que teria que ENROLAR no meu boletim, arrisquei uma segunda tratativa. Perguntado se poderia liberar alguns dos jogadores para entrevistas, ele foi novamente direto – “é CLARO que sim”. Valdimar gostava de ser DEFINITIVO.

Agora restava esperar o Porto Alegre FC encerrar o seu trabalho secreto. Um mistério, o treino dos do Lami. Junto comigo, entrou no estádio outro carro com a suposta “arbitragem do amistoso”. Por que raios o Porto Alegre faria um amistoso na véspera de uma partida decisiva? Valdimar negou a existência do jogo. Disse se tratar apenas de um jogo-treino entre titulares e reservas – um coletivo. Foi o suficiente para a IRREAL idéia de que o Porto Alegre CONTRATASSE árbitros para os TREINOS brotasse na cabeça. Mas não faz absolutamente nenhum sentido, então o tal apitador deveria trabalhar em algum jogo da base. A verdade é que nunca saberemos o que se passou naquele sábado matinal.

Nos minutos de espera, aproveitei para admirar a estrutura. Implausível para uma Segundona. O Porto Alegre conta com APARTAMENTOS para os seus atletas, em que os solteiros e menos famosos passam as suas horas livres. Próximo ao prédio citado, há um lago DECORATIVO, rodeado de BANQUINHOS. Um funcionário contou que o Porto Alegre conta com três campos de treinamento e construirá mais quatro. Ou tem quatro e erguerá mais três, enfim. Mas essas não são as obras BOMBÁSTICAS que a família Assis Moreira levantará na Zona Sul. Elas estão por vir.

Conversando com um jornalista da ÚNICA rádio que cobre o COTIDIANO da equipe, quedei-me assustado. Segundo o repórter, os planos para 2010 são mais ambiciosos do que tudo já construído por Assis até agora. Se a equipe conquista a vaga na elite – o que parece muito natural depois da última partida – o estádio sofrerá uma grande reforma: arquibancadas contornarão todo o campo, triplicando a capacidade da cancha que já é, de longe, uma das mais bonitas e organizadas entre os clubes da Série B.

Mas nada comparável ao projeto que Assis calcula para iniciar também no ano que vem. Trata-se de uma Arena nos arrabaldes da RESTINGA, para cerca de CINQUENTA MIL espectadores, visando a Copa do Mundo do Brasil. Se competir com o Beira-Rio agora é inviável, a Arena do Porto Alegre deve receber a preparação e os treinamentos das seleções que se hospedarão na Região Metropolitana – segundo o mesmo jornalista. A iniciativa parece SURREAL, mas não soa como absurda depois de conhecer o que já foi feito – e a energia de quem manda – nos confins do Lami.

Agitado, Valdimar retornou e me acordou do DEVANEIO. Desculpou-se pela demora, mas justificou que as ocupações eram muitas. Prometeu que o técnico Lisca e mais três jogadores, entre eles ADÃO, estariam disponíveis logo o treino findasse. Aproveitou, então, para papear. Valdimar é um conhecido de longa data da família Assis Moreira. Foi, durante seis anos, PERSONAL TRAINER de Ronaldinho Gaúcho, durante a passagem do TRAIDOR (?) por França e Espanha. No Porto Alegre, coordena o futebol profissional e ilusiona um produtivo trabalho nas categorias de base. Garante que não contar com numerosa torcida e com espaço na mídia local não incomoda o Porto Alegre. O negócio é outro.

Os dirigentes sabem que competir popularidade em uma cidade que conta com dois campeões do mundo é um jogo perdido – ainda mais quando o clube não conta com história e tradição. “O Porto Alegre já NASCE como empresa”, anuncia Valdimar. Quer montar equipes fortes, revelar jogadores e fazer grandes NEGÓCIOS – simples assim. Para tal, aposta em condições sonhadas de trabalho para jogadores que por muito tempo penaram no áspero futebol do Interior. Marasca, ex-arqueiro do Ypiranga, de Erechim, e do Pelotas, diz que a estrutura do Porto Alegre FC é um diferencial mesmo em um campeonato em que o PULMÃO e o CORAÇÃO vencem partidas, como é o caso da Segundona.

Confrontar um clube ASSIM com o, por exemplo, MILAN, de Júlio de Castilhos, não é exatamente um exemplo de justiça – mesmo que eu aposte em uma vitória dos rubro-negros se a partida for em Júlio, com chuva e repleta de expulsões. Mas esta deve ser realmente a última temporada de convívio deste NOVO RICO com os VALOROSOS de sempre. Após a vitória de ontem, o Porto Alegre assumiu a liderança do quadrangular final da competição, faltando apenas duas rodadas para o fim. Seu estádio deve deixar de ser um oásis na Segundona. Mas seguirá sendo terrivelmente DESTOANTE na Zona Sul.

-> Para ler a respeito do jogo, clique aqui. Fotos minhas.

Um comentário:

Maurício Brum disse...

PROCESSOS empilham-se com em ritmo assustador sobre as mesas da Rádio Universidade e da sede do Futebesteirol.