domingo, 27 de julho de 2008

Vencer longe da orilha

Fred, Leandro Salino, Tiago Vieira, Leo Oliveira, Beto (depois Sandro), Augusto Recife, Xaves, Leo Silva (depois Luiz Fernando), Rodriguinho, Adeílson, Marinho (depois Henrique). O técnico é Ricardo Drubscky, e esse é o time que venceu o Internacional no sábado. Essa coisa é o Ipatinga. Merece ser respeitada por ser o que, com esforço, puderam construir por lá, mas continua sendo o pior time da primeira divisão. E ganhou do Inter por um a zero, gol de Beto aos 77 minutos.

Não há muito para se falar da partida. Comentários da Rádio Gaúcha definiram bem o jogo dizendo que as situações de gol coloradas, mais freqüentes, surgiram antes pela fraqueza do adversário do que pela qualidade apresentada pelo time vermelho. Nilmar perdeu uns gols imperdíveis, os mineiros tiraram umas bolas de cima da linha, Guto conseguiu chutar para fora uma pelota que sobrou na pequena área e o Ipatinga, na realidade, só teve duas chances realmente claras: duas bolas na trave – a segunda, com rebote para originar o gol.

Tite também errou, claro, e uma escalação cheia de volantes e apenas um atacante para encarar o lanterna, além das substituições desencontradas, são as evidências disso. Mas a questão não é mais o que o Inter deixou de fazer no Ipatingão, ontem, para ser derrotado pelo último colocado do Campeonato Brasileiro. O jogo de sábado deve ser somado a todos os anteriores disputados fora do Beira-Rio para ajudar a entender o que impede esse bom time de vencer como visitante.

Fora de casa, o Inter vem sendo agradável apenas aos adversários e secadores. Ontem era o dia para mudar isso, levar três pontos de volta a Porto Alegre e ficar a poucos passos do G4. Não se permitia resultado pior que o triunfo: um empate já seria maldito. Veio derrota. Não tem sucesso num campeonato desses quem fracassa tanto fora de casa. E o exemplo não é distante, nem geograficamente nem no tempo: o Grêmio de 2007 era assim, um leão no Olímpico e um franguinho longe do seu estádio. Aquele time, ao contrário desse Inter, chegou a vencer alguns jogos contra anfitriões, e mesmo assim não conseguiu ir à Libertadores, terminando de forma ridícula (a grande festa foi por, bah, rebaixar o Corinthians) e insossa o seu ano.

O Inter de 2008 tem potencial. Promete a vinda de reforços de peso e a construção de uma máquina. Em tese defendida por muitos desde o início desta Série A, é time para ir além dos resultados do rival Grêmio, que hoje é líder e continua visto como decadente iminente. O Inter de 2008 pode concretizar isso – desde que continue forte na margem do Guaíba e seja assim também longe dela. Mantendo-se no estilo atual quando distante da torcida, achicado contra bons times ou bizarrices como a escalação do início deste texto, a zona da Copa Sul-Americana é o máximo. E a Sul-Americana, diz a classificação, premia com vagas tanto o quase-na-Libertadores 5º colocado quanto o medíocre 11º. Igual a nada, portanto, para times que investem alto.

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Nos outros dois jogos do sábado, resultados de Fluminense 1-3 Cruzeiro e Náutico 1-2 Coritiba, devolvendo o ânimo aos mineiros, desesperando um Flu que segue sem reagir da maneira imaginada, e empurrando um pouco mais o Timbu para o fundo da classificação. Ao Coritiba, a vitória é, por ora, só um evento de uma campanha médio-boa.

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