quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Hyantony, o eleito pelos Deuses

Esqueça os Fenômenos, os Imperadores e os Sheiks. Ponha de canto os últimos monarcas, os nomes de RELEVO e os artilheiros de sempre. Esqueça Fofonka. Esqueça Sandro Sotilli. Esqueça Marcelinho, do Bagé, e Juba, do Panambi, dois goleadores de jornadas reduzidas pela eliminação de seus quadros. Esqueça até mesmo Adão, que ontem virou o goleador máximo da Segundona 2009. O futebol gaúcho é atormentado neste agosto por alguém que defende as mesmas cores que Adão, mas recebeu na PIA um nome que era uma predestinação: HYANTONY CANEDO.

Carioca, 24 anos, Hyantony tem rodado por alguns dos clubes históricos do PAMPA. Nesta temporada de Segundona foi para o inexpressivo-mas-rico Porto Alegre e passou a LÉGUAS de cogitar a artilharia. Mas quem vê seu total de gols hoje, oito, apenas metade dos dezesseis do companheiro Adão, engana-se ao pensar em mediocridade. Hyantony hibernava. Como um URSO, despertou feroz e faminto após a sonolência, e no quadrangular final tem sido mais infernal que o SOL desta quinta-feira. Em todo o campeonato, antes da fase decisiva, Señor Canedo havia marcado míseros três gols. Na etapa decisiva já foi às redes CINCO vezes em um trio de partidas. Homem de decisão, o camisa 10.

Quinta-feira passada dera o primeiro sinal no Lami. Enquanto o Riograndense batia o Pelotas por RECATADOS 2 a 1, no duelo dos tradicionais que chegaram a essa fase, os novatos Cerâmica e Porto Alegre divertiam-se como DEVASSOS. Despudorados, infligiram aos cordões oito BALANÇADAS, repartidas igualmente. O Cerâmica chegou a abrir 1 a 4. O Porto Alegre buscou o empate. No meio da loucura, SOERGUEU-SE o artilheiro desses dias: Hyantony marcou três vezes naquela tarde. Num grupo de seis partidas e nada mais, um feito isolado que se repete pelo menos uma vez já pode subir ao patamar de CONSTANTE. Essa mudança de condição da artilharia decisiva de Hyantony se deu ontem, em Santa Maria, com mais dois golos.

Os Eucaliptos acolheram um público que manteve a grande média das jornadas recentes, e até um cidadão vestido de periquito foi prestar SERVIÇOS como mascote dentro de campo. Adiado em função das chuvas que alagaram o gramado no domingo, o jogo era a oportunidade de recuperação para um Porto Alegre que, apesar da COPEIRICE de remontar o empate na rodada anterior, tinha só um ponto. O técnico Lisca, porém, não precisaria usar isso para arrancar motivação dos seus atletas. Nem qualquer outra coisa. Entrar com os olhos vermelhos pela disposição de JOGAR MAIS foi desnecessário contra um Riograndense que, desfalcado de quatro homens, fez uma apresentação que perderia até para o São Gabriel, o time de pior campanha entre os eliminados na PRIMEIRA FASE do campeonato.

Literalmente do início ao fim, o Riograndense esteve desastroso: levou um gol antes do segundo minuto de partida e errou um pênalti aos quarenta e nove do segundo tempo. Hyantony, claro, foi quem fez os rodados da carreta capitalina começarem a passar por cima do time da Boca do Monte, marcando aquele tento inaugural. Nada que veio depois surtiu efeito. Parecia ter brigado com as divindades, o Riograndense. O SACERDOTE Bonaldi, a certa altura, tentou aplacar o descontentamento do infinito azul acima da sua cabeça. Pegou um adversário, PARTIU-LHE ao meio, e na sequência fez uma GENUFLEXÃO (foto), como se estivesse dando o corpo do rival em OFERENDA aos céus.

Mas até Bonaldi, ontem, foi ignorado. Aos 64 minutos, quando ele tentava afastar da área um cruzamento, os ZOMBETEIROS que regem o universo deram a mais EXPLÍCITA evidência de que estão MANCOMUNADOS com Assis e seus amigos, tendo eleito Hyantony como EMISSÁRIO disso. Bonaldi tirou de cabeça. A bola foi. E voltou. No meio do caminho, encontrou Hyantony de costas, desviou nele e retomou a direção das redes, absurdamente. Instantes depois de anotar o 0 a 2, com sua parte concluída, o camisa 10 do Porto Alegre foi sacado de campo. E o Riograndense permaneceu mal.

Giovani foi a representação humana da tarde de erros. Afobado ou simplesmente mau OBSERVADOR, adiantava-se ad nauseam e sem motivo, ficando em sucessivos impedimentos. Muitas vezes a pelota estava ainda no campo de defesa dos santa-marienses, e Giovani já se encontrava a alguns corpos de vantagem em relação aos seus marcadores. Irritado com o que seria a quinta ou sexta jogada ilegalizada em pouco mais de meia hora, meio estádio se levantou e berrou “volta”. Gesticulavam, até. Giovani, com uma cara de “é comigo?” olhou para as arquibancadas e viu mãos mandando-lhe para trás. Seguiu o conselho e recebeu aplausos. No segundo tempo, atuaria mais recuado, lançando a bola para companheiros – dessa vez, contudo, eram eles que ficavam em posição irregular. E o Porto Alegre nem se esforçava para fazer algo como uma linha de impedimento! Não era a tarde do Riograndense.

Adão, cujas cãimbras insuportáveis impediram até a celebração do tento, mas não a sua marcação, meteu o 0 a 3 aos 79 (foto). Oito minutos mais tarde, no que parecia uma TRÉGUA, permitiu-se que a torcida de Santa Maria celebrasse, ainda que timidamente, a ida de Rafael Viana às redes, descontando. Novamente, contudo, era EMBROMAÇÃO. Bastaram trinta segundos para que a bola fosse recolocada em jogo, a zaga do Riograndense não prestasse atenção e o reserva Michel Moraes driblasse até o arqueiro Douglas para meter o 1 a 4. Derrota idêntica, em números, àquela para o Pelotas, em casa, na fase anterior – mas dessa vez sem juiz para reclamar, sem expulsões e sem pênaltis contra. Pênalti, sim, a favor. Nos acréscimos, Silvano mandou nas mãos de Marasca a nova oportunidade de salvar um pouco da DIGNIDADE (entenda-se SALDO DE GOLS) periquita ontem. Sem saber como descontar as MÁGOAS, os aficionados puseram-se a cuspir nas costas do bandeirinha.

O Riograndense, GAIATO dessa fase final, clube mais pobre e agora lanterna do quadrangular, terá dois jogos fora de casa pela frente – o primeiro no Lami, domingo. Precisa de algum triunfo para não viver a MELANCOLIA de disputar a última rodada, nos Eucaliptos, sem chances de subir. O Porto Alegre vai para o returno com duas partidas marcadas pro seu estádio, incluindo a última. E tem nas suas linhas de frente um Adão artilheiro e um Hyantony ABENÇOADO por essas semanas. Não existe JUSTIÇA se uma EMPRESA ocupar o lugar de quadros tradicionais e com torcida na primeira divisão. Mas quem disse que o dinheiro de Assis não chegaria aos Deuses do Futebol?

Fotos: Iuri Müller (1, 2, 4, 6 e quadro) e Maurício Brum (3, 5 e 7).

Um comentário:

ellen disse...

Eu sabia Hyantony!!!Parabéns e feliz por ti!!