sábado, 11 de abril de 2009

Verano de 42

Há anos, em Kiev, me contaram por que os jogadores do Dínamo tinham merecido uma estátua.

Contaram uma estória dos tempos dos anos de guerra.

Ucrânia ocupada pelos nazistas. Os alemães organizam um jogo de futebol. A seleção nacional de suas forças armadas contra o Dínamo, de Kiev, formado pelos operários das fábricas de tecidos: os super-homens contra os mortos de fome.

O estádio está lotado. As arquibancadas se encolhem, silenciosas, quando o exército vencedor mete o primeiro gol da tarde: se acendem quando o Dínamo empata, estalam quando o primeiro tempo termina com os alemães perdendo por 2-1.

O comandante das tropas de ocupação envia seu assistente aos vestirários. Os jogadores do Dínamo escutam a advertência:
- Nosso time nunca foi vencido em territórios ocupados.

E a ameaça:
- Se ganharem, serão fuzilados.

Os jogadores voltam ao campo.

Poucos minutos depois, terceiro gol do Dínamo. O público acompanha em pé, e em um único longo grito. Quarto gol: o estádio vem abaixo.

De repente, antes da hora, o juiz dá por terminado o jogo.

Foram fuzilados com as camisetas, no alto de um barranco.

Eduardo Galeano, no livro "Dias e noites de amor e de guerra."

Um comentário:

Sancho disse...

A história não foi bem assim. Galeano publicou a lenda.

Há um livro sobre os fatos: "FUTEBOL E GUERRA: RESISTENCIA, TRIUNFO E TRAGEDIA DO DINAMO NA KIEV OCUPADA PELOS NAZISTAS" de Andy Dougan.

http://books.google.com.br/books?id=_wdjWwSAd4cC&dq=Futebol+e+Guerra%22+Andy+Dougan&printsec=frontcover&source=bl&ots=5pTyMnmx1k&sig=Iz5byz_mu8iO-R2ZEoWLKMNn55k&hl=pt-BR&ei=Bx3jSdf0D8LJtge8nsy2DA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7

Um abraço.