
Sair campeão de maneira tão absoluta e simples talvez não seja o exemplo de título mais comemorado pelo torcedor. A autoridade colorada tornou-se evidente na vasta lista de goleadas na campanha: os vermelhos massacraram, no primeiro turno, o Sapucaiense (4-0), a Ulbra (4-1), o Caxias (5-1) além de duas vitórias no clássico. Na Taça Fábio Koff, o poderio ofensivo foi ainda mais impactante: 4-0 no Veranópolis, 7-1 no Brasil-PE, 4-1 no Novo Hamburgo, 6-2 no Esportivo, 4-0 na Ulbra e 8-1 no Caxias, hoje à tarde. A parte mais deliciosa de um título como esse, porém, encontra-se no outro lado da rivalidade. Apesar da liderança e do desempenho regular do Grêmio na Copa Libertadores, o fato de ver, impotente, o outro ser tão melhor em plena Província machuca até o mais confiante dos gremistas. O triplo 2-1 no derby, inclusive, foi o fator que mais pesou na demissão de Celso Roth, incapaz de superar o pastor Tite nos clássicos estaduais.
E se a desgraça alheia deu mais sabor à conquista, o desempenho do ataque foi a característica mais notável do Internacional no campeonato. Com Taison e Nilmar o colorado foi extremamente ofensivo sem necessitar de um terceiro atacante. Com Taison e Nilmar o esférico parou no ataque, as investidas fluíram naturalmente e surgiram, de seus pés, 28 tentos. Com Taison e Nilmar, o Internacional mesclou velocidade, força, finalização e técnica refinada. O melhor ataque da competição ainda teve em Alecssandro, Andrezinho e D'Alessandro companhias de grande competência para chegar ao arco adversário.
A defesa teve em Índio um líder firme e eficiente. Victor teve em Índio o seu carrasco. Por duas vezes. Zagueiro de duas áreas, Índio recebeu até comparações com Figueroa, mais do que um ídolo, um herói colorado. Foi o grande nome defensivo de uma campanha que teve indiscutivelmente mais méritos ofensivos. Bolívar foi um lateral apenas discreto, que se restringiu a uma única função. Álvaro, de belo início, terminou o campeonato na rota inversa da que seguia o restante do time: as atuações do zagueiro caíram de produção. Kléber, o lateral da seleção brasileira, é um regalo que o Inter possui em sua banda esquerda. Mas que pode e vai render mais do que mostrou. Já Índio, mesmo distante dos holofotes do ataque, conseguiu a façanha de ser tão protagonista do título quanto os delanteros Taison e Nilmar.
Resta citar os acontecimentos improváveis da tarde fria que Porto Alegre viveu hoje. 7 gols a 0 em apenas quarenta e cinco minutos. Massacre que não presenciei. Estava muito ocupado passando frio no Estádio Presidente Vargas, em Santa Maria, onde duelavam os juniores de Inter-SM e São Luiz de Ijuí. Desinteressante ou não, o espetáculo foi o programa escolhido inclusive por alguns colorados. Enquanto uma correria pouco produtiva era vista no gramado, o rádio anunciava o absurdo portoalegrense. A vitória e o título do Inter já estavam no roteiro imaginado. Os incríveis sete gols, porém, desencadearam frases de espanto dos presentes: "Taison e Nilmar por mais dez anos!", "Vai passar de dez, vai passar de dez.", "É o novo Rolo Compressor!". No intervalo, tomados por um entusiasmo que um acontecimento histórico provoca, as arquibancadas esvaziaram-se: muitos foram para casa conferir se era mesmo verdade o que um enlouquecido Pedro Ernesto Denardim berrava na Gaúcha. Tempos depois, foi a minha vez de ter a certeza: "é, foi 8-1 novamente." Poucos minutos passados das seis horas da tarde, encerrava-se o primeiro grande jogo do segundo século de história do Sport Club Internacional. Hoje, o melhor time do Brasil.
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