Uma transmissão cortada. Uma raça interminável. Uma dolorosa queda. Esse é o resumo do que aconteceu na última partida da lendária Turquia na Euro 2008. A despedida do quadro que desrespeitou a palavra “impossível” merece mais que um resumo. Os otomanos deram um exemplo eterno de persistência, e não há derrota que apague isso. O impossível fora feito com três remontadas nascidas de gols nos últimos minutos em três partidas consecutivas. Por que não uma quarta vez? Hoje, o impossível era complicar a Alemanha.
Haviam desfalques e cansaço. Cogitações de escalar um goleiro na linha pela falta de jogadores à disposição e um dia a menos de repouso em comparação com os adversários. Havia desnível técnico. Consciente das suas dificuldades, a equipe de Fatih Terim não se acovardou: optou por uma postura de ataque. Aos germânicos, os quinze minutos iniciais foram o horror, sob a forma de cada ataque dos de vermelho. A bola na trave aos 12 minutos foi o ponto alto entre tantas investidas turcas. O estádio ia ao seu lado, engolindo a Alemanha com vaias cada vez que ela tinha a posse do esférico. Era uma torcida diferente daqueles tradicionais apoios ao suposto time mais fraco: a motivação de torcida pela Turquia era, antes da piedade, a admiração.
A Turquia fez 1-0 aos 22, saboreou mais um pouco de improbabilidade por algum tempo e sofreu o empate aos 26. Do outro lado estava a força do pragmatismo alemão. E a Alemanha vence o futebol-arte, vence o futebol-força, vence o futebol-raça. A Alemanha vence. E ponto. Venceria mais uma sensação, como fez com as do passado. Venceria os imortalizados adversários. Mas venceria para ninguém ver.
Enquanto o jogo da Basiléia se mantinha no 1-1, uma chuva no país vizinho encharcava Viena. Posto central de retransmissões do sinal ao redor do mundo, a capital austríaca passou a emitir um manto negro aos ansiosos espectadores. Saber o que ocorria no Sankt Jakob-Park voltou a ser como em décadas passadas: só quem estava no local acompanhava e dava as informações na hora. O planeta futebolístico estava sem sinal, alienado.
Na escuridão, saiu o gol de Klose, o 2-1 alemão aos 79 minutos. Também na ausência de imagem seria buscado, do fundo da alma, outro renascimento turco, por Semih Sentürk, aos 86.
Ele ainda comemorava quando a ação voltou à TV. Voltou apenas por capricho. A atrasada tecnologia do século XXI faria o sinal estar ali apenas de passagem, para sumir a seguir. Mas o pouco tempo seria suficiente para ver a punhalada que deixou a Turquia agonizante. Antes do jogo, temia-se pelo cansaço excessivo de um time tão exigido física e psicologicamente. Os turcos estiveram firmes, desmentiram o medo na partida inteira. Ou quase. Não desmentiram no último lance antes dos acréscimos. Alguns metros aquém da linha central, no seu próprio campo, o marcador de vermelho caiu no chão, contorcendo-se em dores. Extenuado. A Alemanha, com a jogada dominada, seguiu. Lahm trocou passes com Hitzlsperger e, na saída de Rüstü, já na área, bateu forte. 90 minutos, 3-2.
A Turquia, como naquela jornada épica contra a Croácia, provava do veneno que gostou de usar nos outros. Agora, diferentemente daquele embate, não tinha pernas para fabricar antídotos. O envenenado punhal alemão feriu de morte a Turquia, deixada ofegante, para desfazer seus sonhos diante dos aplausos da torcida. Uma cena triste. Dolorosa. Não podia acabar daquela maneira, não podiam ser aqueles acréscimos de tortura a última lembrança de uma epopéia do tipo. E não foram. O sinal caiu novamente.
Haviam desfalques e cansaço. Cogitações de escalar um goleiro na linha pela falta de jogadores à disposição e um dia a menos de repouso em comparação com os adversários. Havia desnível técnico. Consciente das suas dificuldades, a equipe de Fatih Terim não se acovardou: optou por uma postura de ataque. Aos germânicos, os quinze minutos iniciais foram o horror, sob a forma de cada ataque dos de vermelho. A bola na trave aos 12 minutos foi o ponto alto entre tantas investidas turcas. O estádio ia ao seu lado, engolindo a Alemanha com vaias cada vez que ela tinha a posse do esférico. Era uma torcida diferente daqueles tradicionais apoios ao suposto time mais fraco: a motivação de torcida pela Turquia era, antes da piedade, a admiração.
A Turquia fez 1-0 aos 22, saboreou mais um pouco de improbabilidade por algum tempo e sofreu o empate aos 26. Do outro lado estava a força do pragmatismo alemão. E a Alemanha vence o futebol-arte, vence o futebol-força, vence o futebol-raça. A Alemanha vence. E ponto. Venceria mais uma sensação, como fez com as do passado. Venceria os imortalizados adversários. Mas venceria para ninguém ver.
Enquanto o jogo da Basiléia se mantinha no 1-1, uma chuva no país vizinho encharcava Viena. Posto central de retransmissões do sinal ao redor do mundo, a capital austríaca passou a emitir um manto negro aos ansiosos espectadores. Saber o que ocorria no Sankt Jakob-Park voltou a ser como em décadas passadas: só quem estava no local acompanhava e dava as informações na hora. O planeta futebolístico estava sem sinal, alienado.
Na escuridão, saiu o gol de Klose, o 2-1 alemão aos 79 minutos. Também na ausência de imagem seria buscado, do fundo da alma, outro renascimento turco, por Semih Sentürk, aos 86.
Ele ainda comemorava quando a ação voltou à TV. Voltou apenas por capricho. A atrasada tecnologia do século XXI faria o sinal estar ali apenas de passagem, para sumir a seguir. Mas o pouco tempo seria suficiente para ver a punhalada que deixou a Turquia agonizante. Antes do jogo, temia-se pelo cansaço excessivo de um time tão exigido física e psicologicamente. Os turcos estiveram firmes, desmentiram o medo na partida inteira. Ou quase. Não desmentiram no último lance antes dos acréscimos. Alguns metros aquém da linha central, no seu próprio campo, o marcador de vermelho caiu no chão, contorcendo-se em dores. Extenuado. A Alemanha, com a jogada dominada, seguiu. Lahm trocou passes com Hitzlsperger e, na saída de Rüstü, já na área, bateu forte. 90 minutos, 3-2.
A Turquia, como naquela jornada épica contra a Croácia, provava do veneno que gostou de usar nos outros. Agora, diferentemente daquele embate, não tinha pernas para fabricar antídotos. O envenenado punhal alemão feriu de morte a Turquia, deixada ofegante, para desfazer seus sonhos diante dos aplausos da torcida. Uma cena triste. Dolorosa. Não podia acabar daquela maneira, não podiam ser aqueles acréscimos de tortura a última lembrança de uma epopéia do tipo. E não foram. O sinal caiu novamente.
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