Com Cristiano Ronaldo, nasceu o primeiro gol, como nasceriam os posteriores. Uma bela e rápida troca de bola na frente da área tcheca resultou num passe muito adiantado, em que o goleiro Cech sempre foi favorito para agarrar a sobra. Mas Cristiano Ronaldo acreditou, ganhou a redonda. Não fez o gol. Cech salvou na primeira. Então a bola correu para a esquerda, de onde Deco chegava para bater. Cech salvou na segunda tentativa também. Sucumbiu à terceira. Caído, tentou uma última impulsão, enquanto via o chute do camisa 20 ir às redes, desviando antes num zagueiro sobre a linha fatal.
Esse foi o 0-1, aos 8 minutos de uma partida em que a alternância real se fez presente. Lá e cá, assim foi a criação de chances – diferente do Holanda 3-0 Itália, pois hoje, em Genebra, os dois lados tiveram sucesso nas suas tentativas. Lá e cá, assim foram também os gols desta quarta-feira. Os tchecos buscaram o empate no minuto 16, sendo o primeiro time dessa Euro a, saindo atrás na contagem, voltar à igualdade: em cobrança de escanteio pela direita, a pelota chegou para cabeçada forte de Sionko, indefensável para o pobre Ricardo. Cruzamentos, lançamentos, escanteios, aí estava o caminho do ouro para a República Tcheca. Numa partida sem superiores, a equipe de Luiz Felipe Scolari teve sérios problemas para conter as bolas erguidas em sua área – invariavelmente, um desespero.
E na etapa complementar, foi nisso que os tchecos apostaram. Sem sorte, perderam uma meia dúzia de boas ocasiões em cruzamentos. Ricardo nada achava. Com o ar de inimigo, Portugal tentava tabelar pelo chão, a exemplo do lance do gol. Sem a mesma facilidade de antes, demorava para converter em gols o maior volume de jogo demonstrado no início do segundo tempo. Ao contrário dos tchecos e seus esféricos voadores, levaria melhor sorte. Num momento em que a defesa da República Tcheca voltou a folgar, Deco apareceu na direita, tocou para o meio da área e, lá, chegava Cristiano Ronaldo. Seu tiro de primeira morreu no canto direito de Cech, sem defesa. Iam 63 minutos de tempo corrido e Felipão achou melhor optar pela prudência. Aos poucos foi recuando seu time, fazendo substituições defensivistas e apostando nos contra-ataques. Antes uma simples preferência tcheca, os lançamentos se tornaram obrigatórios diante do aperto na marcação.
A pressão aumentou. Ricardo arrebentava os corações portugueses a cada saída ruim do gol. Incrível, o acúmulo de ocasiões não aproveitadas pela República Tcheca. Merecido, o seu castigo ao final da partida. O contra-ataque que Felipão esperou ao recuar seu time veio nos acréscimos, aos 90+1. Com Cristiano Ronaldo, claro! A correr livre desde quase o meio de campo, ele alcançou a área de Cech e, tirando o arqueiro da posição, apenas rolou para Quaresma completar para o fundo da goleira aberta. Numa partida boa entre as prováveis maiores forças do Grupo A da Euro 2008, um 1-3 convincente de Portugal, uma afirmativa atuação do seu principal jogador, e uma vaga nos mata-matas.
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