Futebol de campeã. Isso a Holanda vem jogando. Absurda a qualidade mostrada pelos comandados de Marco Van Basten na rodada desta sexta-feira no Stade de Suisse em Berna. Os laranjas pareciam um furacão a engolir, estuporar, e destruir a pobre França e suas aspirações continentais. Em somente nove minutos, Kuyt cabeceou às redes um escanteio vindo da direita, vazando a meta de Coupet pela primeira vez na noite (foto abaixo, à direita).
Viria mais. Esperava-se indignação dos bleus após o mau começo, a tenebrosa atuação no 0-0 diante da Romênia. Pode ter havido, mas um ânimo pela mudança não era suficiente para conter o extraordinário futebol de uma Holanda a se apresentar como se costumou ver nos velhos tempos. Era monstruoso o desnível técnico entre as duas equipes – e a França não é nenhum time de cabeças-de-bagre. Aos 59 minutos, nasceu o 2-0: Van Persie surgiu no meio da área para desviar à meta um cruzamento vindo da esquerda, contando ainda com falha do arqueiro Coupet para converter o gol. Jogada que nasceu em contra-ataque, mais um, como fora na estréia, e esse incluiu até roulette de Van Nistelrooy na linha lateral, no início da criação.
Novos ataques se seguiram. A Holanda tinha sede do sangue dos seus adversários, e não se contentava com a vantagem confortável. Entretanto, desperdiçou chances, e nisso os franceses chegaram ao gol, através de Henry, aos 71. Apenas uma enganação, pois não era duelo parelho, como o 2-1 poderia indicar. Logo na saída de bola, os neerlandeses foram outra vez para cima e, um minuto depois de sofrerem o desconto, estavam comemorando mais um golo seu, após linda jogada de Robben concluída em chute ainda mais belo. Brilhante. Coupet, um baixinho, continuaria tendo problemas até o final do jogo, perigando ser encoberto a cada lance ofensivo laranja. Foi vencido por um chute alto de Sneijder, aos 90+2 minutos, no golazo dos 4-1 em que a pelota ainda bateu no travessão antes de entrar.
No primeiro tento holandês, o do escanteio, o arqueiro gaulês ficou por alguns instantes procurando a bola à sua frente, até consatar que ela já havia entrado na goleira. A França, sem resquício algum da força de outrora, também ficou procurando a bola no jogo de hoje – durante todo o tempo em que ela correu. Foi vítima de um futebol de vencedora mostrado pela Holanda. Goleando as atuais campeã e vice do mundo, a Laranja Mecânica, agora novamente merecedora do nome, se põe de favorita para erguer a Euro. Para concretizar isso, terá que superar, além dos adversários, o antigo estigma de ser derrotada em fases decisivas. Em 1974, o Carrossel de Cruyff também encantou o mundo – e não levou taça para casa.
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