O jogo precisava de uma pequena faísca que o fizesse explodir. Explodir numa emoção efêmera e se apagar depois, morrendo na mesma ruindade que começara. A faísca veio no espantoso aparecimento de Ibrahimovic, fez a explosão nascer com seu gol, e esta ainda deixou uma fumaça para que a infelicidade grega completasse o placar da noite, cinco minutos depois. Cinco minutos, isso foi o que durou o jogo de futebol em Salzburgo.
Antes desses cinco minutos, viu-se pouco futebol. Havia jogo, futebol não, pra variar... E o que ocorreu antes desses cinco minutos foi quase uma hora de partida. Partida sem emoções, não muito criativa. A Grécia, que não é boba, manteve sua doutrina de quatro anos atrás, sendo retranqueira ao extremo. Venceu assim, por que não manter? Só se esqueceu que também precisa levar algum perigo ao outro lado do campo para obter sucesso. Hoje, suas chances foram geralmente em bola parada ou chute distante, e não eram exatamente perigosas, apenas faziam a pelota chegar nas mãos do goleiro Isaksson. Sua mais nítida ocasião de abrir o marcador foi em cabeçada de um defensor sueco contra a própria meta, já no segundo tempo.
A Suécia chegava mais. Um pouco mais. Bem pouquinho. Na verdade, quase nada mais. Mas tinha uma criação superior, nem que fosse no nível de dois lances contra um. Parecia satisfeita com isso, parecia satisfeita com uma atuação que, se suficiente para superar a Grécia, não bastava para tirar o zero a zero do marcador. Para isso, seria preciso a tal faísca. Zlatan Ibrahimovic a representou quando, no minuto 68, depois de apagado no jogo inteiro, apagado nos últimos três anos sem marcar um gol pelo selecionado nacional, surgiu pela direita ofensiva sueca, na diagonal, tabelou com um companheiro e, da entrada da área, mandou um poderoso disparo cruzado a cortar o ar para vencer Nikopolidis. Como uma súbita cadeia montanhosa no meio de uma planície, ou mais propriamente uma faísca seguida de explosão no que até ali eram trevas, veio um golaço numa partida modorrenta.
Uma audácia. Aquela maleza de antes do gol devia estar boa para o treinador sueco, que puniu Ibra três minutos depois, substituindo-o. A explosão morria. Restava a fumaça. Quiçá tenha sido ela a ofuscar os gregos no confuso lance do 2-0. Cinco minutos depois, aos 73, a Suécia perdeu gol incrível, mas o esférico continuou na área helênica, sobrou para Hansson, praticamente sob o arco, e ele bateu prensado, cercado por dois zagueiros e o goleiro, tentando de alguma forma fazer a pelota passar. Passou. E acabou o futebol ali.
Esvaíram-se os cinco minutos. A Suécia não criou mais. E nem a Grécia, ao menos não com muita convicção, pois a ela falta ataque. Acabou 2-0, complicando a situação dos atuais vencedores do torneio. Depois da faísca, da explosão e da fumaça, ficaram as cinzas. Talvez sejam as sobras de um sonho de bicampeonato.
Um comentário:
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