quarta-feira, 19 de março de 2008

O maior Racing da história

El Sardinero, local onde Santander se põe a sonhar

Em Santander são vividos dias de festa. No distante agosto de 2007, quando a temporada espanhola dava seus primeiros passos, o objetivo do grande clube local, o Racing, era óbvio: evitar o rebaixamento, permanecendo entre os times da elite do país. Quem poderia pensar diferente? Desde que foi promovido de divisão, o Racing não teve uma trajetória das mais brilhantes, sempre se equilibrando nas últimas posições acima do descenso: 16º lugar em 2003, 17º em 2004, 16º em 2005 e 17º em 2006.

Na temporada passada, um décimo lugar, melhor colocação desde o acesso, representou a primeira temporada tranqüila do clube. Ninguém imaginava, mas aquilo era o princípio da montagem do melhor Racing da história. "Estou satisfeito... por conseguir a salvação", disse há algumas semanas, com certa ironia, o treinador Marcelino García Toral, após o time vencer o Betis por 3-0 dentro de casa e assegurar sua permanência na elite por mais um ano. A verdade é que, àquela altura, nenhum analista ousava colocar o time de Santander entre os postulantes à desgraçada vaga na segundona: o time era quinto colocado, estava uma posição abaixo da inédita classificação à Champions League. Mais ainda: o Racing já figurava, também, nas semifinais da Copa do Rei, a melhor participação no torneio eliminatório desde a fundação do clube.

Essa equipe, que faz os torcedores lotarem o estádio El Sardinero para sonhar, tem muitos nomes inseparáveis dos bons resultados obtidos em campo. Dizem que um grande time precisa começar por um grande goleiro - pois o Racing desta temporada começa com dois: Coltorti e Toño. Igualmente seguros, ambos foram verdadeiras muralhas quando tiveram suas chances - Toño, que já tivera passagens no clube, acabou se lesionando durante a temporada, dando oportunidade para o companheiro mostrar sua capacidade. Os destaques estendem-se para os outros setores do campo: nas linhas defensivas, César Navas, Luis Fernández, Moratón, Oriol, Garay, Pinillos e outros bons reservas dão segurança à torcida; no meio, ressurreições por todas as partes: Colsa substituiu as vaias que recebia no Atlético de Madrid por ovações em Santander, Duscher e Pablo Álvarez vieram para triunfar após não conseguir sucesso em La Coruña, e Jorge López vem dando raça para recuperar tudo aquilo que as lesões lhe negaram no passado. Finalmente, na parte ofensiva, aparecem o rápido Oscar Serrano, o eterno Munitis, Tchité, goleador da equipe, e Iván Bolado, jovem prata-da-casa que promete se adonar da camisa 9 pelas próximas temporadas.

O Racing, com mais de onze heróis, baixou um pouco na tabela, mas ainda sonha com a Europa: é sétimo colocado, soma 44 pontos, e está a uma vitória de distância do Atlético Madrid, último time que iria à Champions League. Mesmo que a vaga no principal torneio continental não venha, uma provável classificação à Copa da UEFA já seria um prêmio doce para aqueles que tiveram pesadelos em começar 2008/09 na divisão inferior. Aos torcedores do Racing, pouco importa a decadência da Liga nacional. Se alguém conseguiu capitalizar a fraqueza dos grandes, foi o time de Santander, obtendo os mais gloriosos resultados de uma história que começou em 1913. Hoje, uma vez mais, o Sardinero lotará, para noventa minutos que aspiram o inédito. Pelas semifinais da Copa do Rei, o Racing recebe o Getafe precisando remontar um 3-1 sofrido na partida de ida para fazer história e chegar na decisão. Qualquer que seja o resultado, o time merecerá todos os aplausos dos aficionados.

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