terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A falta de Tabaré

Texto de Aldyr Garcia Schlee

Se a lenda for maior do que o homem,
imprima-se a lenda.

Estou ouvindo a decisão por pênaltis do jogo Peñarol x Nacional que indicará a segunda vaga do Uruguai na Taça Libertadores da América - e me lembro de Tabaré; me lembro dele porque foi único.

Sei que Scarone, por exemplo, até hoje é considerado o melhor do mundo - superior inclusive a Pelé e a Maradona - porque jogava nas dez posições; mas, principalmente, porque nunca errava pênaltis: em 22 anos de futebolista, chutou 117 penais e fez 116 golos (um pegou na trave, contra o Wanderers).

Aliás, sobre Scarone contam que, quando já havia retirado das canchas, foi convidado a almoçar com os jogadores da seleção nacional uruguaia que se preparava para a estréia no Campeonato Sul-Americano, em Montevidéu: compareceu de terno e gravata, solene nos atos e definitivo nas opiniões, inclusive quando todos concordavam que penal é uma loteria, golo de penal um acidente - lo de los penales es algo que no se puede prever, es algo fortuito, diziam; e ele discordou totalmente, com a autoridade de quem só errara um em cento e dezessete. Penal não se pode errar, converter golo de penal é obrigação de qualquer profissional: ficamos a onze passos de um homem parado no meio de dois paus separados por sete metros e pico - os que sabem chutar uma bola, e ganham para isso, não têm o direito de errar, basta mirar nas redes e pegar bem na pelota (tirale fuerte que está adentro!) que já não haverá quem ataque. Então, Aníbal Paz e Roque Máspoli, os arqueiros do selecionado, foram desafiados por Scarone para saírem ao campo de treinamento e tentarem atacar os penais chutados por ele. Aí eles se fardaram e viram colocar-se diante da bola, de terno e gravata, aquele homem antigo, solene e definitivo, atirando para as redes uma, duas, três, quatro, cinco bolas seguidas, ante cada um, sem que pudessem esboçar o mínimo gesto de defesa. Não errou um penal!

(No arco da Tribuna Colombes começa a cobrança dos pênaltis. Sergio Martínez bate o primeiro para o Peñarol e vence Seré: 1 x 0)

Pois bem: mas Tabaré foi único. Não consta que ele uma única vez tenha errado pênalti ou feito golo contra. E foi a vida inteira um beque de área que tanto comandava os outros ali atrás, tirando bolas impossíveis de cima da linha, como sempre cobrava todas as penalidades máximas favoráveis, dando um pelotaço seco e direto: para as redes.

Na sua área, da qual se sentia como dono, ele era um tipo enfurecido, aos gritos com os companheiros, com o próprio goleiro, cara franzida, gestos de quem esmurra um - e para ele não havia bola dividida, muito menos bola perdida: se antecipava, despachava todas, metia o pé para decidir sempre a seu favor, sabe lá com que risco, que só os adversários poderiam imaginar (era como se nunca levasse a pior, como se jamais tomasse um golo ou perdesse uma partida).

Quando havia um pênalti a favor de seu time, enquanto os outros festejavam ou apenas sorriam, ele atravessava o campo devagar, mirando os bicos das próprias chuteiras, pegava a bola e colocava na marca, sem olhar para o juiz ou para o goleiro contrário (não ficava e mãos na cintura, não tirava muita distância, não se virava para os lados); só esperava a autorização e então chutava forte para dentro do golo, voltando-se calado, a passo, para meio do campo, enquanto os outros vinham cumprimentá-lo.

(É a vez do Nacional. Soca chuta para as redes e faz o golo do empate: 1 x 1)

Chamava-se Tabaré. Nunca errou um pênalti, nunca fez golo contra (nem em treino). E me disseram que se matou faz pouco. Só sabem que se matou (calculo que tivesse setenta anos, por aí). E não me ocorre por que ia se matar, logo ele, não me ocorre por que alguém possa se matar...

Pena que Tabaré não tenha ido embora, como tantos que foram adiante, que se profissionalizaram, jogaram em grandes times no Brasil e no Uruguai. Tabaré era filhote no tempo de Cardeal, que jogou no Nacional de Montevidéu e no Fluminense do Rio. Tabaré terá jogado, com certeza, contra Mathias González e Julio Pérez, que foram campeões do Mundo; ou Juvenal e Tesourinha, que não foram campeões do Mundo - talvez tenha sido comparado a Mathias González, pela decisão e pela garra; talvez tenham dito que era melhor do que Juvenal, Juvenal Amarillo, que veio de Santa Vitória do Palmar, jogou no Brasil de Pelotas, no Cruzeiro de Porto Alegre, no Flamengo do Rio, e esteve beque na seleção brasileira de Flávio Costa naquela final de 1950 no Maracanã.

(Méndez põe em vantagem o Peñarol: 2 x 1)

Gozado que ninguém se lembre mais de Tabaré, cujo sobrenome ninguém soube, cujo pai e cuja mãe ninguém conheceu. Gozado que não se soubesse onde morava Tabaré, de onde ele vinha e onde ia aparecer. Tabaré de que? Tabaré por quê? E lá estava Tabaré plantado dentro da área, de beque do quadro de filhotes, se matando em campo e chutando sem errar seus pênaltis (tinha gente, nos sábados, que ia ver o treino dos filhotes por causa dos pênaltis batidos por Tabaré: sempre para dentro do golo - dez, vinte, trinta... já não tinha graça apostar que ele ia perder um chute que fosse!).

Com quinze anos Tabaré pulou dos filhotes para o primeiro quadro. Durante mais quinze anos tirou bolas de cima da linha; marcou um a um cada pênalti a favor de seu time, sem jamais fazer um golo contra. Durante quinze anos todos acreditamos que Tabaré era o melhor zagueiro que tínhamos conhecido e que a qualquer momento ia para o Rio ou Montevidéu, como Cardeal; e que, sendo talvez brasileiro como nós, ou quem sabe uruguaio, por causa do nome, merecia mesmo era jogar numa seleção nacional.

(Saravia cobra para o Nacional e empata de novo: 2 x 2)

É: fazer golo de pênalti, todos fazem. Fazer golo de pênalti sempre, só Tabaré fazia. Ele, uma ocasião, quando já havia convertido o seu penal - e seu time conseguira chegar ao 1 x 1, bastando-lhe o empate para ser campeão - ouviu claramente o capitão do time adversário mandar que quebrassem o goleiro, porque faltavam ainda dez minutos e dava para ganhar o jogo; mas não teve tempo para advertir o arqueiro louco que em seguida resolveu se atirar numa bola adiantada na área e ficou ali mesmo, enrosqueado de dor, depois de levar um chute no cotovelo, contra o costado (naquele tempo não havia substituições). Tabaré, com o mesmo jeito que ia bater pênaltis, dirigiu-se indiferente ao goleiro, que era retirado de campo em braços, tomou-lhe a camisa e as joelheiras, e foi devagar para o arco, onde se fardou convenientemente, e onde acabou defendendo todas as bolas que os adversários conseguiram chutar ou, simplesmente, alçar para a área, imaginando que ainda dava para ganhar a partida na marra. Até que se ouviu o apito final, correram todos para ele e chegaram a tentar erguê-lo nos ombros como herói de mais uma jornada; porém, Tabaré se esquivou com um sorriso de boca fechada e foi o primeiro a deixar o campo, entre abraços e palmadinhas nas costas.

(Juan Carlos Paz marca o terceiro do Peñarol e estabelece nova vantagem: 3 x 2)

Pois são dessas coisas... Contam que o tempo de guri, Tabaré era um grosso: não tinha vez em racha dos mais taludos e só jogava entre os pequenos porque ameaçava esculhambar o jogo se não lhe dessem lugar - então ficava lá atrás, rebatendo todas de qualquer jeito; mas sem marcar ninguém, para não ser driblado. Um dia apareceram com uma bola de borracha, que pulava muito, que picava demais (não era como bola de meia, que a gente dominava fácil, matava, levantava num toque, botava de novo no chão; sabia onde estava, onde ia cair, onde ia parar...) e Tabaré levou um baile dos gurizinhos com aquela bola maluca: errava todas, furava, dava de rosca...

Contam também que Tabaré só conheceu balão de couro num ajuntamento feito para formar o quadro de filhotes (era uma pelota grande e bicuda, muito velha e gasta, de tentos rebentados e de gomos compridos, como já não se usa mais). Estavam todos diante da goleira, batendo bola antes de escolherem os times, com dois ou três entre os paus e os outros dando passes e chutando. Tabaré chegou com uns calções enormes e desbotados que lhe vinham abaixo dos joelhos, e é provável que tenha ficado em vão esperando um passe, porque não há notícia de que tenha recebido a bola ou chutado a golo. O que se disse é que alguém teve a idéia de treinarem bola parada e que começaram a bater pênaltis, até que, tendo todos chutados já três ou quatro vezes, pediram ao de calções compridos que ele também chutasse (ele chutou uma, duas, três, seis, vinte, sabe lá quantas vezes! e fez todos!). Se chamava Tabaré e, antes de bater o primeiro penal, pediu para pegar a bola: tomou-a fortemente entre as mãos, como se a pudesse amassar; e olhou firmemente para o golo, como se sua mirada pudesse determinar com perfeição a trajetória a ser cumprida pela pelota até as redes inexistentes.

(Wilmar Cabrera converte em golo o terceiro pênalti do Nacional: 3 x 3)

Sim... Tabaré tinha treze anos quando apareceu para jogar no quadro de filhotes. Não se sabe quem o levou e por que o admitiram, isto é, parece que só o admitiram porque, estando fardado, fez aquela porção de penais sem errar um só. Mas os guris só o conheciam de jogos intermináveis que atravessavam manhãs e tardes nos campinhos ressequidos das redondezas ou que varavam a noite no meio da rua poeirenta e mal iluminada. Ele ficava de fora quando se jogava com bola de borracha. E só se arriscava a jogar entre os pequenos, porque os pequenos não se animavam a driblá-lo, atrapalhados com a bola de meia.

Não consta que Tabaré tenha fumado ou bebido, enquanto jogou futebol. Diziam também que tinha medo de mulher e que, mesmo domado pelo quartel, nunca ficou nu na frente dos outros: assim como sempre era o primeiro a entrar no vestiário, depois de cada jogo era o último a sair, permanecendo sentado em seu canto, sem chuteiras e de camisa ensopada, quieto, enquanto se comemorava a vitória ou se lamentava a derrota, até que não se ouvisse uma palavra e já não restasse ninguém a sua volta.

Esse negócio de ter medo de mulher nunca se tirou a limpo. Tabaré era respeitado demais dentro de campo para se ficar imaginando o que fazia fora ou deixava de fazer. De modo que é como se Tabaré só tenha existido dentro de campo; e mais: como se só tenha existido nos lances de desespero em que a pelota estava entrando e surgia seu pé salvador para evitar o golo sobre a linha final - ou, naturalmente, quando o juiz marcava pênalti e lá vinha ele para com certeza fazer o golo.

(Álvez, goleiro do Peñarol, é encarregado da quarta cobrança: faz um amague e toca para a rede. O juiz invalida e manda chutar de novo. Álvez chuta e faz 4 x 3)

Até goleiro batendo penal... Bueno: pelo menos assim um goleiro vira notícia. Agora: de Tabaré não há notícias. Ao contrário do que ocorre com outras pessoas que se foram, que simplesmente desapareceram ou até morreram, ninguém tem uma informação sequer sobre Tabaré. Não se sabe mais nada nem se soube nada, nunca. Só há lembranças que vão ficando cada vez mais raras, coisas que cada vez menos gente é capaz de recordar, cada vez com menos precisão, cada vez com menos certezas - e que se transformam em dúvidas que os mais novos estimulam e tomam como exageros, como invencionices de quem vive do passado, dominado por uma nostalgia gostosa que se constrói de saudades alimentadas pela imaginação.

Tabaré não teve amigos que se saiba (é provável que chegasse sozinho ao campo, assim como ia embora sozinho: o último a permanecer no vestiário, o último a sair). Também não se sabe se tinha emprego (no seu tempo só se treinava uma vez por semana: sábado à tarde ou domingo de manhã - nos outros dias as pessoas cuidavam de sua vida). E, se talvez Tabaré não trabalhasse, é certo, é quase certo que não estudava nem namorava (pois haveria alguém - um colega que fosse, uma guria que fosse - que ia dizer olha o Tabaré, ele é meu colega; ou ele namora esta ou aquela).

Tabaré só jogava e treinava; não fazia golo nem errava pênalti. Mas não existia fora da cancha: não tinha parentes nem amigos; não era compadre nem vizinho de ninguém - como dentro de campo, onde metia o pé como se nunca levasse a pior, como se jamais sofresse golo ou perdesse uma partida.

(É a vez de Yuber Lemos para o Nacional: a bola pega no travessão! Erra Lemos e deixa a vantagem com o Peñarol: 4 x 3)

Ah! Quando Platini... Quando Zico e Sócrates erraram aqueles pênaltis... Quando Ruben Sosa, quando el Pato Aguilera... Se Pelé, se Maradona... Por que Yuber Lemos não haveria de errar? Por que não haveria de errar Tabaré? - ele que jogava de calção desbotado, camisa rasgada no sovaco?

Se Manicera e até Domingo, el Divino Maestro, fizeram golo contra... Se Mauro, Bellini, Figueroa, Emilio Álvarez, se Juvenal e Mathias González fizeram golo contra...

Pois Tabaré não. Não consta que ele uma única vez tenha errado pênalti ou feito golo contra. Mas lhe faltou estrela, talvez padrinho; sabe lá o que faltou a Tabaré para que o levassem a jogar em time profissional, como Alcides, que chegou à seleção gaúcha; ou como el Negro Martínez, que treinou no Rampla Juniors e no Wanderers. Pois Alcides deu certo, e foi muito mais do que um bom goleiro, homem sociável, educado, grande desportista e chefe de família; el Negro, ao contrário, não deu certo, metido com canha, timba e mulheres (Tabaré só precisaria treinar um dia em time grande, mesmo entre os reservas; bastaria que treinasse um tempo de zagueiro de área, e que depois ficasse batendo pênaltis - sem olhar para os lados, sem tirar muita distância, sem botar as mãos na cintuara...).

(- Superman! Superman! Superman Seré! - grita o locutor Carlos Muñoz - atacou Seré! Percudani, que veio da Argentina para ser o goleador da equipe, desperdiça o quinto e último penal do Peñarol)

Claro que ninguém é perfeito. E Tabaré também haveria de ter os seus defeitos - talvez não soubesse jogar por cima, pois não há quem se lembre se cabeceava bem, se subia o suficiente, se era preciso nas bolas altas; talvez não soubesse sair jogando, pois igualmente não há quem recorde se tinha domínio de bola, se conduzia com facilidade, se passava certo. Tabaré também terá errado e falhado. Mas bastava saber que lá na área estava um comandante, um limpador, um salvador, para que se esquecesse qualquer erro ou falha, ainda mais que lá estava também a certeza de golo para cada penal que se conseguisse a favor (Tabaré atravessava o campo devagar, mirando os bicos das próprias chuteiras, pegava a bola, e a gente já sabia o que ia acontecer).

O que se lamenta, o que eu lamento, é não se saber mais sobre Tabaré. Sei que, afinal, ninguém fica sabendo muita coisa sobre os jogadores de futebol que um dia foram vistos em campo ou nas fotografias de revistas e jornais - esses mesmos que agora podemos ver pela televisão ou aqueles velhos ídolos, cujos jogos mal dava para acompanhar pelo rádio. Claro, muitos terão morrido - mas que fim levaram todos os outros, tantos outros como Tabaré? Quem se lembra de Mineiro, que foi do Madureira e acho que também do Bangu? De Geraldino, do Canto do Rio? De Lelé e Isaías, que formavam "os três patetas" com Jair, Jair da Rosa Pinto, o inesquecível mestre Jajá? Que fim levaram 109, Pedro Amorim, Pé de Valsa? E Zé do Monte? Berascochea? Rafagnelli? Fabrini? Atilio Garcia, Porta? Isidro Lángara e Ángel Zubieta, do inigualável San Lorenzo? Nasazzi, Cioca, Arispe? Severino Varela?

(É tudo ou nada: o último penal do Nacional. Tony Gómez vai e converte: 4 x 4. Termina tudo empatado. Será preciso desempatar outra vez nos pênaltis; agora, um a um)

Afinal, que pude ou posso saber eu de Tomires e Pavão, de Abadie, de Sasia, de Troche, de Fernando Morena, de Pitico, Bido e Pio, se pouco ou nada sei de Tabaré, além dos pênaltis que convertia sem erro e das bolas que defendia sem falha sobre a linha de golo?

Dizem de um: ele está doente; de outro, é treinador; e de mais outro: é aquele que foi roupeiro, massagista, agora se encarrega de aparar a grama... E ninguém fica sabendo muito mais do que isso... Mas de Tabaré, nem isso se sabe direito, nada. É claro: houve e há outros Tabaré (até o intendente de Montevidéu se chamava Tabaré) - como Tabaré Carrara, que também jogou futebol e foi durante muitos anos dono de bar e restaurante; o Tabaré Bergara, que tinha um campito à margem da estrada de ferro, perto de Santa Clara de Olimar; e o Tabaré dos Santos, aquele que era agenciador de briga de galos e dono de uma cancha de carreiras. Já Tabaré, o beque de área que não erra pênalti e nunca fez golo contra, esse, entretanto, foi único, independentemente de sobrenome e das coisas que tenha feito ou deixado de fazer dentro de campo.

(O penal decisivo para o Peñarol: remata Domínguez e erra. Seré desvia a bola que bate no travessão e não entra! Domínguez chora; depois dirá: me siento horrible, nunca me había pasado... hace cinco años que estoy en este club y hoy dejé todo tirado... todos teníamos la ilusión de llegar a la Copa)

A falta que faz Tabaré! Ele realmente foi único. E nunca se profissionalizou nem jogou em time grande. Nunca fez golo contra, mesmo sendo beque de área; nunca errou pênalti, apesar de ser apenas beque de área. Não consta que tenha errado pênalti ou feito golo contra. Não consta que tenha sido fotografado ou que algum jornal tenha publicado a escalação de seu time. De modo que tudo que se sabe sobre ele são as tais lembranças que vão ficando cada vez mais raras, essas coisas que cada vez menos gente é capaz de recordar, cada vez com menos precisão, com menos certezas - que se transformam em dúvidas que os mais novos estimulam e tomam como exageros, como invencionices de quem vive no passado, dominado por uma nostalgia gostosa que se constrói de saudades alimentadas pela imaginação.

Claro: há quem faça golo de penal e, como dizia Scarone, converter golo de penal é obrigação de qualquer profissional: a onze passos de um homem parado bem no meio de dois paus separados por sete metros e pico, é só tirarle bien fuerte que está adentro, que já não haverá quem ataque!

(Wilson Nuñez! - Goool! Goooooooooooollllllllllll! Wilson Nuñez para o Nacional! - (tirarle bien fuerte que está adentro) e já está nas redes a bola, batido o goleiro Álvez e garantida a vaga do Nacional na Copa Libertadores da América)

Terminou tudo. Wilson Nuñez dedica sua conquista ao povo de Salto e a sua noiva, Maria Angélica; diz que tudo já passou e agora é festejar. Sabia que na vida se podem errar penais, mas que contra o Peñarol não, não podia errar (quando viu que a bola entrava pensou: esta é para a história).

Agora: Tabaré nunca entrou para a história do futebol. E nunca errou um pênalti, nem fez golo contra. Que diferença faz que tenha morrido? Por que acreditar que ele, logo ele que tanto pênalti marcou e tanto golo evitou, iria se matar, um dia?

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