segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Acreditar e ousar

Foi pobre, a apresentação da Seleção Brasileira, ontem, em Lima. Sem mostrar raça, qualidade ou qualquer coisa necessária para se vencer um jogo, os comandados de Dunga empataram contra um adversário muito inferior - que jamais deixou de acreditar.

Um Ronaldinho recuado e lento, um Robinho que esqueceu de entrar em campo, um Vagner Love que não honra o número 9 às costas... o Brasil foi o mesmo do seu último jogo fora de casa, nas Eliminatórias: uma equipe sem inspiração. Salvou-se, como sempre, Kaká. Em meio a um mar de faltas cometidas pelo fraco time peruano e ao deserto de idéias dos seus companheiros, o oficioso melhor jogador do mundo colocou o Brasil em vantagem aos 39 minutos de confronto, acertando um balaço no ângulo do arqueiro Penny. 0-1 no primeiro tempo, sem brilho, e foi só.

Mas Dunga pareceu satisfeito. Como se vencer o Peru por um placar magérrimo daqueles fosse uma façanha, o onze brasileiro foi se acomodando, recuando, retrancando-se, até ser dominado. Não impôs ritmo, não foi Brasil. Enquanto isso, empurrado por um estádio Monumental que descobria que a fera com quem combatia não era tão feia, o time da casa foi crescendo, acreditando. Não bastava, porém, ter confiança. Havia grandes limites técnicos, e era preciso ousar.

O técnico José Del Solar entendeu bem o que se passava no gramado. Começou a entrincheirar a Seleção Brasileira. Sucessivamente, colocou seus atacantes em campo, até ficar sem volantes. E o Peru seguia pressionando. Dunga, em sua inércia, chamava o empate. Del Solar, em sua ousadia, fazia o mesmo. E a igualdade, é claro, veio. Aos 70 minutos, Vargas pegou uma sobra fora da área brasileira e bateu firme. O pelotaço ainda desviou na defesa auriverde antes de morrer no fundo das redes. Era o 1-1 definitivo.

Tem faltado o espírito peruano ao Brasil de Dunga.

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