O que leva um clube de futebol a trocar de nome? Por que uma instituição com uma ligação sentimental forte às suas simbologias iria mudar algo essencial na sua identificação? Como os torcedores aceitam isso? Estas perguntas podem surgir naqueles torcedores fanáticos que jamais compreenderiam ver o time que torcem mudar o nome oficial (ou as cores, ou o símbolo, etc...). Mas existem vários casos de clubes que modificaram suas nomes - alguns com explicações aceitáveis, outros, em lamentáveis lances políticos ou comerciais.
No Brasil, dois dos casos mais famosos envolvendo estas mudanças estão relacionados a grandes clubes. Curiosamente, ambos tinham a mesma denominação e, conseqüentemente, tiveram que mudar seu nome por motivos semelhantes. Estes clubes são o Cruzeiro (fundado em 1921), de Belo Horizonte, e o Palmeiras (fundado em 1914), de São Paulo. As duas agremiações foram fundadas com o nome de Palestra Itália, em homenagem à ascendência italiana de seus fundadores. O nome permaneceu por algumas décadas ao lado de seus clubes, até 1942. Neste ano, o Brasil ingressou na Segunda Guerra Mundial, opondo-se ao Eixo. O presidente Getúlio Vargas proibiu que as instituições fizessem menção à Alemanha, Itália ou Japão (países que compuham o Eixo) e determinou a mudança de nome. O Palestra Itália de São Paulo optou por chamar-se Sociedade Esportiva Palmeiras - desta forma, manteria o "P" que ilustrava o símbolo da sociedade e homenageava a antiga Associação Atlética das Palmeiras, clube extinto de São Paulo, o qual alguns então jogadores palestrinos haviam defendido. Já o Palestra Itália mineiro buscou uma maior identificação com o Brasil, inspirando-se no Cruzeiro do Sul e modificando seu nome para Cruzeiro Esporte Clube. Além destes casos mais famosos, nos últimos anos, várias equipes do interior do Brasil vêm trocando seus nomes ou são refundadas, geralmente por razões comerciais (um exemplo foi o Paulista, de Jundiaí, que adotou a denominação Etti Jundiaí e depois apenas Jundiaí, por algumas temporadas, até voltar a usar o nome original).
Internacionalmente, muitos clubes sofreram mudanças de nomes. Os casos mais comuns são da Europa Oriental, onde vários clubes modificaram (por mais de uma vez) seus nomes durante a era comunista - essas trocas podiam ocorrer principalmente devido à mudança da cidade-sede do clube, pela troca na instituição que comandava a agremiação ou por motivações diversas e menos relevantes. O CSKA Sofia, maior clube da Bulgária, campeão da liga nacional 30 vezes, é um caso famoso disso. Antes de adotar o "CSKA Sofia" atual, o clube teve várias denominações: Septemvri pri CDNV; CDNA Sofia; CSKA Cherveno zname; CSKA Septervrijsko zname; CSKA Sredets. Mesmo com tantas trocas, o CSKA búlgaro ainda fica atrás de outras equipes de sua região em matéria de número de mudanças na denominação.
O "título" para equipe que mais trocou de nome é de uma equipe romena: o Petrolul Ploiesti. Como já está claro, esta não foi sempre a denominação do clube desde o início. Fundado na capital, em 1924, o clube foi chamado inicialmente de Juventus Bucuresti - sob este nome, inclusive, sagrou-se campeão nacional em 1930. O clube resistiu à Segunda Guerra Mundial e seguiu com o nome antigo até a temporada 1947/48, quando começaram mudanças sistemáticas em sua denominação. Em 1948, o clube muda de nome pela primeira vez, passando a se chamar Distributia Bucuresti. Mas as coisas não se afirmam, e para a temporada 1948/49, a denominação é novamente modificada, desta vez, para Petrolul Bucuresti. Em 1949, nova mudança de nome - agora, o time passa a ser chamado Competrol Bucuresti. Mesmo assim, o clube segue perdendo sua identidade: em 1950, passa a se chamar Partizanul Bucuresti e, em 1951, recebe sua sexta denominação em cinco anos: Flacara Bucuresti. Pareceu muito? Pois era só o começo. Em 1952, a associação tem sua sede movida à cidade petrolífera de Ploiesti, ao norte de Bucareste - agora, o nome do clube passava a ser Flacara Ploiesti. Com tantas mudanças, o clube se enfraqueceu, e ao final daquela temporada, acabou rebaixado. Como "recompensa", conseguiu manter sua denominação por um período maior. O clube retornaria à elite nacional em 1953 e, jogaria sob o nome de Flacara Ploiesti até 1956, quando sofreria nova mudança, passando a se chamar Energia Ploiesti. Finalmente, na temporada 1957/58, o clube adotaria uma denominação definitiva: Petrolul Ploiesti. Com um nome oficial, o sucesso começou a vir em campo, e o time reconquistou o campeonato nacional, em 1958, 1959 e em 1966. Em 1992, por um curto período, o clube chamou-se F.C. Ploiesti, mas logo voltou à denominação adotada em 1958. Atualmente, o clube já mantém uma tradição nacionalmente, e é identificado pela denominação atual, mas correu sérios riscos durante aqueles turbulentos dez anos.
A falta de identificação para com equipes que mudam de nome de forma inesperada ou consecutiva, pode ser notado atualmente numa equipe austríaca: o Red Bull Salzburg. O clube, tradicional na Áustria, foi fundado em 1933, sob o nome de Austria Salzburg. Em 1978, trocou de nome para Casino Salzburg e em 1997, passou a se chamar Wüstenrot Salzburg. Mesmo assim, as mudanças de nome não tiravam a identificação do time com sua torcida - até 2005. Naquele ano, tudo mudou. O clube foi adquirido pela empresa Red Bull, tendo seu nome modificado. Além disso, as suas cores tradicionais violeta e branco, foram modificadas para branco e vermelho, ao mesmo tempo que a Red Bull buscava acabar com qualquer identificação do passado do clube, ao afirmar que aquele "era um novo clube, sem história". Isso gerou um racha na torcida: enquanto uma parte preferiu apoiar a venda do clube vislumbrando um grande futuro sob a tutela de uma poderosa multinacional, a maioria dos torcedores se revoltou com os fatos: foi criada a Initiative Violett-Weiß (Iniciativa Violeta e Branca), com o objetivo de fazer voltarem as cores e a tradição de 72 anos (1933 a 2005) do clube. Sem ter suas reivindicações respeitadas pela Red Bull, os torcedores fundaram em 2005, um novo Austria Salzburg, com as mesmas cores do anterior - a agremiação disputa as divisões mais baixas do país, sonhando com um crescimento a longo prazo. A intenção dos torcedores, entretanto, não é a glória e sim a manutenção das tradições de seu clube de coração.
Enfim, mudanças de nome sempre são polêmicas e, embora o que esteja por trás delas possa ser benéfico ao clube, na maioria das vezes, estas decisões tornam-se impopulares entre a torcida. Afinal, quem não se revoltaria ao ver o clube para o qual sempre torceu perder sua identificação e sua história de uma hora para a outra, muitas vezes por culpa de alguém que sequer conhece as tradições dele?
No Brasil, dois dos casos mais famosos envolvendo estas mudanças estão relacionados a grandes clubes. Curiosamente, ambos tinham a mesma denominação e, conseqüentemente, tiveram que mudar seu nome por motivos semelhantes. Estes clubes são o Cruzeiro (fundado em 1921), de Belo Horizonte, e o Palmeiras (fundado em 1914), de São Paulo. As duas agremiações foram fundadas com o nome de Palestra Itália, em homenagem à ascendência italiana de seus fundadores. O nome permaneceu por algumas décadas ao lado de seus clubes, até 1942. Neste ano, o Brasil ingressou na Segunda Guerra Mundial, opondo-se ao Eixo. O presidente Getúlio Vargas proibiu que as instituições fizessem menção à Alemanha, Itália ou Japão (países que compuham o Eixo) e determinou a mudança de nome. O Palestra Itália de São Paulo optou por chamar-se Sociedade Esportiva Palmeiras - desta forma, manteria o "P" que ilustrava o símbolo da sociedade e homenageava a antiga Associação Atlética das Palmeiras, clube extinto de São Paulo, o qual alguns então jogadores palestrinos haviam defendido. Já o Palestra Itália mineiro buscou uma maior identificação com o Brasil, inspirando-se no Cruzeiro do Sul e modificando seu nome para Cruzeiro Esporte Clube. Além destes casos mais famosos, nos últimos anos, várias equipes do interior do Brasil vêm trocando seus nomes ou são refundadas, geralmente por razões comerciais (um exemplo foi o Paulista, de Jundiaí, que adotou a denominação Etti Jundiaí e depois apenas Jundiaí, por algumas temporadas, até voltar a usar o nome original).
Internacionalmente, muitos clubes sofreram mudanças de nomes. Os casos mais comuns são da Europa Oriental, onde vários clubes modificaram (por mais de uma vez) seus nomes durante a era comunista - essas trocas podiam ocorrer principalmente devido à mudança da cidade-sede do clube, pela troca na instituição que comandava a agremiação ou por motivações diversas e menos relevantes. O CSKA Sofia, maior clube da Bulgária, campeão da liga nacional 30 vezes, é um caso famoso disso. Antes de adotar o "CSKA Sofia" atual, o clube teve várias denominações: Septemvri pri CDNV; CDNA Sofia; CSKA Cherveno zname; CSKA Septervrijsko zname; CSKA Sredets. Mesmo com tantas trocas, o CSKA búlgaro ainda fica atrás de outras equipes de sua região em matéria de número de mudanças na denominação.
O "título" para equipe que mais trocou de nome é de uma equipe romena: o Petrolul Ploiesti. Como já está claro, esta não foi sempre a denominação do clube desde o início. Fundado na capital, em 1924, o clube foi chamado inicialmente de Juventus Bucuresti - sob este nome, inclusive, sagrou-se campeão nacional em 1930. O clube resistiu à Segunda Guerra Mundial e seguiu com o nome antigo até a temporada 1947/48, quando começaram mudanças sistemáticas em sua denominação. Em 1948, o clube muda de nome pela primeira vez, passando a se chamar Distributia Bucuresti. Mas as coisas não se afirmam, e para a temporada 1948/49, a denominação é novamente modificada, desta vez, para Petrolul Bucuresti. Em 1949, nova mudança de nome - agora, o time passa a ser chamado Competrol Bucuresti. Mesmo assim, o clube segue perdendo sua identidade: em 1950, passa a se chamar Partizanul Bucuresti e, em 1951, recebe sua sexta denominação em cinco anos: Flacara Bucuresti. Pareceu muito? Pois era só o começo. Em 1952, a associação tem sua sede movida à cidade petrolífera de Ploiesti, ao norte de Bucareste - agora, o nome do clube passava a ser Flacara Ploiesti. Com tantas mudanças, o clube se enfraqueceu, e ao final daquela temporada, acabou rebaixado. Como "recompensa", conseguiu manter sua denominação por um período maior. O clube retornaria à elite nacional em 1953 e, jogaria sob o nome de Flacara Ploiesti até 1956, quando sofreria nova mudança, passando a se chamar Energia Ploiesti. Finalmente, na temporada 1957/58, o clube adotaria uma denominação definitiva: Petrolul Ploiesti. Com um nome oficial, o sucesso começou a vir em campo, e o time reconquistou o campeonato nacional, em 1958, 1959 e em 1966. Em 1992, por um curto período, o clube chamou-se F.C. Ploiesti, mas logo voltou à denominação adotada em 1958. Atualmente, o clube já mantém uma tradição nacionalmente, e é identificado pela denominação atual, mas correu sérios riscos durante aqueles turbulentos dez anos.
A falta de identificação para com equipes que mudam de nome de forma inesperada ou consecutiva, pode ser notado atualmente numa equipe austríaca: o Red Bull Salzburg. O clube, tradicional na Áustria, foi fundado em 1933, sob o nome de Austria Salzburg. Em 1978, trocou de nome para Casino Salzburg e em 1997, passou a se chamar Wüstenrot Salzburg. Mesmo assim, as mudanças de nome não tiravam a identificação do time com sua torcida - até 2005. Naquele ano, tudo mudou. O clube foi adquirido pela empresa Red Bull, tendo seu nome modificado. Além disso, as suas cores tradicionais violeta e branco, foram modificadas para branco e vermelho, ao mesmo tempo que a Red Bull buscava acabar com qualquer identificação do passado do clube, ao afirmar que aquele "era um novo clube, sem história". Isso gerou um racha na torcida: enquanto uma parte preferiu apoiar a venda do clube vislumbrando um grande futuro sob a tutela de uma poderosa multinacional, a maioria dos torcedores se revoltou com os fatos: foi criada a Initiative Violett-Weiß (Iniciativa Violeta e Branca), com o objetivo de fazer voltarem as cores e a tradição de 72 anos (1933 a 2005) do clube. Sem ter suas reivindicações respeitadas pela Red Bull, os torcedores fundaram em 2005, um novo Austria Salzburg, com as mesmas cores do anterior - a agremiação disputa as divisões mais baixas do país, sonhando com um crescimento a longo prazo. A intenção dos torcedores, entretanto, não é a glória e sim a manutenção das tradições de seu clube de coração.
Enfim, mudanças de nome sempre são polêmicas e, embora o que esteja por trás delas possa ser benéfico ao clube, na maioria das vezes, estas decisões tornam-se impopulares entre a torcida. Afinal, quem não se revoltaria ao ver o clube para o qual sempre torceu perder sua identificação e sua história de uma hora para a outra, muitas vezes por culpa de alguém que sequer conhece as tradições dele?
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