Depois do brilhante post do Iuri, sobre as ligas amadoras entre departamentos uruguaios, vamos seguir na linha de campeonatos de futebol que se sustentam alheios ao profissionalismo.
Movidos pela paixão, ou simplesmente pelo orgulho de ter um time local disputando competições, diferentes cidades do Rio Grande do Sul que não conseguem formar equipes profissionais para jogar competições oficiais direcionam suas atenções futebolísticas às agremiações amadoras.
A imensa maioria das cidades têm suas próprias ligas amadoras. Nelas, geralmente a disputa ocorre em grupos da "cidade" (com times dos bairros na zona urbana) e do "interior" (com equipes dos distritos municipais). Sem interesse da imprensa, essas tradicionais competições sobrevivem pelo entusiasmo do público local, ou pelas rivalidades, tipicamente varzeanas, que povoam os gramados amadores. Ainda, historicamente, as finais municipais costumam ser o grande ponto das competições. A final geralmente reúne o campeão do interior e da cidade decidindo o troféu máximo. Para os times, acostumados a jogar em gramados pequenos, ou fora dos padrões oficiais, este é o grande momento de glória, visto que as decisões costumam ocorrer no principal estádio da cidade. Algo que pode parecer corriqueiro para clubes profissionais, é o auge e o sonho das equipes amadoras.
Mas a principal competição no Rio Grande do Sul é o Campeonato Estadual Amador. Tradicionalíssimo, é disputado desde 1942 (inicialmente, era disputado também pelos aspirantes das equipes profissionais, fato que explica Grêmio e Internacional figurarem na lista de campeões). Sempre sob a chancela da Federação Gaúcha, o campeonato é a chance de clubes pequenos e de cidades com poucos recursos aparecerem. E como prova de que do amadorismo pode sim surgir um trabalho sério, está o 15 de Novembro, de Campo Bom. O clube, profissional há menos de 20 anos, e que brilha no cenário profissional atualmente (foi três vezes vice-campeão gaúcho e uma vez semifinalista da Copa do Brasil), conquistou nada menos que 12 estaduais amadores antes de partir para vôos maiores.
Entre 1973 e 1981, o Estadual da FGF teve um grande rival como maior competição do estado: a Copa Arizona (patrocinada pela marca de cigarros Arizona e pelo jornal Gazeta Esportiva, posteriormente chamando-se Copa Dreher, devido à indústria de bebidas de mesmo nome). O torneio era especialmente forte por não se restringir ao Rio Grande do Sul - seus campeões disputavam a Copa Arizona nacional, jogando as finais em São Paulo. A competição era tão prestigiada, que mesmo sem ser reconhecida pela FGF, até hoje os clubes campeões dela se proclamam "Campeões Gaúchos Amadores". Neste período, foi surpreendentemente destacada a participação dos clubes de Ijuí, sendo esta a cidade com mais títulos da Copa Arizona, por meio de seus clubes Estrela Vermelha e Ouro Verde.
Equipe do Estrela de Augusto Pestana, campeã da Copa dos Campeões Amadores KZ/RPI/Nova Schin, envolvendo equipes da região noroeste do Rio Grande do Sul, em 2006
Atualmente, entretanto, as competições amadoras não vivem aquilo que se poderia chamar de "fase áurea". O Estadual da FGF está desprestigiado e os clubes ainda enfrentam dificuldades em conseguir dinheiro para seus deslocamentos. Uma alternativa interessante que algumas regiões encontraram foi a organização de "Copas dos Campeões Amadores", reunindo equipes campeãs municipais numa disputa regional. Sucesso de público e atraindo patrocinadores ao torneio, estas Copas parecem ser o futuro do futebol amador no Rio Grande do Sul.Fotos retiradas do site da Rádio Progresso de Ijuí
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