sexta-feira, 10 de julho de 2009

Os aquíferos dos quais não jorram gols

Choveu. Momentos épicos pedem chuva. Momentos trágicos também. Até a felicidade pode ser AVULTADA pelas gotas que o céu manda. Pensando bem, a chuva se enquadra em qualquer cenário. Lluvia copera y nada más. Não choveu na hora do jogo, mas choveu no meio de semana em Santa Maria e o gramado dos Eucaliptos se transfigurou como um horizonte de LODO. Alguns dos melhores jogadores da GALÁXIA diriam se tratar de um campo impraticável. Estúpidos. Era ideal. Para a Segundona, perfeito. Para estrear na cobertura dentro de campo, ainda mais.

Fora da escala para fazer a transmissão do combate entre o Riograndense e o Panambi, pela abertura da terceira fase da Segundona ontem, eu e o Iuri, devidamente encrachazados, PENETRAMOS no campo para fazer os registros fotográficos. E a palavra, com todas as ambiguidades possíveis, não poderia ser melhor. Pois a identificação da rádio é pouco mais que um monte de letras dotadas de ALGUM SENTIDO para alguém que ainda não se associou à ACEG. Ficar em campo, mesmo depois de entrar no estádio pelo acesso da imprensa, é um ato forçoso que exige BOA VONTADE do delegado da Federação, o ORÁCULO que impera sobre todos os atuantes na partida e ainda faz as vezes de senhor onipotente dos esféricos que rolam (ou não rolam, no caso DAQUELE gramado) pelo chão. Mas o fato de as pelotas serem INTOCÁVEIS é uma história que não me cabe contar.

Como um correspondente de guerra que pode sofrer com respingos de NAPALM mesmo sem ter a ver com a história, de dentro do campo convivíamos com a possibilidade constante de sermos atingidos por algum pelotaço ou coisa mais violenta. A certa altura do primeiro tempo um PANAMBIENSE SIN FRENOS meteria um carrinho na bola e, com o atrito reduzido pela relva molhada, seguiria eternamente em DESABALADO DESLIZE se não fosse o choque com o muro. Com o muro e quase com dois repórteres, que saíram do caminho a tempo de evitar O PIOR – pior para eles, claro, pois até o muro deve ter sentido mais a dividida, já que o atleta do Panambi se levantou imediatamente, tão (ou mais) pronto para a peleia quanto antes.

Repórteres que, experientes em jornadas daquele tipo, foram a campo com GALOCHAS. E eu de tênis. FAZENDO QUESTÃO de não procurar o caminho seco, indo bem para o meio das poças, porque a glória do PERIODISMO é voltar para casa com os PISANTES embarrados. Suja, a terra encharcada dos Eucaliptos. E isso melhor puderam constatar os jogadores de linha do Riograndense. O branco que o time insiste em trajar em pouco tempo mudava de cor. Os representantes do time de Santa Maria, ao primeiro contato com o SOLO SAGRADO, convertiam-se em dez loucos com cada pedaço de pano de suas vestes TINGIDO de marrom.

Se o CÉSPEDE virado em MORRETES de lama rendia as melhores fotos e reconstituía o ambiente de batalhas antigas, o estado do campo pouco contribuía para que gols fossem marcados nesses tempos em que até atletas da segunda divisão gaúcha OUSAM calçar chuteiras de cores que não sejam o NEGRO ABSOLUTO. Assim, a FRÓTOLA que é um duelo de Segundona teve tudo de guerra – e, portanto, muito de futebol –, menos os tiros certeiros na cabeça (ou no arco) do adversário. Riograndense e Panambi acertaram cada um a trave uma vez, tentaram algumas outras ESCARAMUÇAS, mas foram consideravelmente pobres na criação.

Pelo menos até onde eu vi. Saí dos Eucaliptos aos 55 minutos de partida. Fui barrado por policiais diante de um portão ABERTO e indicado a sair por um que estava fechado a CORRENTE e CADEADO. Sem explicação para a incongruência, pedi para o cidadão que cuidava da chave abrir o pórtico e deixei o estádio. A primeira vez que abandonei uma partida antes do seu final. Precisava voltar para casa a tempo de pegar o começo da transmissão televisiva do jogo entre Pelotas e Brasil de Farroupilha, o outro desta chave, adquirindo EMBASAMENTO TEÓRICO para tecer um comentário a respeito no programa deste sábado.

A análise dos futuros adversários do Riograndense, uma pauta PARIDA na reunião do dia anterior. Para não perder as escalações – quem precisa saber mais além de Sotilli no Pelotas e DIONATTAN (e jamais Jonathan) no Brasil? –, percorri a Avenida Rio Branco tentando ser mais rápido que o ímpeto dos torcedores Periquitos para pedir Alfinete no time cada vez que um jogo se complica. Andaram implorando por Alfinete desde o intervalo, e o atacante chegou a entrar em campo depois que parti, mas sobre o AQUÍFERO dos Eucaliptos nem os mitos fizeram nascer gols naquela quinta-feira. O Panambi, que submetera o Riograndense a uma das suas únicas quatro derrotas no campeonato, sorriu de novo contra os santa-marienses e regressou ao VALE DAS BORBOLETAS AZUIS com um bom empate por 0 a 0.

Todas as fotos são minhas. Iuri ainda fará um relato dele sobre a VIVÊNCIA. Ou não.

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