segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Que comece o campeonato

E que apareça uma equipe. Com uma zaga firme, laterais decentes, um meio-campo capaz de organizar e marcar com alguma eficiência, um ataque que saiba e goste de fazer gols e comandada por um treinador inteligente. Sem exageros nem ilusões. Apenas um time competitivo. Não falo do gol porque Goico foi um dos poucos a não comprometer até o fim desse primeiro turmo que merece cair no esquecimento. Depois de sete jogos, o Inter-SM só não foi pior do que um Brasil de Pelotas tristemente destroçado pela tragédia. Hoje, em uma tarde de rendimento um pouco melhor, a arbitragem tratou de contribuir para mais um insucesso. O campeonato está no meio do caminho e o Inter de Santa Maria ainda não mostrou nada no Gauchão.

Era o terceiro jogo da temporada no Presidente Vargas. Antes, o Inter havia empatado com o Grêmio na estréia (1-1) e caído diante do São Luiz (0-1). O adversário da tarde, o Santa Cruz, trouxe meia centena de animados torcedores que pintaram de preto e branco o espaço para a equipe visitante – juntamente com um onze bem superior do que o do quadro local. Jorge Anadon, treinador que assumiu após a demissão de Abel Ribeiro, iniciou a partida com Vainer, a referência técnica do time, no banco de reservas. Em seu lugar estava Leando Smith, ex-Goiás e Atlético Mineiro, a contratação mais cara da temporada. Corriam trinta minutos do primeiro tempo de um truncado zero a zero quando Anadon chamou Smith e mandou Vainer para o campo. Se a causa não tenha sido uma lesão, mais um treinador completamente perdido encontra-se na Baixada Melancólica.

Com Vainer em campo, vestindo a camiseta 14, o Inter-SM encontrou a alternativa para atacar o Galo. Logo em seu primeiro lance, Vainer passou a dribles por três defensores e finalizou com perigo, por cima da meta. Foi o lance mais agudo do primeiro tempo. Os visitantes, que controlaram o ímpeto dos santamarienses com um meio-campo forte, alto e marcador, pouco assustaram em termos ofensivos na etapa inicial. Anadon escalou Régis, jovem que atuou pelo Riograndense em 2008, como lateral pela direita – e era por ali que o Inter conseguia avançar com alguma qualidade. Os atacantes Vagner e Alê Menezes, pouco inspirados e distantes do meio-campo, não criaram dificuldades para o veterano goleiro Cássio. Encerrava-se um primeiro tempo morno e equilibrado.

Nos quarenta e cinco finais, parte da torcida presente (em número razoável, apesar do preço e da campanha) clamava por Rudimar, atacante que, se não é dono de notável talento, provoca correria e pressão no campo de ataque. Simplesmente não funcionou e ele pouco foi ativado. Pouco depois, Márcio Souza, o capitão da equipe que terminou em terceiro lugar no ano passado, adentrou a cancha para mostrar a sua decadência: o volante, que segundo os jornais locais estaria incluído numa suposta lista de dispensas, teve atuação muito fraca. Das situações de gol que merecem citação, inclui-se um arremate de Régis de fora da área, alto demais, outro do volante Kaká, rente a trave esquerda de Cásisio e uma cabeçada certeira de Alê que encontrou os cordões: anulada pelo árbitro e naturalmente contestada pelo estádio. O zero a zero persistiu mesmo com arrancadas do Santa Cruz rondando perigosamente o arco de Goico e escanteios colorados improdutivos dando ares de sufoco. Bom resultado para o rival do Avenida, que hoje ocupa a segunda colocação no Grupo B – ainda restam jogos atrasados.

Em sete partidas, o Inter-SM achou sete gols e buscou quatorze nas redes. Mostrou deficiências básicas na marcação e no posicionamento da defesa, um ataque intranscendente e um nervosismo determinante no futebol mostrado até aqui. Anadon diz ter constatado os absurdos – ele tem cerca de quinze dias para modifica-los para que, então, o Inter-SM inicie o seu campeonato gaúcho. Campeonato que teve as ambições alteradas: o segundo turno competente serve, agora, para a manutenção do Inter na elite do futebol do Rio Grande.

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