Os torneios de futebol dividem-se em copeiros, eliminatórios, e ligueiros, de pontos corridos. Os times, também, de acordo com o tipo de competição em que têm mais sucesso.
Não se sabe ao certo quando o copero foi roubado do espanhol e entrou no Brasil. Uma versão diz que teria sido empregado a princípio no Rio Grande do Sul, pegando a palavra usada nos países vizinhos, para qualificar o time do Grêmio dos anos 1990, que acumulou sucesso em Copas nacionais e internacionais. Entre 1993 e 1997, foram quatro finais de Copa do Brasil, uma de Brasileirão (então com mata-matas), e outra de Libertadores.
Já liguero nunca veio para cá. Não temos tradição em pontos corridos e, mesmo se ela existisse, faltaria um histórico de ligas propriamente ditas. Acabaria sendo criado o bisonho neologismo que até já li em uma coluna qualquer da Zero Hora: CAMPEONATEIRO. Palavra tenebrosa, que só não assusta mais que re-estreia sem acento e com hífen, como seremos obrigados a escrever se a nossa revolução contra a nova regra fracassar.
Bueno, mas voltemos às copeirices. Sendo ou não verdade que o abrasileiramento do termo tenha sido causado pelo Grêmio de Felipão, é fato que o sentido usado para aquele time continua sendo o de hoje, com algum distanciamento para o original espanhol: não se chama a Copa do Brasil de “competição copeira”, pois não se usa a palavra para descrever torneios – copeiros são, somente, os times.
E não precisam necessariamente fazer grandes coisas em eliminatórias: uma atuação “copeira” é aquela desempenhada com alma, raça, superação, independentemente do resultado final. Mesmo uma derrota ou eliminação, se precedidas por luta, podem receber o adjetivo. Sob esse ponto de vista, até a fórmula do campeonato é desprezada, surgindo episódios copeiros em torneios de pontos.
É o caso do Avenida, que quer merecer ser chamado assim nessa reta final da primeira fase do primeiro turno do Campeonato Gaúcho. Saco-de-pancadas anunciado desde o princípio, fez jus à condição nas cinco rodadas iniciais, para então mandar o treinador embora e resolver jogar. Aí fez 1 a 3 no São Luiz em Ijuí, domingo, e, ontem, aplicou 0 a 1 no Caxias em pleno estádio Centenário.
Ex-vice-lanterna da chave e dado como moribundo, o Avenida dos dois triunfos consecutivos subiu para a zona de classificação. Fechou a noite de ontem no quarto lugar, graças ao saldo de gols. Para passar aos mata-matas, é quase obrigatório vencer o Grêmio na última rodada, em jogo marcado para o estádio dos Eucaliptos de Santa Cruz do Sul – se o “time terrível” avançar derrotando um grande da capital, não haverá quem questione a sua pequena realização copeira.
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