quinta-feira, 29 de maio de 2008

O que joga Riquelme


Não há, no futebol moderno, um 10 como Riquelme. Nada de Cristiano Ronaldo, Fabregas, Ronaldinho. Para os admiradores do futebol brilhante, genial, plástico mas sempre objetivo, ninguém supera hoje a técnica, as assistências e a visão de Román.

O meia que já vestiu o azul boquense por quase duzentas oportunidades foi novamente decisivo na Copa Libertadores. Quem viu o confronto pode ter até se assustado. Riquelme, que já foi acusado de se omitir, passou largos minutos do duelo com a pelotas nos pés. Disparou dezenas de passes, poucos deles simples. Lançou, armou, buscou Palermo em condições do arremate e não errou. Se Román passou cem vezes, não errou mais de três. Uma enormidade.

Juan, que já foi lembrado para a votação de jogador do mundo da FIFA atuando na América do Sul - um feito - foi o autor dos dois gols argentinos do empate de anoche, no Cilindro do Racing Club. No primeiro, aparecendo na grande área para finalizar com precisão. O segundo veio em uma falta central, que quando marcada já desesperou meia massa pó de arroz.

Riquelme tardou demais para mandar o esférico para os cordões, o destino de grande parte de suas cobranças. Reclamou um absurdo da barreira, e viu como resultado dois amarelos para os visitantes e um para si. Longos minutos depois, o chute. Leve desvio, ângulo, gol. Marrento demais durante a espera e gênio após o tento, para os comentaristas brasileiros.

Como vinte e nove anos e na terceira passagem pelo Boca, não falta mais nada para Riquelme estar entre os gigantes do futebol argentino. Se na Europa não se viu o seu jogo, pouco ou nada importa. Para os aficcionados do Boca, aliás, o fato é comemorado.

Os xeneizes estão entre os privilegiados torcedores que podem admirar um gênio vestir a jaqueta do clube do coração, raridade imensa nestes tempos. Enquanto ouve que é pecho frío, omisso, sonolento, Juan Román Riquelme joga, encanta e leva o seu poderoso Boca Juniors a uma imensidão de títulos.

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