segunda-feira, 3 de março de 2008

Uma noite chuvosa

Panorama do 19 de Outubro, na noite chuvosa de ontem

No princípio, era a chuva. Antes do jogo, o que era uma garoa ganhou força, encharcando o gramado, conferindo velocidade à partida das 20:30, que fechava o domingo de Gauchão. Com um minuto, o Juventude contava três escanteios. Com dois, o São Luiz tinha o primeiro lance duvidoso de pênalti a seu favor não assinalado. Ao chegar na quarta volta do ponteiro, o 19 de Outubro já pulsava, empurrando o rubro ijuiense ao ataque. Começava bem uma partida que acabaria em redenção.

O entusiasmo dos minutos iniciais foi dando lugar à tônica do jogo, conforme o tempo passava. Era curioso ver a forma como o São Luiz se postava em campo: não povoava o ataque, tinha pouca presença no meio e, mesmo adotando uma postura defensiva, também deixava grandes rombos para que o Juventude arriscasse chutes. E mesmo assim conseguia jogar de igual para igual! Se não era capaz de mostrar volume de jogo, o time da casa tinha grande velocidade para fazer de cada um dos seus raros ataques um novo pesadelo para a zaga juventudista. O treinador Itamar Schulle tomou a mais acertada das decisões ao começar com o centro-avante Adão no banco: sem um poste como referência na frente, o time abdicava de lançamentos inúteis para se obrigar a tocar a bola e, na corrida, vencer a marcação.

Para isso dar certo, contudo, era preciso que os espaços vagos deixados pelos locais fossem recuperados quando a menor chance surgisse. Assim veio o primeiro gol, aos 23 minutos: após uma jogada que veio sendo tramada desde a defesa, o São Luiz conseguiu fazer a pelota chegar nos pés de Alcione, à frente da área. O contestado jogador, em fase de recuperação da confiança, teve consciência para mandar a bola no canto esquerdo de Michel Alves - herói da equipe caxiense na Copa do Brasil, mas que ontem mal viu a cor da bola. Vinte minutos mais tarde, ainda sem dominar a partida, o time de Ijuí fez outra jogada imparável e foi letal: bola cruzada na área, por Diego Biro, encerrada pela cabeçada certeira de Ronaldo Capixaba, no contrapé do goleiro, ampliando a vantagem.

Dois a zero era o placar ao meio-tempo de jogo. Na geral, encharcados por uma tempestade que aumentou no intervalo, os Fanáticos cantavam. O resultado era gigantesco, representava o fim de cinco rodadas sem vitória e voltava a credenciar à passagem de fase um time que iniciara o campeonato cotado para o rebaixamento. Além disso, era contra o Juventude - ainda o terceiro clube mais representativo do estado, apesar da má fase. Mas a redenção são-luizense apenas estava no seu primeiro capítulo...

"É proibido entregar um jogo desses", afirmava-se, entre os sócios do clube. E o São Luiz não entregou. O Juventude, a exemplo do avassalador início de primeiro tempo, voltou para matar. O São Luiz, a exemplo da chuva, que de garoa se convertia em tempestade, suportava pacientemente os golpes cegos de seus antagonistas para, em um momento simples, ganhar força e arrancar-lhes o coração. Num escanteio, após minutos de equilíbrio, o onze local destroçou os resquícios de esperança caxienses. Uma jogada "perdida" na linha de fundo acabou originando um improvável chute ijuiense; a bola venceu Michel Alves e entraria, não fosse a mão de Márcio Alemão, sobre a linha. Aos 65 minutos, pênalti e expulsão - o fim para uma equipe que almejava remontar. Na cobrança, Ronaldo Capixaba não teve piedade alguma para, mais uma vez, superar Michel Alves. Estava ganho o jogo.

Daquele momento em diante, o Juventude passou a rezar pelo fim do jogo. Não queria dar um vexame maior. Como resposta dos céus, recebeu mais água. Não era a sua noite. Passando, agora sim, a dominar todos os espaços do campo, o rubro ijuiense foi administrando sua vantagem. Já no fim, entrou em campo Adão, o poste. Desajeitado, lento, mas sempre oportunista e com faro artilheiro, ele precisou de apenas dez segundos sobre o gramado para anotar o seu golzinho. Rumando à área logo após sair do banco, ele recebeu um cruzamento, disputou a bola com a zaga - houve suspeitas de gol contra - e, numa jogada daquelas concluídas na marra, fez o 4-0. Em menos de um minuto, com um pique para entrar em campo e outro para comemorar o gol, estava encerrada sua participação.

O São Luiz seguiu toureando os adversários, até que viesse o apito final. Numa noite molhada, uma das maiores vitórias da década dentro do 19 de Outubro, e o retorno definitivo do clube ijuiense à briga pela classificação. No fim, foi a chuva. Chuva de gols.

Um comentário:

Thiago Fagnani disse...

Muito bom seu blog, notícias muito interessantes...essa do Palermo, poucos blogs falaram!!

Vou colocar seu link em nossa página, espero que goste do nosso!

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Abraços

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