terça-feira, 6 de março de 2007

Recopa Européia de 1995

Iniciando outra série "informal" no Futebesteirol, vamos começar a lembrar de algumas grandes decisões que marcaram o futebol, seja pela sua emoção, seja pela rivalidade envolvida, ou até por algum fator externo que tenha destacado estas partidas das demais finais disputadas ao longo dos anos.

Para começar, vamos lembrar a incrível Recopa Européia
de 1995. Para quem não lembra, uma explicação rápida sobre o torneio: a Recopa Européia não tem nada a ver com a competição sul-americana de mesmo nome (que à época só reunia duas equipes, o campeão da Libertadores e o da Supercopa Libertadores). Na Europa, o torneio reunia os clubes campeões das copas nacionais dos países da Europa. Por muito tempo, a Recopa Européia (que também ficou conhecida como Copa das Copas, ou Copa dos Vencedores de Copas) foi o segundo torneio em importância no continente, superando a Copa da UEFA. Entretanto, por falta de datas, a disputa do troféu deixou de ocorrer após a temporada 1998/99 - a partir do ano seguinte, os vencedores de copas nacionais passaram a integrar a Copa da UEFA, fortalecendo este torneio.

Então, voltando à temporada 1994/95. A final daquele ano foi disputada no histórico estádio Parc des Princes, em Paris. Após várias fases classificatórias (sem
pre eliminatórias), os finalistas de 1995 foram apurados: eram o Arsenal, da Inglaterra, campeão em 1994 e favoritíssimo à conquista do título, defendendo o troféu - para chegar à sua segunda decisão consecutiva, os ingleses eliminaram, na ordem: Omonia Nicosia (Chipre), Brøndby (Dinamarca), Auxerre (França) e Sampdoria (Itália). O abusado adversário dos "gunners" era o Real Zaragoza espanhol. Tradicional equipe à nível nacional, o Zaragoza era tratado como uma grande surpresa do torneio e, para chegar a Paris, eliminou: Gloria Bistrita (Romênia), Tatran Presov (Eslováquia), Feyenoord (Holanda) e Chelsea (Inglaterra).

De um lado, a forte equipe do Arsenal, que entre outros, contava com o artilheiro daquela Recopa, Wright, que fizera 9 gols até ali. Tentando se opor ao claro favorito, estava um Zaragoza qualificado, entretanto, sem nenhuma grande individualidade. Foi nesse cenário q
ue Arsenal e Zaragoza entraram no gramado sagrado de Parc des Princes, para decidir o então segundo troféu mais importante do continente.
A partida, como uma boa final, começou tensa. As equipes se estudavam e buscavam os ataques de forma calculada. O primeiro gol tardou, mas premiou a insistência do Zaragoza: eram 68 minutos de tempo corrido quando Juan Esnaider tirou o zero do placar. Delírio total dos torcedores espanhóis, que lotaram seu espaço no estádio, vislumbrando a possibilidade de ver seu clube conquistar o primeiro título internacional da história. Mas a alegria durou pouco, logo na seqüência, aos 76 minutos, Hartson balançaria as redes igualando o placar em um gol e devolvendo as esperanças do Arsenal. O jogo seguiu em 1x1, e acabou indo para a prorrogação.

Lá, as coisas seguiram complicadas. Um Arsenal favorito e qualificado pressionava bastante a equipe espanhola, que defendia-se como podia, tentando arriscar alguns contra-ataques. O empate, que levaria aos pênaltis, já era visto como um bom resultado e o Zaragoza conseguiu conter o ímpeto do Arsenal. Tudo indicava que o jogo iria para os pênaltis quando, faltando 15 segundos para o final dos 30 minutos de prorrogação, uma jogada despretenciosa do Zaragoza originou um dos gols mais inacreditáveis e lembrados até hoje, em decisões européias. Mohamed Ali Amar, o Nayim, tinha uma bola pelo lado direito de campo, pouco à frente do meio do gramado. Pressionado pela marcação, e buscando livrar-se da bola, para matar tempo, Nayim não teve dúvidas ao dar um chutão para a frente, afastando-a. Entretanto, o lance, aparentemente despretencioso, foi em direção ao gol e, o goleiro Seaman (ele mesmo, que levaria um gol de Ronaldinho Gaúcho na Copa do Mundo de 2002, em posição semelhante) adiantado, só percebeu o desastre quando era tarde: Gol do Zaragoza! Um gol aos 120 minutos de jogo, quando ninguém esperava mais absolutamente nada. Não havia tempo para reação inglesa e o Real Zaragoza era campeão da Recopa Européia em 1995!

Você pode conferir este gol "maluco", no vídeo abaixo. A emoção do narrador ao "contá-lo" mostra bem o que significou aquele tento:



O Zaragoza daquela incrível conquista jogou a final com a seguinte formação: Cedrun; Belsué, Cáceres, Aguado, Solana; Poyet, Aragón, Pardeza, Higuera; Nayim e Esnaider. Durante a partida, entrariam ainda Sanjuan e Geli.

Um comentário:

Anônimo disse...

Inacreditável,e o pior foi que esses dias eu ouvi o jornalista Flávio Prado,sempre com seu imenso conhecimento sobre futebol internacional,dizer que o Zaragoza era time pequeno!
Onde já se viu chamar um clube espanhol com o nome de REAL de clube pequeno?
Em jogos mata-mata eu lembro de vários lances que decidiram no último minuto,mas no momento não me lembro de nenhum em decisão.E só prá constar,com esse já é o TERCEIRO erro crucial cometido pelo Seaman que eu fico sabendo,sendo que o último deles foi no jogo contra o Brasil,e tem gente que ainda acha que o gol do Ronaldinho foi sorte.