Minha terra tem potreiros...

Entusiasta da Segundona Gaúcha vestido A CARÁTER nos Eucaliptos de Santa Maria

TEXTOS: Iuri Müller e Maurício Brum
FOTO: Iuri Müller

Acabaram-se os alfajores. A MACIEZ e DOÇURA de uma vida em que, de 23 inscritos, apenas cinco eram eliminados, é desde o último domingo uma memória acalentada pelos torcedores dessa grande GUERRA FRATRICIDA que conhecemos por Segundona Gaúcha. Aquelas catorze jornadas de futebol (doze no caso da chave CASTRADA de um time) foram as suas primeiras batalhas. Esta incrível série de DOIS posts apresentará, hoje dez, amanhã treze, entre as COORTES que ainda empunham suas lanças neste momento em que o MATE fica mais amargo, e os pelotões já derrotados, porém mortos honrosamente, que viverão para sempre em nossos corações:

CHAVE 1
Baguais da fronteira e do sul

1º Bagé – 31 pontos

2º Pelotas – 31 pontos
14 jogos, 9 vitórias, 4 empates, 1 derrota, 27 gols feitos, 11 sofridos
Maiores vitórias: Pelotas 4-0 Flamengo (21/04), Pelotas 4-0 Rio Grande (10/05)
Pior derrota: São Paulo 2-1 Pelotas (15/03)

A enamorada massa ÁUREO-CERÚLEA encontra-se como EMPANTURRADA por um INFINDO e NUTRITIVO rodízio de espetos na CHURRASCARIA LOBÃO, estrategicamente localizada nas dependências do clube pelotense. VOU ALÉM: o adepto do Esporte Clube Pelotas parece ter redescoberto o FEITIÇO de crer no acesso e SUBMERGIDO em uma OUTRA DIMENSÃO, onde os atacantes não cessam de marcar gols e os defensores não se atrevem a falhar. Tudo porque o Pelotas emendou vitórias inacabáveis e, na última semana, com um onze ABARROTADO de SUPLENTES, CARNEOU sem RECATO o Bagé em plena fronteira, ALAVANCANDO-SE ao RECANTO mais alto da MORAL FUTEBOLÍSTICA. Agora vai! (IM)

3º Rio Grande – 21 pontos

4º São Paulo de Rio Grande – 16 pontos
14 jogos, 5 vitórias, 1 empate, 8 derrotas, 20 gols feitos, 27 sofridos
Maiores vitórias: São Paulo 3-2 Flamengo (08/04), Flamengo 2-3 São Paulo (13/05)
Pior derrota: São Paulo 1-4 14 de Julho (26/04)

Situação PERICLITANTE a vivida pelo São Paulo de Rio Grande no passar das rodadas da Segundona. Com uma campanha de baixos, baixos, baixos e alguns altos, como a vitória sobre o Pelotas, o time perdeu oito vezes – MAIS DA METADE das suas partidas. Usou os braços, as pernas, quiçá as ORELHAS na sua interminável saga para não morrer afogado nas águas do Cassino, e chegou à última rodada dependendo de si. Precisava derrotar o classificado Guarany de Bagé. Mas empatava. E a concorrência ia se dando bem: o Flamengo de Alegrete vencia , o 14 de Julho empatava, e esses resultados botavam o São Paulo no sétimo lugar da chave – mesmo que o 14 perdesse, ambos ficariam empatados em pontos, com os de Rio Grande tendo desvantagem no saldo. LEANDRO DUARTE RODRIGUES, popular Magrão, salvou a pátria das Caturritas com um gol aos 78 minutos. Depois o 14 de Julho acabaria perdendo o seu jogo, mas nem precisava mais. (MB)

5º Guarany de Bagé – 16 pontos

6º Flamengo de Alegrete – 16 pontos

7º 14 de Julho – 14 pontos
14 jogos, 4 vitórias, 2 empates, 8 derrotas, 23 gols feitos, 24 sofridos
Maior vitória: 14 de Julho 4-0 Flamengo (17/05)
Pior derrota: Flamengo 4-2 14 de Julho (15/03)

Quando estive em Livramento, na primeira data do returno, pude perceber o quanto os santanenses identificados com o LEÃO DA FRONTEIRA mostravam-se SACIADOS com o progresso do 14 de Julho. O quadro acabara de abater por inapeláveis 3-0 outro fronteiriço, o Guarany, de Bagé, e, ao menos para a sua torcida, credenciava-se com força para atingir uma das vagas de acesso à segunda fase. Triste é que o rubro-negro caiu melancolicamente em Pelotas, atingindo pela HONRA DESPORTIVA do Farroupilha, que nada mais tinha a fazer no campeonato. O revés determinou a precoce eliminação do clube de Livramento da Segundona, em que obteve parcos 14 pontos e não passou da sétima colocação no Grupo 2. Arílson, que pôde ser visto adquirindo MEIÕES nos MASCATES da cidade, deve buscar um novo destino em sua movimentada carreira. (IM)

8º Farroupilha – 11 pontos

CHAVE 2
Metropolitanos, interioranos e ilusões mil no menor dos grupos

1º Porto Alegre – 22 pontos
12 jogos, 6 vitórias, 4 empates, 2 derrotas, 16 gols feitos, 11 gols sofridos
Maior vitória: Porto Alegre 2-0 São Gabriel (06/05)
Piores derrotas: Porto Alegre 1-2 Cerâmica (15/04) e Porto Alegre 1-2 Brasil (26/04)

Quando o Lami F.C. nasceu, em 2003, a Dupla Gre-Nal começou a dormir sobre COLCHÕES DE TIJOLOS. Desconfortáveis com a certeza de que a glória de terem as maiores torcidas do Rio Grande não duraria muito mais. Com seu escudo que mais parecia LOGO DE RESORT, o Lami vinha para subjugá-los sem piedade. Em novembro, conquistava o título da extinta TERCEIRONA Gaúcha, obtendo também seus primeiros contingentes de milhões de seguidores. Mudando de nome conforme cresce, o time administrado por Assis deixou de se chamar Lami (um BAIRRO da capital) para virar Porto Alegre Futebol Clube, a cidade que já domina. Seu estádio invariavelmente lotado por ALGUMAS pessoas e a campanha mais vitoriosa dessa Chave 2 indicam que uma nova alteração é iminente – agora, para SUDAMÉRICA F.C. (MB)

2º Aimoré de São Leopoldo – 21 pontos

3º Rio Pardo – 18 pontos

4º Cerâmica de Gravataí – 17 pontos
12 jogos, 5 vitórias, 2 empates, 5 derrotas, 15 gols feitos, 19 sofridos
Maiores vitórias: São Gabriel 1-2 Cerâmica (08/03), Cerâmica 2-1 Rio Pardo (04/04), Porto Alegre 1-2 Cerâmica (15/04)
Pior derrota: Cerâmica 0-4 Brasil (02/05)

SORTEANDO ALEATORIAMENTE (mentira) os times sobre os quais cada um de nós escreveria, tivemos algum problema para descobrir qual equipe estava faltando naquela lista de clubes. Faço essa introdução para dizer que o ÚLTIMO a nos recordarmos era esse aí, o Cerâmica. Escondido sob camadas de poeira e envolto em teias de aranha nas nossas memórias. Talvez isso sirva para dizer o que representou a campanha do quadro de Gravataí para nós. Talvez seja somente um sinal de que o destino de toda e qualquer peça de CERÂMICA seja acabar jogada num canto para ninguém ver. De qualquer maneira, o olvidado vice-campeão da Copa Lupi Martins 2008 e representante gaúcho na Copa do Brasil 2010 conseguiu superar essa fase da Segundona graças a um bom primeiro turno. O segundo foi HECATÔMBICO, com o time levando doze gols e vencendo só uma vez nas seis rodadas. (MB)

5º Brasil de Farroupilha – 17 pontos

6º Cruzeiro de Porto Alegre – 14 pontos
12 jogos, 4 vitórias, 2 empates, 6 derrotas, 19 gols feitos, 16 sofridos
Maior vitória: Cruzeiro 5-0 Brasil (07/03)
Piores derrotas: Cruzeiro 0-1 Cerâmica (21/03), Cruzeiro 0-1 Rio Pardo (06/05), Cerâmica 1-0 Cruzeiro (09/05), Brasil 1-0 Cruzeiro (24/05)

O patrão do Estrelão penou para se classificar no grupo em que apenas um choraria eliminado. A primeira fase, mais além de concretizar a esperada classificação, consolidou o início de uma rivalidade entre portoalegrenses de prestígio DITO inferior ao da dupla Gre-Nal. Cruzeiro e Porto Alegre já realizaram dois "clássicos" na temporada (uma vitória do Porto Alegre e um empate), e embora a rivalidade esteja sendo levada mais a sério pelos ASSECLAS de Assis, certos cruzeiristas assimilaram de vez o sentimento de vencer o novo-clube-empresa custe o que custar - o que não vem ocorrendo. Para triunfar em uma chave que ainda conta com Riograndense, Bagé e o emergente Rio Pardo, o Cruzeiro busca por reforços no elenco. GILIAN, atacante, foi o primeiro apresentado e já deve atuar na primeira rodada. (IM)

7º São Gabriel – 8 pontos

CHAVE 3
A que mais rendeu coberturas do blog

1º Glória de Vacaria – 33 pontos

2º Riograndense de Santa Maria – 27 pontos

3º Santo Ângelo – 22 pontos

4º Panambi – 19 pontos
14 jogos, 5 vitórias, 4 empates, 5 derrotas, 16 gols feitos, 16 sofridos
Maior vitória: Panambi 3-1 Glória (30/04)
Piores derrotas: Riograndense 2-0 Panambi (21/04), Panambi 0-2 Santo Ângelo (10/05)

Se eu quisesse que esse post tivesse bastantes comentários (e BASTANTES no plural), eu começaria dizendo que o Panambi é um time VARZEANO – o que jamais se escreveu aqui. O passado mostra como a bonita torcida panambiense é também unida o suficiente para aterrorizar BLOGZINHOS que APARENTEMENTE criticam o seu time – ou é o mesmo anônimo comentando várias vezes, mas preferimos acreditar que causamos POLÊMICA, mesmo sem querer. O importante nisso tudo é que o Panambi fez uma campanha sem extravagâncias, mas bem sólida, e em casa só foi derrotado uma vez. É verdade que empatou QUATROCENTAS E VINTE E NOVE partidas dentro do Complexo Piratini, mas em compensação foi lá que ARROLHOU o Glória com uma vitória por 3 a 1, no que foi a única derrota dos de Vacaria em toda a Segundona. Uma glória com todos os trocadilhos e permissões possíveis para se sonhar com outra classificação nesta fase que começará. (MB)

5º Três Passos – 17 pontos
14 jogos, 4 vitórias, 5 empates, 5 derrotas, 16 gols feitos, 15 sofridos
Maior vitória: TAC 3-0 Atlético (22/03)
Piores derrotas: Riograndense 1-0 TAC (08/03), TAC 0-1 Santo Ângelo (15/03), TAC 0-1 Panambi (05/04)

A análise do escrete do TAC será, sem dúvidas, a de mais complexa realização. Esclareço: as equipes do Grupo C são APRECIADAS conforme o nível futebolístico evidenciado quando CONFLITADAS com o Riograndense, no gramado dos Eucaliptos. É a prova única e definitiva de que o quadro ESTRANGEIRO presta ou não presta. Ao caso do TAC, então. Presenciei a EXIBIÇÃO dos de Três Passos em Santa Maria PADECENDO de uma torturante INFECÇÃO INTESTINAL. DOPADO, e por isso sem qualquer noção do FLAGELO que me atingia, vi-me limitado a assistir à correria que onze loucos trajando algo semelhante com o uniforme do PEÑAROL protagonizavam no gramado do estádio que é TÃO MEU. Qualquer avaliação seria, no mínimo, PSICODÉLICA. Na segunda fase, o TAC segue no mesmo grupo do Riograndense, o que leva o blog a prometer: haverá, ainda, uma descrição PLENA da equipe. (IM)

6º Lajeadense – 15 pontos
14 jogos, 5 vitórias, 0 empate, 9 derrotas, 15 gols feitos, 18 sofridos
Maior vitória: Lajeadense 6-1 Atlético (24/05)
Pior derrota: Santo Ângelo 4-0 Lajeadense (09/04)

Até a décima quarta rodada do Grupo 3, o Lajeadense e seu espirituoso uniforme azul quase-celeste somavam modestos 12 pontos. Na última rodada, porém, um confronto teria a possibilidade de TRANSCENDER o enfadonho caminho dos de Lajeado. Na decisão da última vaga da chave, enfrentaria o Atlético Carazinho no estádio FLORESTAL. O vencedor garantiria a classificação para a fase CÁLIDA da Segundona. No decorrer da primeira fase, os dois quadros - pelo que vi em Santa Maria - mostraram-se bastante semelhantes tecnicamente. Eis, então, que ocorre o grande absurdo deste Grupo 3: na peleia que qualquer cidadão deveria considerar equilibrada, o Lajeadense enfileirou SEIS GOLS A UM nos catimbeiros de Carazinho. 40% dos tentos marcados pelo clube na primeira fase foram anotados no derradeiro conflito. Quem esteve em Lajeado e compreendeu o que passou, deve explicações. Na segunda fase, entretanto, a normalidade deve retomar o comando das canchas interioranas e definir a eliminação do Lajeadense. (IM)

7º Atlético Carazinho – 11 pontos

8º Milan de Júlio de Castilhos – 10 pontos
14 jogos, 2 vitórias, 4 empates, 8 derrotas, 15 gols feitos, 28 sofridos
Maior vitória: Atlético 2-4 Milan (17/04)
Piores derrotas: Glória 4-0 Milan (15/03), Riograndense 4-0 Milan (21/03)

O Milan teve NOVE EXPULSOS em catorze rodadas e isso é SIGNIFICATIVO DO QUE SIGNIFICOU para a equipe entrar em campo ao longo da primeira fase da Segundona: QUEBRAR PESSOAS. Tal espírito deveria fazer com que os resultados fossem esquecidos e render uma permanência milanista até o fim da competição, mesmo que por convite, só para termos garantia de que as partidas jamais acabariam sem graça. Um time capaz de ter três expulsos em quatro minutos, num jogo que VENCIA POR DOIS A ZERO, é a loucura do impensável personificada em onze (depois dez, depois nove, depois oito...) atletas. Mas ainda são os pontos que definem campeonatos, e os comandados do mítico treinador VALDUÍNO não tinham como querer muito vencendo só duas vezes – e em ambas o fraco Atlético Carazinho, outro dos eliminados da chave. (MB)

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Amanhã, os treze times que faltam. A ordem de apresentação das equipes segue o perfeito bom-senso do ALEATÓRIO.