A grande precocidade dos talentos do futebol brasileiro não foi capaz de salvar a Copa São Paulo de Juniores quando ela desistiu de justificar o nome. Desde que a idade máxima da Copinha foi baixada de 20 para 18 anos, praticamente reduzindo a categoria da competição a juvenil, a tradicional disputa de abertura da temporada deixou de ser o melhor torneio para indicar quais jogadores as principais equipes poderão aproveitar nos profissionais num futuro imediato. Mesmo em tempos de clubes europeus com voracidade predatória, são raros os casos de fenômenos que despontam muito antes dos vinte anos, e permanecem os juniores como a categoria mais apropriada para se ter uma prévia do que se verá no futebol profissional.
O Campeonato Brasileiro Sub-20, embora não tenha roubado o prestígio da competição paulista, tomou o seu lugar nesse aspecto e, não surpreendentemente, afirmou a qualidade das bases gaúchas. Em três edições, Grêmio ou Internacional jamais se ausentaram das finais, conquistando um título cada – os colorados foram campeões em 2006 e vices em 2007; os tricolores perderam o Gre-Nal decisivo de 2006 e conquistaram a taça no ano passado.
A desculpa dada geralmente é de que o campeonatinho criado em 2006 foi sempre jogado no Rio Grande do Sul, facilitando a vida dos gaúchos. O mínimo de verdade que há nela é derrubado pelos desempenhos da SELEÇÃO BRASILEIRA sub-20, a nata da categoria. Em 2007, na campanha do título sul-americano para menores de 20 anos, o Brasil sustentou-se nos gols dos jogadores da Dupla – dos 20 que marcou, onze foram anotados por atletas revelados nos grandes de Porto Alegre: cinco de Alexandre Pato, dois de Luiz Adriano (ambos do Inter, na época) e quatro de Lucas (então no Grêmio).
Os números, frios, muitas vezes maus e confusos, mas sempre exatos, gostam de derrubar opiniões passionais. Fizeram claramente daquela vez, e neste 2009 resolveram deixar a dependência da selecinha por jogadores saídos dos clubes portoalegrenses mais escancarada que as possibilidades de rebaixamento do Avenida. Durante a trajetória que rendeu o título continental ganho ontem, com uma rodada de antecedência, o Brasil sub-20 marcou 17 gols – CATORZE com atletas da Dupla.
De goleadores, o Inter forneceu Walter (foto de cima), artilheiro da competição com 5 tentos, Giuliano (a bem da verdade revelado pelo Paraná, mas hoje em Porto Alegre - à esquerda na foto ao lado), autor de 2 gols, Sandro e Tales, que fizeram um cada. Do Grêmio saíram Douglas Costa (ao lado, à direita), 3 gols, e Maylson (anunciado estabanadamente como “o novo Kaká” em 2008), que foi às redes duas vezes. Mais badalado que todos eles, o corintiano Dentinho saiu do torneio como decepção, quebrado na penúltima rodada e tendo marcado um solitário gol, contra o fraco Chile.
Disse o Brasileirão Sub-20 e comprovou a Seleção da categoria: Grêmio e Inter têm os melhores juniores do país na atualidade. Comparáveis a eles, só o Cruzeiro, que venceu o Brasileiro subevinte de 2007, e o São Paulo, que se recusa a jogar o campeonato de juniores. Mais do que o orgulho regionalista e a promessa de bons nomes e dinheiro para o futuro, essa situação nos faz pensar no estereótipo de torcedor carioca da Seleção, fã do futebol arteiro e bonito, que passou a vida olhando para os gaúchos como um bando de quebradores de bola (não totalmente errado, felizmente) e por essas horas deve estar atrás do seu vidrinho de arsênico.
Um comentário:
O crescimento da dupla gre-nal também nas categorias de base, também tem a ver com a concorrencia. F.Carvalho, em 1999 era diretor das categorias de base e em um gre-nal, enquanto os jogadores do inter tinham que passsar o uniforme para a proxima categoria jogar, os do gremio tinham uniforme completyo pra cada atleta. Dai que se alavancou o ''celeiro de ases''
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