segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Eles, os amadores

Foi ontem, em Catuípe, uma daquelas batalhas da várzea. Peleavam o Caramuru e o Sete de Setembro na final do campeonato municipal de, creio, 2008, porque Catuípe é pequena mas terminar um campeonato de 2009 na segunda semana do ano já seria sacanagem. Enfim. Jogavam o Caramuru e o Sete de Setembro, com seus nomes desonrosamente imperiais, pela segunda perna (segunda perna é ótimo) da decisão do municipal catuipano. Na ida, oito dias atrás, empate por 1 a 1.

A melhor campanha dava ao Caramuru a vantagem do empate, mas ninguém precisa botar o regulamento embaixo do braço quando, em 40 minutos, abre 2 a 0 e ainda tem um pênalti a favor para iniciar a goleada. O Sete de Setembro, furioso pela sua incapacidade, ou quem sabe realmente prejudicado pela arbitragem, mas mais provavelmente numa soma dos dois, não quis arriscar levar o terceiro e ficar na necessidade de uma remontada homérica. Usou da sabedoria milenar seguida por aqueles que estão perdidos: foi pro pau.

Armou-se uma batalha varzeana. Socos, pontapés, bolas sendo usadas para acertar cabeças alheias. Há relatos de fugas desembestadas pela RS-342 adentro, e infelizes corridos do campo do Caramuru que só vieram parar em Ijuí. Não foram contabilizadas mortes, a princípio, além do finado jogo, então o pega-pra-capar caminhou salutarmente. O domingo terminou com o Caramuru festejando o título, já que vencedor no momento da interrupção, uma conquista ainda a ser homologada.

Essas brigas do futebol amador acabam ou em reconciliação e todos bebendo juntos, ou em rancor com juras de “te pego no próximo jogo”. De qualquer maneira, até com pazes feitas, um novo conflito pode explodir a partir da menor fagulha de polêmica em algum jogo do campeonato deste ano... Ora, a várzea é o futebol multiplicado pela loucura elevada ao cubo. E isso entre eles. Quando jogam contra profissionais, então, os amadores entram em campo para a sua chance de ouro, em nome do amor-próprio e da oportunidade de criar um episódio glorioso – ainda que pessoal.

Por isso que o Estrela de Augusto Pestana, campeão regional de amadores do ano passado, nesta segunda-feira reforçado por alguns atletas do próprio Caramuru, dominava inteiramente os profissionais do São Luiz no começo do amistoso de hoje. Amistoso não: contra amadores é “jogo-treino”. Um motivo a mais para o Estrela, vestido com uma camisa-cor-de-caneta-marca-texto ao estilo do Palmeiras, entrar com vontade. Durante duzentos e sessenta segundos, até os quatro minutos e vinte da partida, momento em que desferiu seu primeiro chute (prensado), com Fabiano Veiga, o São Luiz fez muito pouco. O Estrela, que só fora entrar nos vestiários do 19 de Outubro às sete e dez da noite, sendo que o início do embate estava marcado para as sete em ponto, começou em cima.

Foram legais, os quatro minutos e vinte segundos iniciais. Depois os profissionais resolveram jogar. Novamente apostando nas investidas pelas bandas utilizadas à exaustão no amistoso passado, diante do Inter de Santa Maria, o São Luiz criou chances e chances e chances. Maurício, o centroavante com nome de craque, fez o primeiro aos 7 minutos, cabeceando um desses cruzamentos, e ao Estrela só restou tentar manter a posse de bola para conter a goleada que, acreditavam todos, se consumaria. Não conseguiu manter a posse e foi goleado ainda na metade inicial. Gabriel, com um tiro colocado no ângulo aos 26 minutos, Bruno Lourenço, aos 29, logo depois de uma bola na trave, e Alex Albert, aos 36, num chutaço de longe, fizeram os 4 a 0 anteriores ao intervalo.

A contagem de golos do segundo tempo foi mais modesta, antes pela displicência são-luizense que por um crescimento do Estrela, mas os de Augusto Pestana até levaram algum perigo a mais – nada que superasse Altieri, a lenda. Concretas a ponto de se acumular sobre a grama quando não eram aproveitadas, as chances que o São Luiz perdia precisavam até ser dribladas pelos atletas em alguns momentos. No entanto, não conseguiram evitar que a jogada aos 66 minutos rendesse um passe para Maurício guardar o quinto gol dos 5 a 0 definitivos.

Houve quem reclamasse do placar magro construído por uma equipe de primeira divisão contra uns amadores e é certo que o jogo não serviu de parâmetro para o São Luiz, hoje com uma formação bem mais próxima da totalidade de titulares, medir a sua qualidade antes do estadual que se aprochega. Mas foi o que deu para arranjar como teste depois que o amistoso de sábado, contra o Ypiranga de Erechim, foi cancelado para preservar da chuva o gramado cultivado a ferro e fogo durante o ano. Ao Estrela, sem nem um golzinho de honra para fazer história, apenas mais uma partida antes de começar a sua temporada no municipal. Que com certeza deverá ser interessante, pois se o Gauchão é um campeonato de zagueiros maus e a Segundona é onde as linhas defensivas usam boleadeiras para parar os atacantes, são nos torneios amadores como o de Catuípe e o de Augusto Pestana que se arranca o couro dos adversários para se vencer um jogo.

6 comentários:

Anônimo disse...

Acerca dos acontecimentos "extra-futebol" ocorridos durante a partida decisiva do campeonato municipal de Catuípe, no último dia 11 de janeiro, de se lamentar o comportamento de certos atletas, torcedores e "dirigentes" varzeanos quando o resultado não lhes favorece, ou que vão ao estádio predispostos a criar tumulto se o andamento do jogo lhe fosse desfavorável, como forma de evitar que a partida tivesse o seu desiderato e o adversário comemorasse o título. O Juventude, de Caxias do Sul, mesmo sofrendo uma goleada histórica na decisão do último gauchão, se portou com altivez e respeito ao Internacional. Assisti e gravei em vídeo a partida do último domingo. Nele é possível perceber a quem interessava o tumulto. De se estranhar e lamentar, entre os acontecimentos, o grande interesse na decisão e as atitudes do senhor Cristiano Baggio, dirigente do São Luiz, a ponto de invadir o gramado para pressionar e ofender a arbitragem e agredir os jogadores e dirigentes do Caramuru, enquanto que a mim e a muitos torcedores do São Luiz, preocupa a formação da equipe e preparação para o campeonato gaúcho que se avizinha. A instituição "Esporte Clube São Luiz" não pertence mais somente a Ijuí, mas a todos os torcedores da região, inclusive Catuípe, e não pode compactuar com a conduta negativa de alguém que a representa. Por fim, importante registar que a torcida do Sete de Setembro, aquela que vai a campo para assistir futebol, teve um comportamento exemplar, bem superior a alguns de seus jogadores e "dirigentes".

Anônimo disse...

No dia 11 de janeiro deste ano fui ao estádio do Caramuru, em Catuípe, a fim de assistir a grande final que lá ocorreria, Sete de Setembro X Caramuru. Conquanto, me surpreendi com a tamanha falta de senso esportivo de alguns jogadores que lá se encontravam. No momento em que o time do Sete de Setembro percebeu que estava prestes a derrota, passou a agredir, sem qualquer motivo justificável, o árbitro da partida e os jogadores do time adversário. Pensei, de forma leiga: imagine se é aceitável a agressão física apenas pelo fato de se estar perdendo um jogo. Mas, me tranqüilizei ao perceber que o jogo seria encerrado e que haviam testemunhas do ocorrido e filmagens que comprovavam a tamanha selvageria de alguns jogadores e dirigentes do time do Sete de Setembro e que, assim, seriam, indubitavelmente, punidos à altura do ocorrido. Contudo, pasmei, no momento em que fiquei sabendo que ao julgarem o ocorrido, o CMD catuipano eliminou os dois times do campeonato, deixando o título de 2008 em aberto. (???) São por estes julgamentos desinteressados, ou porque não dizer, interessados, que o esporte amador está cada vez mais violento, precisamos de punições à altura das infrações...fica a lástima quanto ao time caramuru, o qual estava aproveitando aquela tarde de domingo de forma competitiva, mas respeitosa. Mas, algo aprendi com a partida do dia 11, caso não queira perder uma partida de qualquer esporte e esteja na eminência disso, tenho que partir para briga, para ignorância mesmo, agredir adversários e árbitros, pois daí não haverão ganhadores e nem mesmo perdedores, apenas eliminados. Assim, não sentirei o gosto da derrota (nem mesmo da vitória, mas esta, por incompetência minha!).

Anônimo disse...

O Esporte Clube Caramuru, agremiação esportiva, sita av. Theo. Luciano de Souza em Catuípe, vem por meio desta prestar esclarecimentos em relação aos fatos lamentáveis, que ocorreram em sua praça esportiva, no último dia 11/01/09, durante a realização do campeonato Municipal de futebol de campo.
Em reunião entre os finalistas e a Brigada Militar foram tomadas as medidas necessárias para o bom andamento da decisão, principalmente quanto a segurança de todos: não vendemos bebidas em garrafas, houve policiamento da Brigada Militar, não houve trânsito de veículos no interior do estádio, havia seguranças devidamente uniformizados para manter a ordem.
Diante de tal organização, não podemos aceitar calados que o desdobramento dos acontecimentos sejam esses que foram apresentados a todos os desportistas. Jogávamos em casa com vantagem de um empate e vencíamos o jogo por 2x0, além disso havia uma penalidade a nosso favor. Que motivos teríamos nós para começar aquele espetáculo deprimente e vergonhoso? Ficou claro a quem favorecia esse tipo de cena, caros desportistas. Ao longo de muitas competições participamos de várias decisões, ganhamos algumas, perdemos outras; inclusive em nosso estádio.Tivemos fibra nas vitórias e comemoramos com nossos torcedores. Nas derrotas tivemos a ombridade de cumprimentarmos os vencedores.
O que teria acontecido no primeiro jogo da decisão no dia 04/01/09, quando a arbitragem marcou uma penalidade contra a nossa equipe, se nossos jogadores, torcedores e dirigentes invadissem e danificassem o estádio de nosso adversário?
Entendemos a frustração da equipe adversária perder mais uma decisão em um clássico. Talvez esse seja o motivo para o time mencionado , atletas, dirigentes, torcedores e inclusive dirigente de uma equipe profissional da região, partirem para agressões físicas sobre nossa equipe. Fomos chutados, espancados... Será que não temos a chance de nos defender? Tivemos nosso alambrado colocado abaixo e a tela cortada pela segunda vez por torcedores, pessoas estas que foram desabafar problemas mal resolvidos e, o que acontece? Fomos julgados de igual forma.
Torcedores, adeptos e equipe diretiva do caramuru gostaríamos de saber qual posicionamento sobre violência nos estádios de futebol possuem os integrantes da comissão do conselho. Acreditamos, pela forma como avaliaram, no evidente respaldo à violência e não ao esporte como competição saudável. Ficou decretado por essa comissão, que agressão, pancadaria, destruição de patrimônio, falta de respeito são coisas normais, e principalmente que nos próximos campeonatos a equipe que estiver tomando “banho de bola” é só partir para a ignorância e tudo termina ali. Nesse âmbito de atitudes mal pensadas, prevalece aquela velha saída “se eu não posso comemorar, ninguém pode”.
Para finalizar pedimos desculpas aos desportistas que foram ao nosso estádio e assistiram horrorrizados a tudo aquilo e, aos nossos torcedores e jogadores, que tentaremos por todos os meios legais recuperar o título de Campeão Municipal de 2008, que legitimamente foi conquistado dentro de campo.

publicado no Jornal Folha de Catuípe 23-01-08

Anônimo disse...

Olha, fiquei muito surpreso com os comentários postados acima, acho que a decisão do CMD de Catuípe-RS foi muito infeliz, pois eu estava escutando o jogo na rádio e deu para perceber pelos narradores que todo o tumulto foi causado pelos jogadores e dirigentes do Esporte Clube Sete de Setembro, reais interessados em interromper o jogo para tentar alguma coisa extra-campo. Tomara que consigam reverter esta situação e confirmem o título da temporada ao Caramuru, pois não dá para acreditar que o Clube que não causou o tumulto seja punido dessa forma; sem falar dos danos patrimoniais causados ao Clube (alambrado derrubado, etc), ainda lhe tiram o título legítimo, é brincadeira!!!! Olha o CMD tem que ser uma entidade IMPARCIAL, o que, me parece que não ocorreu, segundo todos os relatos.

C.Z disse...

Acho um absurdo certos torcedores da equipe adversaria "caramuru"colocarem certos comentarios a respeito da outra equipe e não conseguirem enxergar um pouco se quer as atitudes tomadas durante a partida da final,onde na maior parte do tempo os jogadores do caramuru passam dando socos,empurroes e falando palavras que ofenderam certos jogadores do sete,e ainda tem a capacidade de falar da gravação que por sua vez a que "incrimina"eles esta com os dirigentes do time e que está por sua vez não foi entregue aos dirigentes do CMD porque a todo momento apareçe eles provocando os jogadores da equipe do sete com palavras de baixo escalão.E também não tem moral nem uma para falarem porque é uma vergonha de dizer que certas torcedoras da equipe do caramuru tiveram a coragem de brigar com torcedoras de uma outra equipe que também fazia parte do campeonato e não somente isso,melheres essas que ocupam cargos publicos na cidade que depois querem ter moral para falar?!?

Anônimo disse...

Olá, sobre os assuntos publicados da final do Campeonato Municipal de futebol de Campo de Catuipe gostaria de fazer uns esclarecimentos sobre os fatos.1ºO C.M.D não apoia qualquer tipo de violência e nunca vai apoiar, 2ºO C.M.D não julga e nem tem comissão e sim apenas é um conselho, pois não tem poder para isso, o que faz é enquadrar os atletas e equipes no regulamento e cbjd, conforme súmula da partida documento oficial do jogo,3ºA decisões do C.M.D sempre foram imparcias e nunca puxando para uma equipe,os arquivos falam por nós,4ºO que é estranho que somente agora o C.M.D foi lembrado(na época)este orgão e seus membros não foram lembrados quando ofensas racistas e brigas aconteceram numa rodada no interior envolvendo uma das equipes da final,onde teve a participação de pessoas publicas,o C.M.D não foi lembrado quando precisou liberar fichas,5ºQuando uma das equipes da final perdeu as fichas o C.M.D amplamente se prontificou a providênciar novas fichas a menos de2 horas da partida,como um orgão pode ser acusado de que não é imparcial?6ºSobre as histórias de que perdemos em casa e aceitamos é não é bem assim,gostaria de saber por que a final de 1990 saiu em campo aberto no (canto do rio) causando apreensão a todos,saiu por que uma equipe que iria emprestar o campo não quis e só emprestaria se dois atletas que estavam punidos fossem liberados, então aceitamos e concordamos com as derrotas,acho que não.7ºSobre os membros do C.M.D todos os dirigentes e equipes sabiam quem eram as pessoas do orgão pois as mesmas foram apresentadas na reunião e nomeadas pelo sr.prefeito,sendo que um dos membros a mais de 10anos faz parte do conselho e nunca havia sido questionado o seu nome inclusive numa outra briga envolvendo uma das equipes da final também não foi lembrado.8ºPara lembrar que o C.M.D eliminou conforme regulamento na competição de bocha uma equipe envolvida na final.9ºPara encerrar quero dizer que no dia 06 de maio a JDD julgou o recurso de uma das equipes e decidiu manter a pena imposta pelo C.M.D.Se houve erros, imparcialidades,por que a JDD não absorveu os atletas e a equipe?Este jugamento mostrou que o trabalho foi bem realizado não deixando duvidas na decisão anterior.10ºDurante meses foi falado bobagens e mais bobagens sobre fatos documentados e filmados que foram a jugamento.Espero que estas pessoas pensem um pouco antes de acusar e se fazer de vitímas pois vitímas existem somente no Iraque.